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Estado de Minas CHECAMOS

Checamos: Comissão Europeia não propôs 'abolir' o Natal

A Comissão Europeia publicou orientações para tornar o período mais inclusivo, mas o texto apenas pedia que funcionários desejassem feliz 'festas'


17/12/2021 22:13 - atualizado 17/12/2021 22:16


 

Imagem com conteúdo falso
Captura de tela feita em 17 de dezembro de 2021 de uma publicação no Facebook ( . / ) (foto: Reprodução)
A captura de tela de um artigo com o título “Europa ‘quis’ abolir o Natal 'em nome da inclusão e da diversidade'” foi compartilhada mais de mil vezes em redes sociais desde o início de dezembro de 2021. A alegação é enganosa. No final do último mês de outubro, a Comissão Europeia realmente publicou orientações para tornar o período de final de ano mais inclusivo, mas o texto apenas pedia que funcionários desejassem feliz “festas”, ao invés de feliz “Natal”. O documento, que foi retirado para revisão, não proibia a celebração do feriado religioso. 


“Qualquer tentativa de acabar com o Natal - para agradar a muçulmanos ou à extrema-esquerda europeia - terá a nossa firme oposição! Quem não gosta da nossa cultura e das nossas tradições pode mudar-se para o Afeganistão ou para a Arábia Saudita!”, dizem algumas das publicações compartilhadas no Facebook (1, 2, 3) e Instagram ao menos desde 5 de dezembro de 2021. 

As publicações - impulsionadas majoritariamente por usuários portugueses - são ilustradas por uma imagem da comissária da UE para a igualdade, Helena Dalli, segurando um documento. Uma busca reversa no Google mostra que a foto foi tirada no último dia 26 de outubro, quando Dalli apresentou um guia da Comissão Europeia para comunicação inclusiva. 

O documento desencadeou uma onda de críticas - inclusive por parte do Vaticano - fazendo com que fosse retirado, como confirmou a oficial europeia em 30 de novembro. 

Como consequência, seu conteúdo foi amplamente noticiado na mídia (1, 2, 3). Nenhum veículo reportou, no entanto, que o guia proibisse ou pedisse o fim do Natal. 

“Um documento interno da Comissão Europeia aconselhando funcionários a usar linguagem inclusiva como ‘época de férias’ em vez de Natal e evitar termos como ‘man-made’ [feito pelo homem] foi retirado após críticas de políticos de direita”, escreveu o diário britânico The Guardian. 

O portal suíço RTS listou outros exemplos de recomendações presentes no documento: “banir a expressão ‘senhoras e senhores’, preferindo ‘caros colegas’, assim como os nomes de cargos de trabalho no masculino como ‘policeman’ [policial] ou ‘workman’ [operário]

Procurado pela AFP, o porta-voz da Comissão Europeia Eric Mamer explicou em 30 de novembro de 2021: “Não era, de forma alguma, um documento que teria qualquer valor vinculante, [mas] recomendações sobre comunicação”

Em 10 de dezembro, outro representante do órgão explicou à equipe de checagem da AFP que o documento já foi retirado, sem chegar a ser adotado pela Comissão Europeia: 

“Não estamos proibindo ou desencorajando o uso da palavra natal. Claro que não. Celebrar o Natal e usar nomes e símbolos cristãos é parte da rica herança europeia”, sinalizou, encaminhando um comunicado da comissária Dalli.

Segundo esse texto de 30 de novembro, a iniciativa de redatar “algumas diretrizes como documento interno para comunicação” dos funcionários da Comissão Europeia pretendia “ilustrar a diversidade da cultura europeia e mostrar o caráter inclusivo da Comissão”

Mas, segundo a nota, a versão publicada “não atendia adequadamente a esse objetivo. Não é um documento de qualidade e não cumpre todos os padrões de qualidade da Comissão”, o que fez com que Dalli retirasse o guia para “continuar trabalhando” em seu conteúdo. 


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