Segundo representantes da AME, a reforma é inoportuna, por ter sido proposta durante a pandemia de COVID-19, momento em que os médicos estão focados no combate à doença. Além disso, alegam que há outras prioridades a serem atendidas, para melhorar as condições de trabalho dos profissionais no enfrentamento do coronavírus.
Nessa terça-feira, a AME enviou um ofício à ALMG, no qual afirma que “um dos pontos críticos da reforma diz respeito à criação da autarquia ‘Minas Gerais Previdência dos Servidores Públicos Civis do Estado (MGPREV), como resultado da cisão parcial do IPSEMG”.
O documento diz ainda, que o Ipsemg precisa ser aperfeiçoado e que buscar enfraquecer e extinguir o órgão “jamais será uma opção digna ou, sequer, merecedora de análise”.
Em entrevista ao Estado de Minas, o médico Marco Antônio Salum, presidente da AME Ipsemg criticou o momento em que a proposta de reforma foi levada à Assembleia.
“O momento é de nós médicos estarmos somente focados no enfrentamento da pandemia de COVID-19 e o governo deveria ao invés de colocar projeto destruindo uma instituição centenária, deveria apoiar os médicos para que o atendimento ao público fosse cada dia melhor”, declarou.
Em fevereiro, servidores do Ipsemg chegaram a fazer greve (foto: Paulo Filgueiras/ EM/ D.A Press)
Demandas não atendidas
Marco Antônio Salum entende que há outras prioridades a serem tratadas no momento, em detrimento da reforma pretendida pelo governo.
“No momento, o governo deveria atender às nossas solicitações para enfrentamento da pandemia, conforme apresentadas ao presidente do Ipsemg e que ainda não foram atendidas”, disse o médico.
Ele completa, destacando algumas unidades que precisam de melhoria. “O Hospital Governador Israel Pinheiro funciona com sua capacidade operacional atual no máximo. Temos 1/3 dos leitos parados por uma reforma estrutural pendente, logística de atendimento de pacientes com COVID-19 aquém do recomendado, equipe médica sobrecarregada nas enfermarias”.
O representante dos médicos disse que se reuniu com a presidência do Ipsemg nos dias 18 de março e 2 de abril, quando foram apresentadas as reivindicações da categoria, até o momento não atendidas pelo Instituto.
Os pedidos da AME Ipsemg são:
- Contratação de médicos para CTI, clínica médica, anestesista e SMU
- Criação de sub-comissões descentralizadas
- Compra de materiais como vídeolaringoscópios e ultrassom
- Acelerar o processo da compra dos ecocardiógrafos
Posicionamento do Ipsemg
A reportagem do Estado de Minas questionou a assessoria do Ipsemg acerca dos leitos ociosos no Hospital Israel Pinheiro. Segundo o órgão, “as intervenções da Ala B, que não representa 1/3 dos leitos, estão sendo planejadas para melhorias na estrutura do Hospital Governador Israel Pinheiro. A logística de atendimento é discutida pelo Comitê de enfrentamento à COVID-19, que reúne os responsáveis pelo serviço de urgência e de outras coordenadorias”.
Sobre a contratação de funcionários e compra de equipamentos, o Ipsemg respondeu que “a equipe do hospital está sendo reforçada constantemente com abertura de vagas para admissão de médicos e outros profissionais de saúde, de acordo com a demanda. Atualmente, o hospital está com processo de credenciamento aberto para clínico geral, médicos para atendimento no serviço de Urgência, fisioterapeutas respiratórios, enfermagem e médicos para atendimento em CTI. Informamos ainda que recentemente foi adquirido novo Ecocardiógrafo. Outros materiais estão em fase final de compra”.
Com relação à reforma da previdência, a assessoria respondeu que “o governo estadual reconhece a importância do Ipsemg, que continuará responsável pela assistência à saúde dos servidores. Para a gestão previdenciária, é proposta a criação de uma autarquia independente, a MGPrev.
Destacou, ainda, que “as alterações não afetam os benefícios já usufruídos pelos servidores e respeita o direito adquirido, assim como o abono permanência. A reforma é essencial para garantir a sustentabilidade agora e no futuro para as aposentadorias. O Governo de Minas enviou a proposta à Assembleia ciente da importância da análise por parte de parlamentares e de debates envolvendo servidores e população no Legislativo durante a tramitação”.