
À reportagem da TV Alterosa, a delegada da PF Fátima Bassalo explica que os trabalhos decorrem da dúvida de parentes, que questionam se a pessoa enterrada é efetivamente membro da família. “Na ocasião, o caixão veio lacrado, e os familiares não tiveram acesso ao corpo, às vezes por uma falha da cadeia de custódia. Então, eles pediram que fosse feita a identificação dos restos mortais”, explica a delegada, acrescentando que já foi coletada a amostra biológica da família para realização dos testes.
Vale dizer que a revisão da identificação do corpo foi solicitada em 2013 e atendida apenas em 2019, ano no qual uma comissão forense entregou um relatório ao Ministério Público — posteriormente encaminhado à família em 2021 — em que consta falta de elementos para fechar o laudo.
Agora, em um novo capítulo, os trabalhos periciais, que devem durar mais dois ou três dias, segundo a delegada, serão acompanhados por peritos e antropólogos mexicanos e argentinos, além do Ministério Público Federal da República do México.
O massacre
Conforme a versão oficial, o crime ocorreu a menos de 150 quilômentros da fronteira com Estados Unidos, onde migrantes da Guatemala, Honduras, El Salvador, Equador, Brasil e Índia pretendiam chegar. No grupo havia dois mineiros: Juliard Aires Fernandes, de 20 anos, e Hermínio Cardoso dos Santos, de 24, conforme divulgado pelo Itamaraty. A PF não disse qual deles está sendo exumado.
Em 2010, as autoridades mexicanas informaram que os migrantes foram sequestrados pelo cartel de Los Zetas — uma das organizações criminosas mais sanguinárias do país — e levados a um rancho onde foram obrigados a trabalhar. Porém, eles acabaram executados porque não concordarem com os serviços forçados.
Em abril de 2011, a polícia encontrou mais 193 corpos em valas comuns. Em 2014, as autoridades mexicanas reconheceram as participações de agentes das forças de segurança nas execuções. Nesse sentido, os policiais municipais de San Fernando teriam sido pagos pelo cartel dos Zetas para fazer o serviço.
Dez anos após o massacre, reportagem da agência AFP mostrou que, em 2020, estavam presas 15 pessoas. Até então, ninguém havia sido condenado. Não há informações atualizadas das autoridades locais sobre possíveis condenações.
