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Estado de Minas

Lula admite que o PT errou

Lula admitiu que a versão do PT para a Carta Magna não era a melhor e que ele teria dificuldades para governar o país, caso tivesse sido aprovada


postado em 30/10/2013 06:00 / atualizado em 30/10/2013 07:35

Luiz Inácio Lula da Silva (PT), ex-presidente, ao lado do senador e ex-presidente José Sarney (PMDB-AP):
Luiz Inácio Lula da Silva (PT), ex-presidente, ao lado do senador e ex-presidente José Sarney (PMDB-AP): "Chegamos aqui com um projeto de Constituição e de regimento interno. (...) Não votamos favoravelmente, porque tínhamos o nosso projeto" (foto: Antonio Cruz/ABR)

O Congresso homenageou nessa terça-feira o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva por ter participado da elaboração da Constituição de 1988, embora ele tenha feito parte do grupo de petistas que, na época, votou contra o texto aprovado. Em discurso durante o evento em que recebeu a Medalha Ulysses Guimarães, Lula admitiu que a versão do PT para a Carta Magna não era a melhor e que ele teria dificuldades para governar o país, caso tivesse sido aprovada. O ex-presidente aproveitou ainda para defender a política organizada em uma tentativa de atrair a simpatia dos manifestantes de junho para o PT.


“Muitas vezes dizem que o PT não assinou a Constituição — e uma mentira contada muitas vezes ganha fundo de verdade. (...) Nós só tínhamos 16 deputados, mas agíamos como se tivéssemos 470. Chegamos aqui com um projeto de Constituição e de regimento interno. (...) Não votamos favoravelmente, porque tínhamos o nosso projeto e assinamos a Constituição porque participamos da construção”, justificou-se.


De acordo com Lula, para governar bem o país é necessário apenas fazer o “óbvio”, que, para ele, é “seguir o que está escrito” na Constituição e “nós fingimos não enxergar”. E fez o mea-culpa: “Se a nossa Constituição tivesse sido aprovada, certamente teria tido dificuldade para governar o país”. O petista fez muitas citações ao presidente da Assembleia Constituinte, Ulysses Guimarães. “Certamente, foi o símbolo desta Constituinte, coordenou com maestria, numa situação muito difícil”, disse.


O ex-presidente também elogiou Sarney, então presidente da República, com quem teve embates. “Mesmo quando o senhor era afrontado dentro do Congresso Nacional, o senhor não levantou um único dedo ou disse uma única palavra para criar qualquer dificuldade para os trabalhos da Constituinte, que, certamente, foi o trabalho mais extraordinário que o Congresso Nacional já viveu.”

Nova política

No discurso, Lula reforçou várias vezes a importância da política. “Na hora em que as pessoas tentam diminuir a imagem da política e dos políticos, não há nenhum momento na história, em lugar nenhum do mundo, que a negação da política trouxe algo melhor do que a política”, disse, acrescentando que a imprensa a “avacalha” com manchetes de denúncias. Na avaliação de correligionários, o recado teve dois alvos: a ex-senadora Marina Silva (PSB) e, consequentemente, o governador de Pernambuco, Eduardo Campos (PSB), e os chamados black blocs (que se posicionam contrariamente a partidos políticos). Os manifestantes de junho também são alvo de Marina e Campos, que pretendem atraí-los com o discurso em prol da “nova política”.

Mais tarde, Lula foi também homenageado pela Câmara dos Deputados, com a medalha de “suprema distinção” pela atuação política. No discurso, ele fez afagos aos parlamentares, dizendo que, mesmo quando votam contrariamente ao que o Palácio do Planalto deseja, podem estar, na verdade, melhorando o texto. (Colaborou Daniela Garcia)

Memória

Os 300 picaretas

A homenagem que Lula recebeu nessa terça-feira contrasta com um episódio ocorrido há exatamente 20 anos, durante o governo Itamar Franco. Em 1993, quando o país foi sacudido pelo escândalo dos Anões do Orçamento, em que parlamentares promoveram negociatas com recursos federais, Luiz Inácio Lula da Silva declarou que havia no Congresso uma minoria que se preocupava e trabalhava pelo país, mas havia uma maioria de uns 300 picaretas que defendiam apenas seus próprios interesses. Algum tempo depois, Herbert Vianna compôs uma música que fez sucesso em todo o país intitulada Luís Inácio (300 picaretas).  


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