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Estado de Minas

Bolsonaro, Kalil e Zema: o #10yearschallenge dos políticos

Como os chefes dos governos federal, estadual e municipal eram há 10 anos


postado em 19/01/2019 06:00 / atualizado em 19/01/2019 09:08


A brincadeira de comparar uma foto de 2009 com outra de 2019, mais conhecida como #10yearchallenge (#desafiodos10 anos, em livre tradução), se espalhou nesta semana pelas redes sociais e pegou personalidades de quase todos os setores. Atores, atrizes, cantoras, cantores, esportistas e humoristas de vários países entraram no jogo com milhares de pessoas que compartilharam suas fotos recentes e antigas nas redes. A ideia pretende mostrar o quanto as pessoas mudaram (ou não) ao longo de uma década e tentar lembrar onde elas estavam e até aonde chegaram. O Estado de Minas resolveu incluir os chefes do Executivo das três esferas do poder – federal, estadual e municipal– no desafio para relembrar como estavam Jair Bolsonaro (PSL), Romeu Zema (Novo) e Alexandre Kalil (PHS) há 10 anos e mostrar de onde vieram, cada qual em uma área diferente de atuação, e suas trajetórias ao longo desse período.

Jair Bolsonaro


(foto: Gilberto Nascimento/Câmara dos Deputados - 2009 / Evaristo Sá/AFP)
(foto: Gilberto Nascimento/Câmara dos Deputados - 2009 / Evaristo Sá/AFP)


O sorriso farto adotado pelo presidente Jair Bolsonaro (PSL) desde a campanha não é o mesmo que ele sustentava em 2009. Naquele ano, os mesmos discursos incisivos sobre temas polêmicos já davam o tom das falas do então deputado federal, mas, pelo menos em suas aparições públicas, a cara era de poucos amigos. Há 10 anos, Bolsonaro estava na metade do quinto mandato na Câmara dos Deputados e atuava pelo PP, partido que deixou em 2016, e sustentava corte de cabelo bem diferente do atual, mais de acordo com a moda da época, em que a franja fazia sucesso.

Em discurso no plenário da Casa em 2 de abril de 2009, Bolsonaro ressaltava a participação dos militares no Brasil e negava a existência da ditadura militar e do golpe de 1964. “Sem as obras dos militares o Brasil não existiria. E obras sem roubalheira, porque você não encontra nenhum coronel rico, sargento, capitão da PM. Hoje em dia, qualquer ‘zé mané’ do terceiro escalão está com os bolsos cheios de grana. E obras superfraturadas (sic), quer dizer, quebradas”, afirmou.

Em outro momento do mesmo discurso ele rivaliza com a ex-presidente Dilma Rousseff. então ministra da Casa Civil do governo Lula, e cita uma série de crimes ocorridos durante o período militar que teriam sido cometidos por ela. Como argumento, Bolsonaro usa manchetes de jornais publicadas nos primeiros dias de abril de 1964. Entre elas, a do Estado de Minas, que cita o movimento na Praça da Liberdade. Tudo para afastar a tese do golpe.

Em 2010, o então deputado já voltava sua atenção para Israel. Em 8 de dezembro daquele ano, Bolsonaro participou do grupo que recepcionou o embaixador de Israel, Giora Becher, em visita à Câmara dos Deputados. O agora presidente, que quer transferir a embaixada brasileira para Jerusalém, integrava a Frente Parlamentar Brasil-Israel pela Paz. Na época, já se discutia um acordo de livre comércio entre o Mercosul e Israel. O acordo, na avaliação dos deputados, evitaria que o Brasil e os países do Mercosul fossem afetados pelo conflito entre israelenses e palestinos.

Geralmente atuando no combate às causas defendidas pelo movimento LGBTI+, em 2015, Bolsonaro apresentou projeto de lei que pretendia sustar medidas da Secretaria de Direitos Humanos, entre elas a possibilidade de uso do nome social em escolas e instituições. De lá para cá, entrou em confronto direto com colegas de esquerda, principalmente mulheres, como a petista Maria do Rosário, que acabou levando o parlamentar à Justiça.

Daí até a Presidência da República, o caminho foi pavimentado por opiniões controversas, com declarações consideradas racistas e homofóbicas, e muita exposição na mídia, sempre atraída pela audiência provocada por ele.

Romeu Zema

(foto: Youtube/Reprodução / Edésio Ferreira/EM/D.A Press 1/11/18)
(foto: Youtube/Reprodução / Edésio Ferreira/EM/D.A Press 1/11/18)


Em 2009, o governador Romeu Zema (Novo) levava uma vida tranquila em Araxá, sua cidade natal, no Alto Paranaíba. O empresário completava 18 anos no comando das Lojas Zema, comemorando um crescimento estrondoso. Ele sempre trabalhou no grupo varejista fundado pelo seu bisavô Domingos Zema, onde começou como cobrador. Foi frentista, balconista, estoquista, caixa, comprador antes de chegar a gerente. Aos 44 anos, Zema, que dispensava óculos de grau, administrava 213 lojas, quase quatro vezes mais do que quando passou a presidente da empresa.

Em 2016, se afastou do comando do grupo, hoje com 430 lojas, para iniciar pré-campanha para o governo de Minas pelo recém-criado Partido Novo. Agora, aos 54 anos, completados no dia em que foi eleito em segundo turno, Zema assume o governo do estado, eleito na sua primeira disputa a um cargo público com 6,9 milhões de votos, o equivalente a 72% das urnas.

Para os próximos quatro, e não 10 anos, Zema tem o desafio de tirar o estado da crise que levou ao atraso de repasses a municípios e no pagamento de salários do funcionalismo público. Também resta saber se o governador conseguirá manter a forma física, como conseguiu na última década. Um desafio um tanto complicado a políticos, que costumam engordar ao longo dos mandatos.

Alexandre Kalil

(foto: Paulo Filgueiras/EM/D.A Press - 28/12/09 / Paulo Filgueiras/EM/D.A Press)
(foto: Paulo Filgueiras/EM/D.A Press - 28/12/09 / Paulo Filgueiras/EM/D.A Press)


Há 10 anos, Alexandre Kalil assumia o cargo que chegou a considerar “o segundo mais importante de Minas Gerais”, o de presidente do Atlético. Na época, afirmou que apenas a responsabilidade do governador do estado estaria acima, em questão de importância, da principal cadeira no seu clube do coração. Em 2009, Kalil nem sonhava em tratar de temas como o aumento da passagem do ônibus, revitalização dos centros de saúde ou das escolas da capital mineira. Sua maior dor de cabeça no início daquele ano era acertar os detalhes da contratação do atacante Diego Tardelli.

Uma década depois e com dois anos à frente da Prefeitura de BH, Kalil mantém o estilo que marcou sua gestão à frente do Galo, sem muita sutileza para abordar temas polêmicos e com sinceridade para falar dos problemas da cidade. Seis meses após assumir o cargo, desabafou nas redes sociais: “Tá difícil. Não é mole isso aqui. Isso aqui não é brincadeira”.

Eleito para presidir o Atlético pela primeira vez entre 2009 e 2011, após uma década turbulenta à frente do time, Kalil adotou um modelo diferente de gestão. Priorizou investimentos na área de futebol e deixou de lado outros esportes. O primeiro ano foi sofrido em termos de resultado, com o vice-campeonato no Mineiro e um frustrante 7º  lugar no Brasileiro, após o time ficar parte do campeonato na liderança.

Os resultados que tornaram Kalil candidato viriam somente em seu segundo mandato à frente do Atlético, no triênio 2011 a 2014, quando ele montou o time campeão da Libertadores, Recopa Sul-americada e Copa do Brasil. Mesmo sem grandes resultados dentro do campo, logo em sua estreia como cartola, Kalil se tornaria conhecido em todo o país, com declarações duras e brigas com outros dirigentes e entidades do futebol.

“Essa quadrilha montada na Federação Mineira não deixa nenhum time jogar com 11 contra o Cruzeiro. É uma vergonha. Se estão achando que aqui tem um ‘Kalilzinhol light’ é o diabo que carregue essa camarilha. Agora o Atlético tem presidente”, disparou Kalil após perder um clássico em 2009. No final de 2018, adotou o mesmo tom para tratar do aumento do ônibus em BH, dessa vez nas redes sociais: “Se as empresas de ônibus fazem o que querem, vão receber o troco. Belo Horizonte tem governo”.

Cidade Administrativa

(foto: Marcos Michelin/EM/D.A.Press - 8/7/09 / Túlio Santos/EM.DA Press)
(foto: Marcos Michelin/EM/D.A.Press - 8/7/09 / Túlio Santos/EM.DA Press)


Em 2009, o cenário era de obras no terreno às margens da MG-010, no Bairro Serra Verde, Região Norte da capital mineira. O governo de Minas, comandado por Aécio Neves (PSDB), corria contra o tempo para manter o cronograma da construção e entregar a nova sede do Poder Executivo mineiro ainda no mandato do tucano. Operários chegaram a trabalhar em três turnos. A inauguração ocorreu no ano seguinte, em 4 de março, data de aniversário do avô de Aécio, Tancredo Neves. De lá para cá, a Cidade Administrativa se tornou centro de investigações de desvio de verbas pela Operação Lava-Jato, envolvendo empreiteiras e o ex-governador, e disputas entre petistas e tucanos. Em 2017, o governo Fernando Pimentel (PT) decidiu colocar o local à venda, com expectativa de arrecadar cerca de R$ 4 bilhões. A ideia não foi para frente, mas o petista manteve as críticas à construção e decidiu interditar o Palácio Tiradentes. Pimentel preferiu usar o Palácio da Liberdade, no Centro da capital, como local para despachos e eventos do governo. O Palácio Tiradentes foi reaberto pelo atual governador, Romeu Zema (Novo), e, quase 10 anos após a inauguração, a Cidade Administrativa voltou a ser sede do governo de Minas.  


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