Os processos legislativos de aprovação da avaliação da qualidade da educação superior (Lei 9.131/1995) e da Lei 10.861, de 2004, do Sistema Nacional de Avaliação da Educação Superior (Sinaes) apontam para dinâmicas semelhantes. “O contraste dos textos legais aprovados nos governos de Fernando Henrique Cardoso e Luiz Inácio Lula da Silva demonstra sequência e aperfeiçoamento na sistemática de avaliação da educação superior. No segundo período, a nova situação, capitaneada pelo PT, terminou por assumir a mesma estrutura de política pública delineada no governo anterior, momento em que, como oposição, foi radicalmente contra um dos seus principais componentes, o chamado Provão”, afirma Ricardo Martins. Já o PSDB, que estava na oposição, foi favorável às normas aprovadas em 2004, nelas reconhecendo alguma continuidade nas propostas aprovadas no período em que era partido da situação.
É um novo exemplo de como a sociedade organizada e os segmentos de pressão sobre os parlamentares, o núcleo duro de deputados que acompanham e se aprofundam no tema, auxiliados por um corpo consultor técnico da Casa, evoluem no debate das políticas de educação ao longo do tempo. O deputado federal Rogério Marinho (PSDB-RN), especializado em educação, aponta para a mesma direção do colega de plenário petista: “O ideal é que no novo Plano Nacional da Educação consigamos aprovar 10% de investimento do PIB. Não apenas porque é significativo para trabalharmos a qualidade na escola, o mérito, o ensino integral, assim como melhorar a estrutura nas escolas”.
Entretanto, Marinho questiona de onde virão os recursos. “Atualmente, dos 5% do PIB investidos, o governo federal banca apenas 1%. Se ampliarmos para 10% do PIB o investimento em educação, de onde virão os R$ 120 bilhões adicionais aos 7% previstos no projeto do governo?”, indaga, estimando o impacto sobre um PIB de de R$ 4 trilhões.