Os migrantes que ficam presos na Líbia em sua travessia para chegar à Europa são torturados e submetidos à escravidão sexual de forma sistemática - denunciou uma investigação da ONU nesta segunda-feira (27). Os especialistas que produziram o relatório expressaram sua preocupação com a deterioração da situação dos direitos humanos neste país do norte da África.
"Há razões para acreditar que as forças de segurança do Estado e as milícias armadas cometeram uma ampla gama de crimes de guerra e crimes contra a humanidade", concluíram os investigadores. "Os migrantes, em particular, foram objeto de ataques, e há provas esmagadoras de que eles foram sistematicamente torturados" em centros de detenção, disse a Missão de Investigação Independente da ONU sobre a Líbia.
Os especialistas observaram que "há motivos razoáveis para acreditar que os migrantes foram submetidos à escravidão sexual, o que é um crime contra a humanidade". O presidente da missão da ONU, Mohamed Auajjar, afirmou que é "urgente" que haja uma responsabilização para acabar com esta "impunidade generalizada".
A Líbia está mergulhada na violência desde a revolta que derrubou o ditador Muammar Khaddafi em 2011. Uma multidão de milícias opera no território. O Conselho de Direitos Humanos da ONU criou esta missão em 2020 para investigar possíveis abusos cometidos por todas as partes na Líbia desde 2016.
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As conclusões do relatório serão compartilhadas com o Tribunal Penal Internacional (TPI), incluindo uma lista de pessoas que podem ser consideradas responsáveis pelos abusos.