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Estado de Minas CHECAMOS

O banco de dados dos EUA não registra necessariamente mortes por vacinas anticovid

O vídeo de pouco mais de dois minutos viralizou no Facebook, no Twitter e no Instagram


08/03/2021 21:21 - atualizado 08/03/2021 21:21


 

Captura de tela feita em 5 de março de 2021 de uma publicação no Facebook
Captura de tela feita em 5 de março de 2021 de uma publicação no Facebook
Circula nas redes sociais um vídeo em que a ex-jogadora de vôlei e atual comentarista Ana Paula Henkel afirmou que 501 pessoas morreram nos Estados Unidos após serem vacinadas contra a covid-19. Mas essa informação, compartilhada pelo menos 4.100 vezes em redes sociais desde o último dia 1 de março, foi distorcida, pois não há qualquer comprovação de que as vacinas sejam a causa desses óbitos.

 

O vídeo de pouco mais de dois minutos viralizou no Facebook (1, 2), no Twitter (1, 2) e no Instagram (1, 2). “501 pessoas morreram pós VACINA!”, afirma uma das publicações. 


A gravação viralizada é parte de um vídeo de cerca de duas horas do programa Os Pingos nos Is, transmitido no dia 25 de fevereiro pela rádio Jovem Pan. Nele, Henkel afirma: 

 

“Saiu um dado, agora no final de janeiro, começo de fevereiro, que vem exatamente do CDC [Centro de Controle e Prevenção de Doenças dos Estados Unidos]. O dado vem do sistema de notificação de eventos adversos de vacinas, que contabiliza e monitora alergias e todos os efeitos adversos. Os dados são um pouco alarmantes: 501 pessoas morreram pós vacina, outras 11.000 tiveram algum tipo de reação adversa num período aí de 45 dias. Entre os efeitos colaterais, 156 são permanentes, 13 abortos, 139 assimetrias faciais e 383 pessoas ofereceram risco de morte”

 

“Aí, você pode pensar: ‘mas é um número pequeno, 300 e pouco, 500 e pouco’, mas virou uma roleta russa”, acrescentou Henkel. “A gente está vivendo uma roleta russa no Brasil, e a gente não pode deixar isso acontecer”, alertou, citando também o artigo 15 do Código Civil que prevê que “ninguém pode ser constrangido a submeter-se com risco de vida a tratamento médico ou a intervenção cirúrgica”.

 

O CDC monitora por meio do Sistema de Notificação de Eventos Adversos de Vacinas (Vaers, na sigla em inglês) possíveis efeitos colaterais dos imunizantes. 

 

Os números apresentados pela colunista seriam relativos ao relatório do dia 29 de janeiro de 2021. O site do Vaers atualiza periodicamente os dados e como a plataforma expõe um balanço das notificações de forma acumulativa, uma consulta atual mostra números de 26 de fevereiro,ainda mais altos que os apresentados pela comentarista: o número de mortes relatadas nos Estados Unidos é de 1.265

Causalidade não comprovada

Apesar de utilizar os dados do sistema, Henkel omite que este compila casos relatados por qualquer pessoa, sem necessidade de comprovação e que não foram necessariamente investigados por cientistas ou autoridades sanitárias. 

 

O próprio CDC reconhece as limitações da base de dados, ao informar que não é possível descobrir apenas por eles se uma vacina causa ou não evento adverso e que os relatórios frequentemente carecem de detalhes e às vezes contêm erros.

 

Não se pode afirmar, portanto, que os imunizantes sejam a causa das mortes, das alergias ou de quaisquer outros efeitos colaterais. 

 

Em seu site, o CDC esclareceu que “os eventos adversos relatados ao Vaers não são necessariamente efeitos colaterais %u200B%u200Bda vacinação. Um evento adverso é um problema de saúde que acontece após a vacinação que pode ou não ser causada por uma vacina”. A agência também afirmou que os efeitos colaterais por vacinas devem ser demonstrados por meio de estudos científicos, como aqueles realizados para que os imunizantes sejam aprovados pela agência de Medicamentos de Alimentos dos Estados Unidos (FDA). 

“Roleta russa” no Brasil?

Além de apresentar números dos Estados Unidos não confirmados por especialistas e autoridades, Henkel estendeu ao Brasil sua avaliação sobre a segurança das vacinas, afirmando que o país vive uma “roleta russa”

 

Entretanto, segundo uma nota divulgada pela Anvisa em 2 de março, “os dados públicos de notificações do uso de vacinas para covid-19 não indicam qualquer relação das vacinas com eventos adversos graves ou óbitos no país”. A agência também afirmou que já é esperado que algumas pessoas venham a óbito por outros motivos de saúde. 

 

A Anvisa utiliza as notificações sobre efeitos adversos, enviadas por profissionais de saúde e fabricantes de vacinas e medicamentos, como uma ajuda para o seu processo de monitoramento. “Como são dados notificados por terceiros, eles são considerados de menor evidência científica e servem apenas como sinalizadores”, precisou. 

 

A agência ressaltou que a aprovação de vacinas no Brasil resulta de uma avaliação criteriosa dos relatórios de segurança das fabricantes, baseados em estudos clínicos, dos “sinais de segurança gerados pelo modelo matemático da Organização Mundial de Saúde (OMS), da troca de informações com outras autoridades regulatórias e da discussão em grupos de especialistas”.

 

O conteúdo dessas publicações também foi verificado pela Agência Lupa, pelo Boatos.org e pelo Aos Fatos. O comentário de Ana Paula Henkel repercutiu na mídia, e matérias sobre o assunto foram veiculadas no portal Uol e no jornal Estado de Minas.  

 

Em resumo, os dados apresentados por Henkel sobre mortes e outros eventos adversos após a vacinação contra a covid-19 são somente relatos sem provas, que podem ser feitos por qualquer pessoa e que não têm uma relação comprovada cientificamente com os imunizantes.


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