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Estado de Minas ALERTA

Hospital alerta: aumentam acidentes com insetos e animais peçonhentos em MG

Toxicologia do João XXIII quase dobrou atendimentos a intoxicações por abelhas em comparação a 2022. Ocorrências com cobras e escorpiões também preocupam


08/09/2023 12:00 - atualizado 08/09/2023 17:27
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Número de atendimentos a intoxicações por abelhas quase dobrou em comparação ao ano passado
Número de atendimentos a intoxicações por abelhas quase dobrou em comparação ao ano passado (foto: Roberto Murta/Adebal Andrade - Filho/Fernanda Moreira Pinto/Divulgação)

O Hospital João XXIII divulgou um alerta sobre o risco de acidentes com animais peçonhentos e insetos. Os profissionais do Centro de Informação e Assistência Toxicológica de Minas Gerais (CIATox MG), da instituição de saúde gerida pela Fundação Hospitalar de Minas Gerais (Fhemig), estão atentos, por exemplo, ao aumento no número de atendimentos a envenenamentos por abelhas, que é quase o dobro do que foi aferido em 2022. O serviço é uma das principais referências no acolhimento a situações mais severas, e, entre janeiro e agosto de 2023, foram 104 pessoas atendidas, crescimento de mais de 40% se comparado aos 61 pacientes recebidos na unidade, no mesmo período do ano passado, em decorrência desse tipo de acidente.

Em relação às abelhas, uma única ferroada pode levar uma pessoa com alergia ou problemas no coração à morte, sendo que situações de múltiplas picadas são extremamente graves, seja qual for a condição de saúde, em alguns casos inclusive podendo gerar comprometimento de órgãos como fígado e rins.

O médico e coordenador da Toxicologia do Hospital João XXIII, Adebal Andrade Filho, explica que 10% dos casos são considerados moderados e graves. "Entre os sintomas estão a reação alérgica - com dor, edema local e de glote - insuficiência respiratória, vômitos, dor de cabeça, queda da pressão arterial, convulsões, insuficiência renal e destruição de fibras musculares", informa.

O coordenador reforça que esse tipo de ocorrência, relativamente comum durante o ano e menos incidente no inverno, é subnotificado. "Uma boa parte das abelhas no Brasil é africanizada. São mais agressivas e podem reagir a estímulos, com liberação de grande número de abelhas das colmeias. São atraídas por ruídos, cores fortes e odores. Os acidentes ocorrem tanto no meio rural quanto na zona urbana e, apesar de potencialmente graves, tendem a ser subestimados pela população", aponta.


Por que os ataques de abelhas aumentaram?

A bióloga especialista em Gestão Ambiental e professora do Centro Universitário Una, Fernanda Raggi, explica que o desmatamento é um dos principais motivadores para o aumento no número de ataques de abelhas registrados ao longo do ano. De acordo com ela, a derrubada de um grande número de árvores ocasionada pela expansão urbana faz com que as abelhas saiam em busca de outros lugares onde possam estabelecer as colméias. 

“Os ataques aumentam em lugares que são mais arborizados. Como Belo Horizonte tem um grande número de árvores, se a gente tem uma pressão pela expansão urbana e desmatamento das áreas preservadas, as abelhas tendem a vir para a zona urbana que é onde elas encontram árvores que estão seguras e que tem flores para elas poderem se alimentar e até mesmo se reproduzir.”, explica. Segundo Fernanda, essa movimentação é vista não só na capital mineira, mas também na Região Metropolitana e em outras cidades de Minas Gerais. 

Além disso, os episódios também são influenciados pelas estações do ano. A bióloga explica que mais ataques são esperados à medida que a primavera e o verão chegam, já que as abelhas saem do período de reclusão ocasionado pelo inverno e se tornam mais ativas. 

“Nessa época, acontece um aumento da reprodução de flores e, consequentemente, da produção do néctar e dos grãos de pólen, utilizado pelas abelhas para produção de alimento.”, explica Fernanda. Com a alta disponibilidade de alimento, aumenta também uma maior disponibilidade de reprodução para a abelha rainha. 

“Então agora nessa época de primavera e de verão é o período que a gente vai ter mais ataques. Na primavera é quando elas saem em busca de flores para produção de alimento e no verão elas saem em busca de lugares seguros para estabelecimento de colméias que comportem os novos indivíduos.”, conta.

Ainda de acordo com Fernanda, essa época de maior atividade das abelhas vem sendo antecipada com as mudanças climáticas observadas no mundo todo. “As mudanças climáticas fizeram com que a temperatura aumentasse, as árvores antecipassem a floração e mesmo ainda no finalzinho do inverno você já tem esse aumento dos ataques, porque elas entendem que a primavera já chegou, mesmo não tendo chegado ainda.”, explica. 

Em geral, barulhos intensos, perfumes fortes e cores escuras podem desencadear o comportamento agressivo e, consequentemente, o ataque de abelhas. “O ataque acontece quando as abelhas se sentem ameaçadas. Quando escutar o barulho da abelha, não chegar perto, não fazer sons altos e nem movimento brusco próximo dessas colmeias porque ali o instinto delas é de proteção.”, afirma a bióloga. Caso as abelhas cheguem perto, é importante se retirar rapidamente do local. 

Para evitar problemas maiores, a retirada de colônias deve ser feita por profissionais treinados e equipados. Vestuário e equipamentos como macacão, luvas, máscara, botas e fumigador são essenciais. Em caso de picadas e ataques mais graves é importante se direcionar imediatamente à uma unidade de saúde. 

“Muitas pessoas são alérgicas e não sabem. O veneno da abelha pode causar dor de cabeça, náusea e vômito, mas também edema de glote que é quando a garganta tampa. Então pode ter uma parada respiratória, uma parada cardíaca. Os sintomas são leves mas podem evoluir para algo maior.”, finaliza Fernanda. 

Outros perigos

Acidentes com picadas de escorpiõescobras também são recorrentes em tempo de calor e chuva. É nesse período do ano que os animais saem à procura de abrigo em locais secos e acabam aparecendo dentro de casas. Com a presença humana em áreas verdes, seja por lazer ou trabalho, aumenta a incidência.

Os acidentes com escorpiões são os mais comuns em Minas Gerais
Os acidentes com escorpiões são os mais comuns em Minas Gerais (foto: Freepik)

Os acidentes com escorpiões são os mais comuns no estado. Até o último mês de agosto, foram 1.051 atendimentos no CIATox, sendo que, em todo o ano de 2022, esse registro foi de 1.654 casos. Em relação às serpentes, o centro recebeu 725 vítimas no ano passado e 492 até agosto de 2023.

Sobre os primeiros socorros em caso de acidentes mais graves, a primeira providência é afastar a vítima do animal peçonhento, orienta Adebal. "Se possível, fotografá-lo, em vários ângulos, para que possa ser identificado pela equipe que atenderá o paciente. Caso seja capturado, é importante levá-lo, em segurança, para o local de atendimento. Tais procedimentos tornam o tratamento mais ágil e seguro", esclarece, salientando a necessidade de avaliação médica imediata. "Em algumas situações, a evolução para um quadro grave pode ser rápida".

Prevenção

Condições de risco podem ser evitadas. Segundo o profissional, os acidentes com serpentes ocorrem geralmente em jardins, quintais e plantações, e as partes do corpo mais vulneráveis são mãos, braços, pés e pernas. Assim, Adebal reforça que o uso de equipamentos de proteção, como botas e luvas de raspas de couro, é importante e previne 80% dos casos.

Em se tratando de serpentes, as partes do corpo mais vulneráveis são mãos, braços, pés e pernas
Em se tratando de serpentes, as partes do corpo mais vulneráveis são mãos, braços, pés e pernas (foto: Freepik)

"Já os escorpiões são mais comuns em áreas urbanas e o cuidado deve ser intensificado para que não entrem na residência. É recomendado usar telas metálicas nos ralos, manter a limpeza de áreas externas e utilizar rodo vedador de portas", diz.

Crianças menores de sete anos e idosos estão mais suscetíveis a complicações por acidentes com animais peçonhentos. Dessa maneira, é importante sempre balançar calçados e roupas antes da utilização, pois escorpiões podem estar escondidos nas peças.

Em caso de acidentes, o CIATox pode ser acionado para orientações sobre os primeiros socorros até o encaminhamento à unidade de saúde. Os telefones são (31) 3224-4000, 3239-9390, 3239-9308 ou 0800-7226001.


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