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Estado de Minas VAQUINHA CULTURAL

Violista mineiro faz vaquinha para cobrir custos de mestrado na Alemanha

Músico que iniciou estudos em projeto social de Contagem é aprovado em seleção para universidade de Karlsruhe e tenta arrecadar R$ 85 mil para mensalidades


01/08/2023 04:00 - atualizado 01/08/2023 05:31
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Ciro Miranda toca em rua de Contagem
Ciro Miranda toca em rua de Contagem, cidade em que iniciou sua formação: com a vaquinha, ele espera conseguir em 45 dias os recursos para o mestrado (foto: Túlio Santos/EM/D.A Press)
O violista mineiro Ciro Miranda Quaresma foi aprovado no mestrado em performance pela Hochschule für Musik, de Karlsruhe, na Alemanha. Com mais de 12 anos de prática em viola clássica e várias participações em orquestras, o músico busca auxílio para custear a viagem, estadia e mensalidades da universidade. Desde domingo, ele tenta chamar atenção para sua causa e  juntar R$ 85 mil por meio de uma vaquinha virtual, de 45 dias, numa corrida contra o tempo, já que o curso começa em 2 de outubro.

Por meio de contatos na graduação em Música pela Universidade Estadual de Minas Gerais (Uemg), o mineiro conseguiu mostrar seu talento em seleções em vídeo e presenciais de universidades europeias. Ciro ficou muito surpreso ao receber sua carta de aceite, em alemão, para o mestrado sob a tutela do professor Johannes Lüthy, com nota máxima na avaliação. A conquista veio com muito esforço, em uma trajetória de mais de uma década de estudos.

Ciro Miranda, de 24 anos, nasceu em Belo Horizonte e viveu sua infância, junto da família, em Contagem, na Grande BH. Aos 10 anos, seguindo a irmã mais velha e por insistência da mãe, ele entrou no projeto social Orquestra Jovem de Contagem, voltado para pessoas de famílias de renda baixa.

Ele conta que era uma criança bem agitada e sua mãe via a orquestra como uma boa atividade para o jovem, além de seguir o legado de um tio-avô que também foi músico. No projeto social, Ciro queria tocar violino, o mesmo instrumento escolhido por sua irmã e tio-avô. Entretanto, a então coordenadora da Orquestra Jovem, Rosiane Reis, o convenceu jovem a focar no parente mais grave e um pouco maior do violino: a viola.

Cópia da carta de aceite enviada pela instituição alemã Ciro
Cópia da carta de aceite enviada pela instituição alemã a Ciro


Os argumentos da coordenadora, especialmente a notoriedade e a escassez de violistas em orquestras próximas – foram suficientes para que Ciro Miranda aceitasse o conselho. “Também achei que (a viola) seria mais fácil (que o violino), mas nunca é fácil”, admite Ciro. Nos primeiros anos, a atividade era um dos muitos hobbies do garoto, que não desistiu por insistência de sua mãe.

Indícios de que os esforços valiam a pena começaram a surgir ainda no projeto social de Contagem, por meio do qual Ciro Miranda fez apresentações com a orquestra nos Estados Unidos, aos 14, e no Japão, aos 17. Quando chegou o momento de escolher a faculdade, o desejo inicial do músico era cursar arquitetura, mesmo não sendo muito bom em matemática. Como alternativa e para não ficar inquieto, seguiu novamente os passos da irmã, hoje professora de música, formada pela Uemg. Mas Ciro não se via ficando muito por lá e pensava em tentar ingressar na Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), até mesmo em música.

Mas a relação do artista com a viola mudou e atingiu um novo patamar nas duas primeiras semanas de aula na Uemg, quando começou a estudar com a professora Sofia von Atzingen e conheceu o Terceiro Movimento da Terceira Sinfonia de Brahms. “A música é bem melancólica e ressoou muito com as incertezas da maioridade e de não passar (na disputa por vaga) onde eu queria”, conta Ciro, ao refletir sobre o impacto do trecho da sinfonia e da própria cultura alemã em sua vida.

Depois de tomar gosto pelas composições alemãs, Ciro Miranda não pensava em outra coisa e intensificou os estudos. “Meus amigos reclamavam que eu só falava disso”, brinca o artista, que diz ter passado vários dias estudando na Uemg, das 9h até a noite. Por um ano e sete meses, ele também fez um curso de alemão on-line com uma professora de Santa Catarina.

Sofia von Atzingen, por questões pessoais e para cursar o doutorado, retornou para a Alemanha no meio da formação do aluno, conta Ciro. Com saída da professora, entretanto, outra importante figura aparece na história, o professor Luciano Gatelli, músico da Filarmônica de Minas Gerais, com quem o violista de Contagem concluiu sua graduação.

Segundo Ciro, considerando sua idade, o professor o aconselhou a buscar uma vaga em  instituições europeias para continuar estudando. Ele, então, encaminhou documentos e vídeos para vários professores até ser aprovado na universidade de Karlsruhe, sob orientação de Johannes Lüthy. O passo tornou-se ainda mais significativo quando o violista descobriu que o professor alemão também foi mestre de Sofia.

Agora, o mineiro, que toca em duas orquestras jovens e em casamentos, precisa juntar R$ 85 mil para realizar o sonho de aprender a música clássica alemã em seu berço. Os recursos são para as despesas no país. Mas a maior parte vai para o montante que, pela lei alemã, fica depositado como garantia de que ele pague a faculdade. São 934 euros/mês, o equivalente R$ 61.531,92 na cotação de 21 de julho.

•Quem quiser ajudar o músico deve acessar: https://readymag.com/u1701905271/campanha-ciro-alemanha/.
 
*Estagiário sob supervisão da subeditora Rachel Botelho 


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