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Estado de Minas TOULON

Navio humanitário 'Ocean Viking' atraca na França com 230 migrantes

Itália se recusou a abrir seus portos para a chegada de novos migrantes; ações tem gerado uma crise nas relações com a França


11/11/2022 15:38 - atualizado 11/11/2022 17:31

Migrantes a bordo do navio Ocean Viking
Navio atracou com 230 migrantes em Toulon, na frança (foto: Vincenzo Circosta/AFP)

O navio humanitário "Ocean Viking" desembarcou 230 migrantes no porto militar francês de Toulon nesta sexta-feira (11), após uma viagem difícil que desencadeou uma crise entre França e Itália.

Este é o primeiro desembarque na França de um navio de resgate de migrantes no Mediterrâneo, após um confronto diplomático com a Itália, que se recusou a abrir seus portos. Nesse contexto, o ministro francês do Interior, Gérard Darmanin, criticou "uma Itália muito desumana".

A primeira-ministra da Itália, Giorgia Meloni, de extrema direita, descreveu a reação da França como "agressiva", "injustificada" e "incompreensível" e disse que quer encontrar "uma solução europeia" para a questão da migração.

Meloni lembrou que seu país recebeu cerca de 90.000 migrantes este ano e que os países europeus que prometeram ajudar a Itália e acolher 8.000 pessoas receberam apenas algumas dezenas.

Depois de três semanas no mar em uma busca sem sucesso por um porto seguro, o "Ocean Viking", que resgatou os migrantes na costa da Líbia, atracou na França por volta das 8h50 hora local (4h50 no horário de Brasília).

Pessoas comemorando a chegada na frança
Navio resgatou migrantes na costa da Líbia e deve voltar ao mar para resgatar novos refugiados (foto: Vincenzo Circosta/AFP)


"Há muita emoção a bordo. Todos estão muito, muito cansados, mas aliviados por chegar à terra. É o fim de uma provação", disse à AFP Laurence Bondard, da ONG SOS Méditerranée, que opera o navio.

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Inicialmente, o "Ocean Viking" procurou atracar na costa italiana, a mais próxima do local onde os migrantes, entre eles homens, mulheres e 57 crianças, foram resgatados.

Onze países solidários


Os migrantes começaram a ser transferidos de ônibus para um centro de férias na península de Giens, em Hyères, declarado "área internacional de espera" por cerca de 20 dias. Os resgatados "não poderão deixar o centro administrativo e, portanto, tecnicamente, não estarão em território francês", segundo o ministro Darmanin.

Eles serão submetidos a verificações sanitária e de segurança, antes de serem interrogados pela administração que determina se um migrante recebe o "status" de refugiado.

Outros 11 países da União Europeia (UE) vão receber dois terços dos migrantes, anunciou Darmanin na quinta-feira, acrescentando que o terço restante ficará na França.

A Alemanha acolherá "mais de 80", enquanto Croácia, Romênia, Bulgária, Lituânia, Malta, Portugal, Luxemburgo e Irlanda também contribuirão, em nome da "solidariedade europeia", detalhou.

Criança dentro de uma caixa escrito frança
Navio ficou três semanas no mar em uma busca por um porto seguro. Na imagem, criança dentro de uma caixa escrito França (foto: Vincenzo Circosta/AFP)


Polêmica política


Pessoas próximas ao ministro Darmanin especificaram que "aqueles que não obtiverem asilo serão transferidos diretamente da sala de espera para seu país de origem". O caso ocorre em plena apresentação de um projeto de lei sobre imigração na França, que pretende acelerar a expulsão daqueles que foram rejeitados.

A presidente do principal partido de extrema direita, Marine Le Pen, pediu a devolução dos migrantes ao país de origem e criticou a recepção do "Ocean Viking". "É necessário que esses navios que põem em risco a segurança dos migrantes resgatados no mar levem-nos de volta para seu porto de partida", declarou.

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A esquerda e os ambientalistas comemoraram, por sua vez, uma "decisão digna dos valores" da França. A SOS Méditerranée anunciou que voltará ao mar para resgatar outros refugiados.

"Houve mais de 20 mil mortes desde 2014 no Mediterrâneo, e não aceitamos que se torne um cemitério", disse o diretor de operações da ONG, Xavier Lauth.

Em junho passado, uma dúzia de países da UE, incluindo a França, concordou em aceitar a entrada de imigrantes pela Itália e por outros países. Até agora, em 2022, apenas 164 foram transferidos da Itália para outros territórios, o que Roma considera insuficiente.

Em retaliação à posição da Itália sobre o "Ocean Viking", a França suspendeu um plano para receber 3.500 refugiados atualmente na Itália, no âmbito do referido acordo de distribuição de migrantes, e instou a Alemanha e outros países da UE a tomarem medidas semelhantes.


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