
Ali, o casal teve privacidade para conversar a sós. Parte do diálogo não foi acompanhada nem pelo advogado nem por agentes federais. O encontro novamente deixou ambos emocionados, segundo funcionários da Polícia Federal. Até então, a postura de Cunha na carceragem era descrita como fria e serena por agentes federais. O peemedebista foi preso por ordem do juiz federal Sérgio Moro em ação penal por corrupção passiva e lavagem de dinheiro no esquema de propinas instalado na Petrobras.
Ela deixou o prédio, onde ficou por cerca de duas horas, sem falar com ninguém, acompanhada do advogado Marlus Arns de Oliveira, que, no dia anterior, havia dito que nenhum familiar de Cunha iria visitá-lo. Cláudia passou quase despercebida pela portaria da PF. Ela usava um blazer preto, tinha os cabelos presos em um coque, carregava uma bolsa também preta e estava de óculos escuros. Andando rápido, ao lado do seu defensor, a jornalista entrou em um carro branco importado.
Concessão
Ela não deve voltar ao local onde o marido está preso nos próximos dias. As visitas são proibidas no fim de semana. As visitas aos presos na carceragem da PF ocorrem apenas às quartas-feiras. A ida de Cláudia à PF ontem foi uma “concessão” que já foi dada a outros presos da Lava-Jato, segundo a PF. Cunha está sozinho em uma cela da carceragem da PF na mesma ala que traficantes de drogas e o ex-ministro Antônio Palocci. Ele tem direito a duas horas de banho de sol em um horário em que não encontre outros investigados que possam ter relação com o seu processo.
A mulher de Eduardo Cunha também é ré em ação da Lava-Jato. A investigação mostra que ela gastou mais de US$ 1 milhão em compras de roupas, sapatos e bolsas de grife, além de frequentar restaurantes caros e se hospedar em hotéis de alto padrão na Europa nos tempos em que o marido desfrutava de poder e influência em Brasília. O dinheiro que Cláudia gastou teria tido origem na propina de US$ 1,5 milhão que o marido recebeu no contrato da Petrobras para exploração do campo de Benin, na África.
