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Estado de Minas CRISE NO PLANALTO

'Ingratidão' x 'PF impessoal'

Um dia após a conturbada saída de Moro do Ministério da Justiça, Bolsonaro publica foto abraçado com ele e diz que o apoiou. Ex-juiz afirma que também defendeu o presidente


postado em 26/04/2020 04:00 / atualizado em 25/04/2020 22:38

Jair Bolsonaro lembrou que defendeu Sergio Moro dos ataques feitos pela oposição(foto: TWITTER/REPRODUÇÃO)
Jair Bolsonaro lembrou que defendeu Sergio Moro dos ataques feitos pela oposição (foto: TWITTER/REPRODUÇÃO)
 
Brasília – O presidente Jair Bolsonaro e o ex-ministro Sergio Moro voltaram a trocar críticas um dia depois da demissão do ex-juiz. Na manhã de ontem, Bolsonaro postou em seu perfil uma foto em que aparece abraçado a Moro e destacando seu apoio a ele quando foi alvo do site The Intercept Brasil. Chamada de "VazaJato", a reportagem divulgou várias mensagens trocadas entre o então juiz e a equipe do Ministério Público que coordenava a Operação Lava-Jato em Curitiba.

“A VazaJato começou em junho de 2019. Foram vazamentos sistemáticos de conversas de Sergio Moro com membros do MPF (Ministério Público Federal). Buscavam anular processos e acabar com a reputação do ex-juiz. Em julho, PT e PDT pediram prisão dele. Em setembro, cobravam o STF. Bolsonaro, no desfile do dia 7, fez isso", diz o texto, publicado em cima da foto do abraço. Bolsonaro usa a faixa presidencial. A postagem insinua ingratidão de Moro, que pediu demissão na sexta-feira e fez graves acusações a Bolsonaro, como interferência política na Polícia Federal para blindar filhos e aliados.

O ex-ministro respondeu pelo Twitter também. "Sobre reclamação na rede social do sr. presidente quanto à suposta ingratidão: também apoiei o PR (presidente da República) quando ele foi injustamente atacado. Mas preservar a PF de interferência política é uma questão institucional, de Estado de direito, e não de relacionamento pessoal", afirmou Moro. Ainda ontem, Moro compartilhou pelo Twitter também uma campanha do Ministério da Justiça: "‘Faça a coisa certa, pelos motivos certos e do jeito certo’ foi o lema de campanha de integridade que fizemos logo no início no MJSP".

Ao anunciar a saída do cargo na sexa-feira, Moro acusou Bolsonaro de tentar interferir politicamente no comando da Polícia Federal para obter acesso a informações sigilosas e relatórios de inteligência. "O presidente me quer fora do cargo", disse Moro, ao deixar claro que a saída foi motivada por decisão de Bolsonaro. Em pronunciamento de cerca de 40 minutos, no fim da tarde, Jair Bolsonaro rebateu o ex-ministro e o acusou de ter condicionado a mudança no comando da Polícia Federal à sua indicação para o Supremo Tribunal Federal em novembro.
 
Sergio Moro respondeu ao tweet de Bolsonaro dizendo que também o defendeu no governo (foto: TWITTER/REPRODUÇÃO)
Sergio Moro respondeu ao tweet de Bolsonaro dizendo que também o defendeu no governo (foto: TWITTER/REPRODUÇÃO)
 
Bolsonaro reconheceu, entretanto, que quer um contato mais direto com o diretor-geral da instituição e evidenciou ter interesse pessoal em investigações da PF, como o caso da facada que sofreu em Juiz de Fora, durante a campanha presidencial de 2018. Disse ainda que se Moro queria independência para fazer nomeações, deveria ter disputado a eleição à Presidência.

VISITAS

Recolhido no Palácio do Alvorada ontem, Bolsonaro recebeu a visitas de aliados. Um dos primeiros a chegar, sem falar com a imprensa, foi o deputado Otoni de Paula (PSC-RJ), um dos maiores defensores do presidente no plenário da Câmara. Na sequência, esteve o ministro da Secretaria-Geral da Presidência da República, Jorge Antônio de Oliveira Francisco. Ele é um dos cotados para assumir a cadeira deixada por Moro.

O secretário de assuntos fundiários do Ministério da Agricultura, Nabhan Garcia, chegou caminhando ao Alvorada na companhia do titular da Secretaria Especial de Comunicação Social, Fábio Wajngarten, mas ao se aproximar do portão eles pegaram carona em outro carro que entrava na residência do presidente da República. Não foi possível identificar o passageiro desse veículo. O general Augusto Heleno, ministro-chefe do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), também chegou sem falar com a imprensa.



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