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Estado de Minas

Advogados tentam nova cartada no julgamento do mensalão

Defesa dos réus acusados de gestão fraudulenta entregam aos ministros do STF memorial repleto de detalhes técnicos


postado em 05/09/2012 06:00 / atualizado em 05/09/2012 08:47

O revisor Ricardo Lewandowski finaliza hoje seu voto da segunda fatia(foto: Monique Renne/CB/D.A Press )
O revisor Ricardo Lewandowski finaliza hoje seu voto da segunda fatia (foto: Monique Renne/CB/D.A Press )
 Para tentar influenciar a decisão dos nove ministros que ainda não votaram no capítulo sobre gestão fraudulenta, os advogados de três ex-executivos do Banco Rural apresentaram nessa terça-feira memoriais de defesa ao Supremo Tribunal Federal. Nos documentos, curtos, mas repletos de detalhes técnicos, os representantes dos réus negaram mais uma vez que os empréstimos concedidos pela instituição ao Partido dos Trabalhadores e às agências de publicidade de Marcos Valério foram fictícios.

Nesta quarta-feira à tarde, os ministros vão voltar a analisar a denúncia de gestão fraudulenta. O relator da Ação Penal 470, ministro Joaquim Barbosa, já condenou a ex-presidente do Rural Kátia Rabello; o ex-vice-presidente José Roberto Salgado; e os ex-diretores Ayanna Tenório e Vinícius Samarane. O revisor, ministro Ricardo Lewandowski, condenou Kátia e Salgado. Hoje, ele vai analisar a situação de Samarane e Ayanna. Depois dele, votarão os outros ministros em ordem inversa de antiguidade.

Segundo a denúncia da Procuradoria Geral da República, os ex-executivos teriam agido de forma fraudulenta ao conceder e renovar empréstimos ao PT e às empresas de Valério sem cobrar garantias mínimas e sem verificar a capacidade de pagamento dos devedores. O advogado Márcio Thomaz Bastos, que assina o memorial em defesa de José Roberto Salgado, afirma no texto que o réu não trabalhava com a concessão de empréstimos na época dos fatos relatados na acusação. “José Roberto Salgado atuava apenas nas áreas internacional e de câmbio e só passou a compor o comitê de crédito quando foi promovido a vice-presidente, em abril de 2004”, depois dos fatos denunciados.

O advogado do ex-executivo do Banco Rural afirma que os empréstimos, considerados fictícios pela Procuradoria Geral da República e também pelo relator e pelo revisor, “foram, sim, formal e materialmente em concreto realizados.” O memorial entregue ontem diz que o Ministério Público se contradisse na acusação. Cita um trecho das alegações finais do PGR em que o procurador afirma ter havido uma “falta de cuidado dos acusados na concessão e renovação dos empréstimos.” Para Thomaz Bastos, essa frase só poderia ser usada caso o procurador reconhecesse a existência real do empréstimo.

Além de Salgado, as defesas de Kátia Rabello e Vinícius Samarane também entregaram memoriais aos ministros que ainda não votaram no caso. O advogado José Carlos Dias, ex-ministro da Justiça, afirmou que Kátia não concedeu empréstimos, apenas deu aval à renovação do crédito concedido ao PT. “As renovações não resultaram em dinheiro novo. Tratava-se de esforço de gestão de dívida de um cliente antigo que alegava dificuldade financeira”, diz um trecho do memorial. Os advogados Maurício de Oliveira Campos Júnior e Rodrigo Otávio Pacheco assinam o memorial de defesa de Vinícius Samarane. Eles também afirmam que o réu não aprovou a concessão ou a renovação dos empréstimos.

Principais pontos

Confira o que diz o memorial entregue ontem pela defesa aos ministros


Vinícius Samarane se tornou diretor estatutário somente em abril de 2004, portanto, depois da concessão dos empréstimos questionados.

Samarane não conhece e não é conhecido de qualquer outro réu desse processo.

Na época da concessão dos três empréstimos citados na denúncia, José Roberto Salgado atuava apenas nas áreas internacional e de câmbio.

Salgado só passou a compor o comitê de crédito quando foi promovido a vice-presidente, em abril de 2004.

O memorial de Salgado afirma que o réu não participou da concessão de nenhum dos empréstimos e que José Augusto Dumont seria o responsável pela concessão.

Os advogados de Kátia Rabello explicam no memorial que a ré não concedeu empréstimos, apenas deu a anuência a duas renovações do crédito concedido ao PT.

A defesa de Kátia afirma que os empréstimos são atos jurídicos perfeitos. “Afirmações contrárias estão no campo da presunção”, diz o memorial.

Kátia afirma que, em 2004, o Rural foi auditado pelo Banco Central, que não questionou a classificação de créditos.


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