(none) || (none)
UAI
Publicidade

Estado de Minas COVID

Pesquisa comprova 100% de eficácia da Oxford/AstraZeneca em casos graves

Resultado é obtido em pesquisa com mais de 32 mil voluntários, sendo 20% idosos, em três países. Estudo também descartou relação com o surgimento de coágulos


23/03/2021 11:02 - atualizado 23/03/2021 11:10

(foto: Miguel Medina/AFP)
(foto: Miguel Medina/AFP)
Rejeitada por alguns países europeus defendida pela Organização Mundial da Saúde (OMS), a vacina contra a COVID-19 desenvolvida pela AstraZeneca em parceria com a Universidade de Oxford tem eficácia de 100% na prevenção de casos graves, segundo resultados preliminares de um estudo clínico realizado nos Estados Unidos, no Chile e no Peru. A pesquisa traz dados de 32.449 voluntários que participaram dos ensaios clínicos nessas três localidades e foi divulgada ontem pela farmacêutica britânica, cujo imunizante vem sendo alvo de preocupações a respeito da segurança.

Mais barata e mais fácil de armazenar que boa parte das concorrentes, como as de mRNA, a vacina da AstraZeneca foi testada e está em uso em diversos países, incluindo o Brasil. Porém, pouco mais de 30 de relatos de caso sobre a ocorrência de um tipo raro de coágulo em pacientes que receberam o imunizante fizeram despencar as ações da empresa e levaram nações como França, Alemanha e Itália a suspenderem temporariamente a aplicação do imunizante.

O resultado preliminar divulgado ontem, que será submetido à publicação em uma revista científica, porém, descarta a associação entre a vacina e a formação de coágulos. Nenhum dos mais de 32 mil voluntários apresentou o problema, diz a AstraZeneca, que recebeu o apoio público da OMS e da Agência Europeia de Medicamentos na semana passada.

“Esses novos resultados dos grandes ensaios de fase III nos EUA, no Chile e no Peru fornecem mais uma confirmação da segurança e eficácia da ChAdOx1 nCoV-19 (o nome da vacina)”, comemorou, em nota, Sarah Gilbert, professora de virologia da Universidade de Oxford e cocriadora do imunizante. “Em muitos países diferentes e entre grupos etários, a vacina está fornecendo um alto nível de proteção contra a covid-19, e esperamos que isso leve a um uso ainda mais difundido nas tentativas globais de pôr fim à pandemia.”

O estudo preliminar foi realizado com adultos a partir de 18 anos, sendo que 20% dos voluntários tinham mais de 65 anos e 60% não apresentavam comorbidades que elevam o risco de covid grave, como diabetes e obesidade. Na amostra total, incluindo as pessoas que realmente foram vacinadas (dois terços) e as que receberam placebo (um terço), houve 141 casos sintomáticos da doença.

Nos imunizados, a eficácia da substância foi de 79%: ou seja, em cada 100 vacinados que, contudo, testaram positivo para o vírus, 79 não apresentaram qualquer sintoma. Nas pessoas com mais de 65 anos, o índice foi ligeiramente maior: 80%. Já quanto à forma grave da doença, a vacina foi 100% eficaz. “Em outras palavras: nenhuma pessoa que foi vacinada teve doença severa ou crítica nem foi hospitalizada”, comenta Peter English, ex-editor da revista médica Vaccines in Practice Magazine e especialista em controle de doenças infecciosas. Ele nota, porém, que, como o número de pessoas que foram infectadas é baixo, uma amostra maior, que deve ser apresentada na versão final do relatório, poderá alterar esses percentuais.

Segurança

English ressalta que o texto divulgado ontem mostra que não houve ocorrências que pudessem colocar em risco a segurança da vacina. “O relatório observou particularmente os eventos de coagulação e não encontrou excesso de casos nos que receberam a vacina. Não foi possível lançar mais luz sobre o evento de coagulação específico que levantou preocupações recentemente, a trombose do seio venoso cerebral (TSCV), a não ser para confirmar que tais eventos são muito raros.

Nenhum evento do tipo foi detectado em qualquer um dos braços do estudo. Somos informados, portanto, de que não foi possível confirmar ou refutar a sugestão de que essa condição particular pode ser mais comum após a vacinação”, diz. “O fato de não terem ocorrido tais eventos, entretanto, enfatiza a raridade dessa condição e que, mesmo que houvesse um aumento no risco relativo após a vacinação, o risco absoluto permaneceria muito baixo”, conclui.

O estudo de fase III incluiu duas doses administradas em um intervalo de quatro semanas. Pesquisas anteriores demonstraram que um intervalo estendido de até 12 semanas demonstrou maior eficácia, o que também foi apoiado por dados de imunogenicidade. No relatório, a AstraZeneca destacou que “essa administração comprovada da segunda dose com um intervalo superior a quatro semanas pode aumentar ainda mais a eficácia e acelerar o número de pessoas que podem receber a primeira dose”.

» CoronaVac parece criar anticorpos em crianças

O outro imunizante contra a COVID-19 aplicado no Brasil também teve resultado positivo em novos testes. Sem detalhamento, a Sinovac, fabricante da vacina CoronaVac, produzida no Brasil pelo Instituto Butantan, afirmou que a substância parece segura e provoca a resposta imunológica em crianças e adolescentes. Os dados fazem parte de um ensaio clínico preliminar com 500 pessoas de 3 a 17 anos. Os efeitos colaterais mais comuns foram febre.

Insônia e maior risco de infecção

Insônia, sono interrompido e esgotamento mental diário estão associados a um risco elevado de não apenas se infectar com o coronavírus, mas também de ter uma doença mais grave e um período de recuperação mais longo, sugere um estudo internacional publicado no jornal on-line BMJ Nutrition Prevention & Health. Cada aumento de uma hora na quantidade de tempo gasto dormindo à noite foi associado a 12% menos risco de se infectar com a COVID-19, indicam os resultados.

Segundo os pesquisadores, o estresse e os distúrbios do sono têm sido associados a um risco elevado de infecções virais e bacterianas, mas não está claro se esses também são fatores de risco para a COVID. Para explorar isso mais a fundo, eles se basearam nas respostas a uma pesquisa on-line para profissionais de saúde de França, Alemanha, Itália, Espanha, Reino Unido e EUA, entre 17 de julho a 25 de setembro de 2020.

Cerca de 2.884 profissionais responderam — 568 dos quais tinham COVID-19, verificado por sintomas autorrelatados e/ou um resultado de teste de esfregaço positivo. A quantidade de sono noturno relatado foi em média menos de sete horas. Após considerar os fatores potencialmente influentes, cada hora extra de sono à noite foi associada a uma probabilidade 12% menor de infecção.

Em comparação aos que não relataram qualquer tipo de estresse diário, aqueles para os quais essa era uma ocorrência habitual tinham mais do que o dobro de probabilidade de ter covid. Esses entrevistados também tinham cerca de três vezes mais risco de dizer que sua infecção foi grave e que precisaram de um período de recuperação mais longo.

Os autores destacam que, por ser um estudo observacional, não é possível determinar a causa dessa relação. Porém, dizem que uma hipótese é a de que o estresse, que pode ser desencadeado também pela falta do sono, libera substâncias como o cortisol, que conhecidamente afetam o funcionamento do sistema imunológico.


receba nossa newsletter

Comece o dia com as notícias selecionadas pelo nosso editor

Cadastro realizado com sucesso!

*Para comentar, faça seu login ou assine

Publicidade

(none) || (none)