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Estado de Minas POLÍTICA

Após divergências, Bolsonaro terá reunião individual com Mandetta nesta quarta-feira

Encontro marcado para as 9h faz parte da agenda do presidente, que entrou em atrito com ministro da saúde nos últimos dias


postado em 08/04/2020 00:03 / atualizado em 08/04/2020 01:57

Em meio a divergências de conduta, Bolsonaro e Mandetta terão reunião particular nesta quarta-feira (8)(foto: Divulgação/Agência Brasil)
Em meio a divergências de conduta, Bolsonaro e Mandetta terão reunião particular nesta quarta-feira (8) (foto: Divulgação/Agência Brasil)
O presidente Jair Bolsonaro terá reunião individual com o ministro da saúde Luiz Henrique Mandetta na manhã desta quarta-feira (8). O encontro marcado para 9h faz parte da agenda do chefe de Estado e tem previsão de terminar às 9h30.

Nos últimos dias, os dois entraram em conflitos em razão da condução da crise do novo coronavírus, causador da doença COVID-19, que contaminou 13.717 pessoas no Brasil e provocou 667 mortes, segundo dados divulgados nessa terça (7) pelo Ministério da Saúde.

Temeroso com o rombo nas finanças e pressionado por empresários e apoiadores incondicionais, Bolsonaro se mostra favorável ao isolamento vertical, de modo que apenas pessoas em grupos de risco - idosos, diabéticos e cardiopatas - permaneçam em casa. Para o presidente, quem é saudável tem condições de retomar à rotina de trabalho e, consequentemente, fazer a economia girar.

Já Mandetta defende a continuidade da quarentena para evitar o aumento exponencial no número de óbitos e uma possível sobrecarga no sistema de saúde. O ministro, que é médico ortopedista, toma as decisões baseado em orientações técnicas e recomendações da Organização Mundial da Saúde (OMS).

Outra divergência é em relação à hidroxicloroquina, várias vezes citada por Bolsonaro como potencial medicamento de sucesso no tratamento da COVID-19. Frequentemente, o presidente compartilha em suas redes sociais opiniões de especialistas que apoiam o uso da substância por indivíduos infectados.

Por sua vez, Mandetta argumenta que não há embasamento científico para liberar a administração do fármaco no combate ao coronavírus. Segundo o ministro, os médicos brasileiros podem até prescrever a cloroquina ao paciente, desde que “se responsabilizem individualmente”.

Ameaça de demissão


O maior volume de críticas de Jair Bolsonaro contra Mandetta veio em entrevista à rádio Jovem Pan, no dia 2 de abril. O presidente declarou que faltava humildade ao ministro, e que ele precisava ouvi-lo mais no enfrentamento à pandemia.

Apesar de dizer que não pensava em demitir o ministro “no meio da guerra”, Bolsonaro deixou claro que ninguém no governo é “indemissível”. “O Mandetta já sabe que a gente está se bicando há algum tempo. Agora, em algum momento ele extrapolou”.

Já no dia 5, em conversa com apoiadores no Palácio da Alvorada, o presidente afirmou que “algo subiu na cabeça” de integrantes do governo, que estariam “se achando”. Sem citar Mandetta, ele ressaltou que a “hora” dessas pessoas iria chegar, e que sua "caneta funciona”.

De acordo com o jornal O Globo, Bolsonaro estava decidido a dispensar Luiz Henrique Mandetta, porém mudou de ideia após ser orientado pela ala militar do Governo e por outros políticos. O ministro da saúde confirmou a permanência no cargo em coletiva de imprensa depois de reunião acalorada na segunda-feira.

Popularidade de Mandetta


Integrantes do Governo aconselharam Bolsonaro a manter Mandetta na função sobretudo pelo apoio popular. Pesquisa do Datafolha indicou que 76% dos brasileiros consideram ótimo ou bom o trabalho do Ministério da Saúde para minimizar a crise do coronavírus no país.

Assim, se tomasse a decisão de exonerar o ministro, o presidente corria o risco de ver sua reputação desabar. Ainda conforme o Datafolha, 51% dos 1.511 entrevistados entre os dias 1º e 3 de abril consideram que Bolsonaro mais atrapalha que ajuda no combate à pandemia.

Economia


Em meio ao regime de isolamento social e à queda de braço entre Bolsonaro e Mandetta, o Governo anunciou medidas que visam movimentar a economia e fornecer renda a quem, no momento, não pode trabalhar. A principal é o auxílio emergencial de R$ 600, que, segundo a Caixa Econômica Federal, já foi requisitado por 18,3 milhões de pessoas.

Podem requisitar o benefício trabalhadores informais, microempreendedores individuais, autônomos, pessoas sem emprego fixo (que não estejam recebendo seguro desemprego ou pensões previdenciárias) e beneficiários do Bolsa Família, que terão de abrir mão do programa assistencial durante dois meses.

O Governo pretende fazer o depósito para esses trabalhadores antes da Páscoa, que será no próximo domingo (12). O indivíduo não precisa sair de casa para efetuar a inscrição, podendo fazê-la via aplicativo de celular (IOS e Android), site oficial (auxilio.caixa.gov.br) e telefone, no número 111.

Outras ações formalizadas pelo Governo para minimizar os efeitos econômicos do coronavírus são o pagamento de seguro-desemprego ao trabalhador que tiver o contrato suspenso ou a remuneração reduzida pelo empregador, e o programa de financiamento de dois meses de folha salarial de empresas com faturamento bruto anual entre R$ 360 mil e R$ 4,8 milhões, com juros anuais de 3,75%, parcelamento em até 36 vezes e seis meses de carência para começar a quitar a dívida.

O que é o coronavírus?

Coronavírus são uma grande família de vírus que causam infecções respiratórias. O novo agente do coronavírus (COVID-19) foi descoberto em dezembro de 2019, na China. A doença pode causar infecções com sintomas inicialmente semelhantes aos resfriados ou gripes leves, mas com risco de se agravarem, podendo resultar em morte.

Como a COVID-19 é transmitida?

A transmissão dos coronavírus costuma ocorrer pelo ar ou por contato pessoal com secreções contaminadas, como gotículas de saliva, espirro, tosse, catarro, contato pessoal próximo, como toque ou aperto de mão, contato com objetos ou superfícies contaminadas, seguido de contato com a boca, nariz ou olhos.

Como se prevenir?

A recomendação é evitar aglomerações, ficar longe de quem apresenta sintomas de infecção respiratória, lavar as mãos com frequência, tossir com o antebraço em frente à boca e frequentemente fazer o uso de água e sabão para lavar as mãos ou álcool em gel após ter contato com superfícies e pessoas. Em casa, tome cuidados extras contra a COVID-19.

Quais os sintomas do coronavírus?

Confira os principais sintomas das pessoas infectadas pela COVID-19:

  • Febre
  • Tosse
  • Falta de ar e dificuldade para respirar
  • Problemas gástricos
  • Diarreia

Em casos graves, as vítimas apresentam:

  • Pneumonia
  • Síndrome respiratória aguda severa
  • Insuficiência renal

Mitos e verdades sobre o vírus

Nas redes sociais, a propagação da COVID-19 espalhou também boatos sobre como o coronavírus é transmitido. E outras dúvidas foram surgindo: O álcool em gel é capaz de matar o vírus? O coronavírus é letal em um nível preocupante? Uma pessoa infectada pode contaminar várias outras? A epidemia vai matar milhares de brasileiros, pois o SUS não teria condições de atender a todos? Fizemos uma reportagem com um médico especialista em infectologia e ele explica todos os mitos e verdades sobre o coronavírus.


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