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Estado de Minas

'Me chamar de viado não é ofensa. Tomar 4 tiros, sim', diz vítima de homofobia em bar

Marcelo Macedo, de 33 anos, fez um depoimento emocionante em suas redes sociais


postado em 25/10/2019 15:07 / atualizado em 25/10/2019 16:11

Marcelo com os curativos sobre as perfurações a bala: ''No hospital me sinto seguro'' (foto: Reprodução/Instagram)
Marcelo com os curativos sobre as perfurações a bala: ''No hospital me sinto seguro'' (foto: Reprodução/Instagram)
O homem que no último domingo levou 4 tiros após beijar seu companheiro em um bar, em Camaçari, Região Metropolitana de Salvador, postou um depoimento emocionante em sua conta no Instagram. De acordo com Marcelo Macedo, de 33 anos, ele viveu “um verdadeiro filme de terror nos últimos dias’. 

O rapaz postou uma foto onde era possível ver os curativos nas perfurações a bala. A vítima relatou estar ainda muito assustado, mas agradeceu o apoio dos amigos que carregaram ele no colo após o ataque. “Quero iniciar agradecendo a todos os meus amigos por me carregarem no colo. É difícil acreditar que as pessoas são agredidas tão cruelmente e de maneira tão covarde pelo simples fato de demonstrar afeto. É triste. Dói. Estou despedaçado”, declarou.

Segundo a delegada Thais Siqueira, titular do município, Marcelo contou que, antes de o ataque começar, foi questionado pelo autor dos disparos "se não tinha vergonha de fazer isso na frente de pais de família". 
“Ele conta que estava com um 'ficante' no bar, trocando carícias normais de casais, e chegou a dar um beijo no rapaz, um selinho. Foi quando o agressor se aproximou e fez a pergunta. Ele tentou se explicar e começou a ser agredido por várias pessoas", relata a delegada.

Durante o testemunho no Instagram, Marcelo conta como foi estar à beira da morte. “Eu amo a minha cidade, nasci e me criei aqui. Nem no meu pior pesadelo eu imaginei que um dia pudesse ser tão violentado. Ver a morte de perto é assustador. Nos paralisa. Sou jovem, tenho uma família, uma vida inteira pela frente e por um milagre de Deus hoje estou vivo, mas quase tive meus sonhos interrompidos de maneira tão vil”. 

Ele ainda comentou o medo pelo responsável do ataque ainda não ter sido preso. “Ao abrir os olhos e me dar conta do que estava acontecendo, entrei em estado de choque, mas, por incrível que pareça, o hospital é o meu lar agora, é o lugar onde me sinto seguro, protegido, em paz. Não sei como será quando sair daqui. Temo pelos meus familiares. Estamos assustados em saber que quem atentou contra a minha vida está solto por aí, sua cara não está estampada em todos os jornais estando tão vulnerável como eu me encontro agora, botando a cabeça no travesseiro deitado na cama da sua casa e dormindo todos os dias tranquilamente”, escreveu.

Homofobia é uma violação do direito humano fundamental de liberdade de expressão da singularidade humana, considerado discriminatório. No Brasil, o Supremo Tribunal Federal (STF) determinou em 2019, que a discriminação por orientação sexual e identidade de gênero passou a ser considerada crime. “Me chamar de 'Viado' não é ofensa. Tomar quatro tiros, sim. Uma dor irreparável, além de física, emocional e psicológica. Não sei como será de agora em diante, não sei se serei mais o mesmo. Este medo que estou sentindo, irei carregar até o fim dos meus dias. Só peço proteção para mim e toda a minha família. Orem por mim!”, finalizou Marcelo.
 
*Estagiária sob supervisão da editora-assistente Vera Schmitz 


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