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Estado de Minas

Protestos chegam à festa literária, em Paraty


postado em 07/07/2013 00:12 / atualizado em 07/07/2013 09:03

Ana Clara Brant

Paraty – No penúltimo dia da Festa Literária Internacional de Paraty (Flip), não foi a literatura a principal atração, mas sim os protestos que foram assunto de algumas mesas. Já pela manhã, um grupo de 100 pessoas bloqueou o cais de Paraty para protestar contra as más condições do local e a concorrência das escunas, que não deixam espaço para os barqueiros. Alguns turistas foram até impedidos de passear de barco por conta do bloqueio.

Durante à tarde, aos barqueiros se juntaram os representantes do Fórum das Comunidades Tradicionais, estudantes, moradores da região, e até frequentadores da festa, aproveitando a visibilidade do evento – o mais importante do gênero no país –, para reivindicar questões como melhoria da saúde, segurança pública, saneamento básico, educação e transporte.

De uma maneira pacífica e bem-humorada, os manifestantes percorreram as principais ruas do centro histórico, e foram aplaudidos pelos turistas. Com narizes de palhaço e segurando cartazes que pediam redução na tarifa de transporte, criticavam o aumento da verba indenizatória dos vereadores e a condição dos barqueiros. “Barqueiro é meu amigo; mexeu com ele, mexeu comigo”, cantavam em coro. O protesto movimentou o sábado na cidade. Mas alguns manifestantes não deixaram de alfinetar também a Flip: “Flip pra quem?” , questionava o cartaz segurado pelo barqueiro Antônio Simões. “Gastam um dinheiro danado com essa feira, e a gente que é da cidade não vê nada disso. O ônibus é um absurdo, os professores ganham pouco. De que adianta todo esse circo aqui?”, reclamou.

Cartazes Além de mesas que debateram as manifestações que varreram o Brasil nas últimas semanas, alguns dos participantes, como o poeta de Brasília Nicolas Behr, não deixaram de se pronunciar e ele aproveitou para mostrar cartazes feitos por ele. Alguns deles diziam: "Tarifa zero para a poesia"; "Para o poema o vinagre é um milagre"; "A poesia pede passagem grátis"; "Todos por um poema melhor do que este"; "Atenção quebra-quebra não, poema em construção"; "A revolta do poema não cabe no cartaz"; "Poesia muda e poesia fala"; "O Brasil acordou e o poema concordou"; "O poema lido jamais será vencido"; "Poesia rebeldia todo dia"; "Juventude poema atitude".

Nesse clima, o ensaísta inglês Geoff Dyer, outro convidado da Flip, afirmou: "Vocês viveram sem democracia por um período muito longo, e isso é uma expressão autêntica de um sentimento democrático", disse. Quanto aos protestos contra a Flip, Dyer se esquivou. "Quanto aos protestos contra a Flip, não me sinto qualificado para falar. Pelo que entendi, as reclamações são contra o dinheiro gasto para trazer pessoas como eu e os preços dos ingressos, é isso?” Informado de que os protestos incluem outras demandas, disse que é "fã de protestos". "Já participei de muitos e não acho que o direito de manifestação deva ser restringido", opinou. A Flip sofreu mais uma baixa. Um dos convidados mais aguardados, o poeta egípcio-palestino Tamim Al-Barghouti, não virá para a festa. Ele participaria de mesa hoje, às 15h. Antes dele, o norueguês Karl Ove Knausgård e o francês Michel Houellebecq, considerados grandes atrações da programação desta edição, também desistiram.

* A repórter viajou a convite do Itaú Cultural


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