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Estado de Minas PESQUISA OPUS

Mobilidade e saúde lideram lista de reclamações em BH

Moradores reclamam de ônibus lotados, qualidade das vias, condições do tráfego e dificuldades no atendimento médico


11/12/2022 07:20 - atualizado 11/12/2022 09:32

Ônibus muito cheios estão entre os problemas da cidade
Ônibus muito cheios estão entre os problemas da cidade apontados pelos entrevistados de forma espontânea (foto: Gladyston Rodrigues/EM/D.A Press)
Moradores de Belo Horizonte apontam questões de mobilidade urbana e nos serviços de saúde como os principais problemas da capital. Os dados são de levantamento realizado pelo Instituto Opus de Pesquisa neste dezembro e indicam que a cidade precisa de alternativas de transporte e fornecer um atendimento médico com mais rapidez e qualidade.

A pesquisa foi realizada a partir de 400 entrevistas feitas presencialmente entre 2 e 4 de dezembro. A margem de erro é de cinco pontos percentuais. Os dados mostram que 21,3% dos que responderam às perguntas disseram que o transporte público e os ônibus lotados são o principal problema da cidade em pergunta à qual os entrevistados puderam responder de forma espontânea.

Ainda no tema da mobilidade urbana, outros 9,8% apontaram que problemas no asfalto e na pavimentação de Belo Horizonte são a grande questão a ser solucionada na cidade e 4,5% disseram que o trânsito é a principal mazela de BH. Somando todas as respostas, mais de um terço dos respondentes apontaram que se locomover na capital mineira é motivo de dor de cabeça.

Para o diretor do Opus, Matheus Dias, o fato de problemas de mobilidade serem espontaneamente lembrados por uma parcela tão significativa de moradores da capital é indicativo de um sistema que não consegue mais suprir as necessidades dos cidadãos e deve ser olhado com atenção pelos governantes.

“De todos os entrevistados, 35% citam essa questão da mobilidade. Isso mostra que BH atingiu um colapso no transporte e precisa de opções e modais que atendam a essas demandas. Pode ser via metrô, mais linhas de BRT, corredores exclusivos, não importa, mas é necessário que consigam uma solução satisfatória”, diz o pesquisador.

A avaliação da qualidade dos serviços oferecidos também coloca aspectos da mobilidade urbana como os mais reprovados na cidade. O trânsito de BH é avaliado como ruim ou péssimo por 57,5% dos moradores, regular por 26,8% e só 13,5% consideram as condições de tráfego como boas ou ótimas. A avaliação do transporte público está nos mesmos padrões, com 56% das pessoas que responderam às perguntas considerando as condições péssimas ou ruins. Sobre a conservação das ruas, 40% reprovam as vias belo-horizontinas.

Outro ponto da pesquisa sugere que há uma retroalimentação nos problemas de mobilidade da cidade. O levantamento também perguntou aos entrevistados sobre o tipo de transporte utilizado no dia a dia e os resultados mostram que a maioria, 41,3%, utiliza transporte público. O percentual de pessoas que usam carros particulares aparece na segunda colocação, com 31,3%.

Para Matheus Dias, a falta de qualidade do transporte público, o uso massivo de carros particulares e as condições das ruas estão relacionados e os dados da pesquisa ajudam a apontar essa conexão. “A partir do momento em que o transporte público não atende, a pessoa vai baixar outras alternativas e a encontrada geralmente é o carro. A questão é que quando você coloca mais veículos nas ruas, você dificulta o trânsito e também a própria questão da qualidade do asfalto.”

Saúde

Os serviços de saúde e a demora no atendimento estão na segunda colocação entre os principais problemas de Belo Horizonte espontaneamente citados pelos que responderam à pesquisa do Instituto Opus. Reclamações sobre o tema foram apontadas como mazela central da cidade por 13,8% dos entrevistados.

A pesquisa também mostra que a maior parte dos moradores da capital procura o serviço público de saúde quando precisam de atendimento. Postos de saúde ou hospitais do SUS são a alternativa primária para 58% dos entrevistados. Outros 29,5% são atendidos por serviços conveniados a um plano de saúde e 12,5% fazem uso de serviços privados, mas um plano.

A avaliação do sistema de saúde de forma generalizada também foi perguntada aos entrevistados. Os dados mostram que há uma percepção mais positiva entre os que estão na cobertura de um plano de saúde. Entre eles, a classificação do serviço como ótimo ou bom está na casa de 29,7%, enquanto entre os usuários do SUS a estatística é de 21,6% e cai para 12,5% entre os que usam serviços particulares, mas sem plano de saúde.

O percentual de usuários do SUS que avaliam a oferta de atendimento médico como ruim ou péssima é de 38,4%. O número cai para 28% entre os conveniados de planos de saúde e sobe para 50% entre os que fazem consultas particulares, mas sem plano.

A avaliação foi feita levando em consideração o sistema de saúde como um todo e não apenas o utilizado pelo entrevistado. O resultado, como aponta o diretor do Opus, mostra que há uma percepção mais positiva da oferta de serviços médicos por quem não é usuário primário do SUS.

“O usuário do sistema público tem uma percepção pior do que o não usuário: 21% dos entrevistados que vão ao SUS avaliam o serviço como bom ou ótimo; já entre quem não conhece essa realidade, a visão de que o sistema de saúde é ótimo ou bom é de 29%. Há uma imagem para quem está de fora de que o atendimento é melhor do que para quem realmente está recebendo esse atendimento, é interessante notar isso”, avalia.

Dias ainda ressalta que a oferta de atendimento médico e as condições do sistema de saúde são um aspecto crucial para a administração de qualquer município e é importante que a prefeitura esteja atenta às demandas dos cidadãos. O pesquisador aponta que o serviço, entre os mais criticados na cidade, ainda pode estar relacionado aos impactos da pandemia e que é preciso averiguar a permanência do tema entre os mais citados e mal avaliados em pesquisas futuras.

“De maneira geral, a saúde é sempre um ponto nevrálgico para todas as prefeituras. É um serviço caro, complexo, que demanda profissionais qualificados e que nem sempre estão disponíveis para atender a população da forma ideal. É também possível que haja um efeito grande da pandemia na avaliação da saúde, até porque diversos exames e cirurgias eletivas foram postergados diante da urgência do coronavírus. Não sei como está a situação dessa fila atualmente, mas certamente isso pode ter afetado a resposta pela proximidade com momentos mais agudos da pandemia”, ressalta.

Outros problemas

Embora a mobilidade urbana e serviços de saúde concentrem quase metade dos temas apontados como principais problemas da cidade, na lista de empecilhos citados como prioritários, há outros aspectos. A segurança pública, por exemplo, foi apontada por 9,8% dos entrevistados

Na sequência estão limpeza urbana, mencionada por 3,3% dos entrevistados; escolas e creches, também com 3,3%; chuvas e alagamentos, com 2,8%; desemprego, com 2,8%; moradores de rua, com 2,5%; políticos com 1,5%; e moradias populares, com 0,8%. Citaram outros problemas 5,3% dos respondentes; 16,8% não souberam ou não quiseram responder à questão.

Os políticos da capital foram lembrados na hora de escolher o principal problema da cidade, mas por um percentual pequeno de moradores. Para o diretor do Opus, trata-se de um reflexo do momento vivido no país e da opinião pública em relação à categoria.

“A política e as demandas geralmente são cíclicas. Há alguns anos, houve uma onda muito forte antipolítica. Naquela época, diversos nomes que se colocavam como empresários e outsiders conseguiram ser eleitos, como foi o caso do governador de Minas, Romeu Zema (Novo), e do ex-prefeito de Belo Horizonte Alexandre Kalil (PSD). O que a gente tem percebido é que esse sentimento vem diminuindo ano após ano e hoje os políticos com mais experiência na gestão pública estão voltando a ter espaço e aprovação. Como disse, é uma questão cíclica e o cenário pode ser alterado, mas, hoje, isso pode ter influenciado nesse resultado de 1,5% das pessoas afirmando serem os políticos o principal problema da cidade”, explica.

Lazer aprovado

A oferta de lazer e cultura na capital foi avaliada como ótima ou boa por 42,5% dos entrevistados e tem a melhor aprovação entre os critérios analisados: educação, obras, assistência social, conservação de ruas, segurança, criação de empregos, saúde, trânsito e transporte público. Além dos já citados problemas de mobilidade urbana e serviços de saúde, a maior reprovação é a segurança pública, com 36% dos respondentes considerando o cenário ruim ou péssimo. A educação vem na logo após, com 31,3%, seguida por geração de empregos, com 27,8%.


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