
O promotor responsável pelo caso, Eduardo Nepomuceno, explicou que a legislação, “infelizmente, permite esse benefício para aquele que detém cargo eletivo”. A lei em que os políticos estão amparados é a 8.429/92, citada por Ramos ao determinar o afastamento dos vereadores sem o prejuízo de remuneração. A Câmara vai adiar a despesa extra por 60 dias. A saída dos dois vereadores acontecerá quando a Casa receber o comunicado oficial, mas os suplentes só serão convocados dois meses depois, conforme o procurador-geral da Casa, Bruno Burgarelli. “Isso está previsto no Regimento”, justificou. Hugo Thomé, Carlúcio e o suplente e ex-vereador Sérgio Balbino também terão os bens bloqueados e o sigilo fiscal quebrado.
Delator do esquema de compra de voto para favorecer o projeto do shopping, Sérgio Balbino, segundo a decisão judicial, também está impedido de assumir o cargo no Legislativo Municipal, em caso de vacância, assim como Carlúcio, que assumiu o mandato este ano na vaga de Carlos Henrique. A promotoria vai pedir à Justiça que estenda a decisão aos outros três suplentes Valdivino Pereira (PTC), Vinicius Dantas (PT), Valdir Vieira (PTN), também acusados de participar do esquema. Alyrio Ramos determinou também a quebra de sigilo fiscal dos três, do ex-vereador Reinaldo Lima (PR) e dos vereadores Geraldo Félix e Alberto Rodrigues e Maria Lúcia Scarpelli.
‘Traição na hora H’

Já Hugo Thomé, acusado de intermediar as negociações para cobrança de propina, com Carlúcio e Balbino, disse que vai recorrer da decisão para continuar no cargo. “Estou tranquilo”, afirmou. Ele negou que tenha recebido o dinheiro e disse ainda que Sérgio Balbino é seu adversário político e pessoal. “Não entendi a declaração do empresário (que assumiu ter pagado a propina)”, disse. Geraldo Félix também negou seu envolvimento e disse que tudo não passa de perseguição política. “Tudo isso será esclarecido”, ressaltou. Os outros vereadores não estavam nos seus gabinetes e não retornaram às ligações.
Votações
A ausência de dois vereadores vai dar mais trabalho para o líder do governo, vereador Tarcísio Caixeta (PT), negociar as votações. O fato é que dois vereadores fazem a diferença no plenário, porque, apesar de a Casa ter 41 parlamentares, somente de 30 a 34 costumam registrar presença nas reuniões. Margem apertada para as votações qualificadas em que se exige o voto de pelo menos 28. Muitos deles vão embora logo depois de marcar presença e é comum a votação cair com o pedido de revisão de quórum.
Existia um projeto lícito, legal, encaminhado pelo Executivo e que deveria tramitar normalmente, mas ele foi procurado pelos vereadores, que disseram que, se não pagasse, o projeto não passaria
Marcelo Leonardo, advogado de Nelson Rigotto
Marcelo Leonardo, advogado de Nelson Rigotto
