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Estado de Minas ILHA DA PAZ

Conheça o parque de BH que brotou de um lixão e hoje é convite ao lazer

Inaugurado em 2008, Parque Nossa Senhora da Piedade, no Novo Aarão Reis, transformou ponto de descarte em área verde com nascentes e educação ambiental


07/08/2022 07:20 - atualizado 07/08/2022 08:18

Parque
Além do ambiente que é convite à contemplação, pista de skate, academia ao ar livre e quadras de modalidades diversas são opções bem conservadas para os adeptos de esportes (foto: Edésio Ferreira/EM/D.A Press)


Uma ilha de paz que faz qualquer um esquecer que está em área urbana e possibilita viajar nas paisagens de um dos mais belos parques de Belo Horizonte. O Parque Nossa Senhora da Piedade foi inaugurado em junho de 2008, no Bairro Novo Aarão Reis, Região Norte de BH. A obra foi parte do Programa de Recuperação Ambiental de Belo Horizonte, chamado Drenurbs/Nascentes, uma concepção inovadora em relação aos recursos hídricos no meio urbano, na qual se prioriza a reintegração dos cursos d’água à paisagem, em contraponto à canalização como solução de drenagem usada durante muito tempo.
 
Como resultado, em seus 58 mil metros quadrados, a área, que antes era usada para descarte irregular de lixo, detritos e entulho, tornou-se um espaço ocupado por vegetação diversificada, com nascentes preservadas que abastecem um lago, na entrada do parque, e dão origem a cursos d'água que fluem percorrendo toda a extensão do terreno.

Rosinete Rodrigues, microempreendedora
(foto: Edésio Ferreira/EM/D.A Press)

 

"É um lugar onde medito, pratico yoga, onde venho todos os dias. É muito bem cuidado e o ambiente é excelente"

Rosinete Rodrigues, microempreendedora

 
 
Um refúgio que atrai outros visitantes, além dos humanos: logo cedo, o espaço é ocupado por garças e mergulhões que voam da Pampulha para pescar no lago. Os mais observadores vão notar grande presença de pássaros, como beija-flores, sabiá, bicos-de-lacre, pombas-trocal, bem-te-vis, rolinhas, e até alguns tucanos – todos atraídos pelo grande número de árvores. São cerca de 100 pés de mangas, mais de 20 jabuticabeiras, goiabeiras, moitas de banana e 15 pitangueiras, além de pés de jambo vermelho, abiu, gabiroba, jatobá e graviola.
 
Referência em meio ambiente na Região Norte, o Parque Nossa Senhora da Piedade, que dispõe de uma unidade de educação ambiental, serviu como campo de pesquisas científicas da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), entre elas a que resultou no desenvolvimento de estrutura que permite maior permeabilidade para a água em regiões asfaltadas. Uma solução para alimentação do lençol freático em áreas densamente urbanizadas.

 Marcos Antônio Oliveira, jardineiro
(foto: Edésio Ferreira/EM/D.A Press)

 

"Já recebi oferta de trabalho próximo de minha casa, mas recusei. Adoro trabalhar aqui, nesse ambiente. É um descanso para a mente e a alma"

Marcos Antônio Oliveira, jardineiro

 
 
Maranhense de São Luís, Rosinete Rodrigues, de 48 anos, microempreendedora, classifica o lugar como “um dos melhores parques de BH”. “É um lugar onde medito, pratico yoga, onde venho todos os dias. É muito bem cuidado e o ambiente é excelente”, define. Há trinta anos morando em BH, Rosinete ainda lembra quando o local era depósito de lixo.
 
Mas os mais antigos se recordam de imagens ainda anteriores, que remetem a uma BH rural. “Praticamente nasci no bairro e lembro bem de quando aqui era uma pastagem e um curral, de antiga fazenda”, conta o aposentado Rogério Freitas, de 60, referindo-se à época que antecedeu o bota-fora. “Depois, com a revitalização, tornou-se parque ecológico, acho que dentro do projeto Manuelzão, que revelou o potencial ambiental do lugar”, afirmou, citando projeto criado em janeiro de 1997 por iniciativa de professores da Faculdade de Medicina da UFMG, com o propósito de lutar por melhorias nas condições ambientais que promovam qualidade de vida. “Venho quase todos os dias, ando de bicicleta, faço caminhada, tem muitas frutas. Esta época tem jatobá, depois, manga, ingá. Sou cidadão urbano, mas meu espírito é do mato”, revela o aposentado.

Cátia Gomes de Brito, dona de casa
(foto: Edésio Ferreira/EM/D.A Press)

 

"Vi este parque nascer e crescer, eram fazendas, e tudo foi reconstruído. Recomendo demais, tanto para exercício físico quanto para tirar fotos. Há paisagens bonitas"

Cátia Gomes de Brito, dona de casa

 
 

Jardineiro fiel 


Funcionário responsável pelos cuidados paisagísticos e de manutenção do espaço, Marcos Antônio Oliveira, de 42, fala com orgulho do seu trabalho e diz que se desloca, “com prazer”, já nas primeiras horas do dia, de sua casa em Betim, na Região Metropolitana de BH, para trabalhar na reserva. “Já recebi oferta de trabalho próximo de minha casa, mas recusei. Adoro trabalhar aqui, nesse ambiente. É um descanso para a mente e a alma.”
 
Além da rotina de regar todas as plantas, o que “leva uns dois dias”, o jardineiro tem cuidados especiais em períodos de estiagem. “Há plantas mais delicadas, que precisam de mais água. Temos uma variedade de plantas e flores, margaridas, camarão azul e vermelho, lírios... E também as frutíferas, jatobá, acerola, pau-doce, goiaba, manga, tem de várias espécies. Tem pé de manga-ubá com mais de 30 anos. Banana-prata, coquinho licuri... As pessoas podem consumir”, enumera.
 
Ilustração
 
 

Premiado

 
Em 2010, o projeto Drenurbs recebeu menção honrosa no Metropolis Awards, premiação organizada pela Associação Mundial de Maiores Metrópoles, que contemplou projetos e experiências que se concentravam na melhoria das condições ambientais para a população residente em regiões
urbanas.  
 

De ervas medicinais a plantas ornamentais 

 
De acordo com a Fundação Municipal de Parques e Zoobotânica (FMPZ), os jardins do Parque Nossa Senhora da Piedade foram ornamentados com plantas e flores decorativas. Neles podem ser observadas variedades como espada-de-são jorge, íris, a exótica flor de jade ou o manacá-da-serra, com flores brancas e rosadas. Há também cultivo de plantas medicinais, à disposição dos visitantes, como pata-de-vaca, utilizada no controle do diabetes, orelha-de-cachorro, que contém propriedades cicatrizantes, e a assa-peixe, que auxilia no tratamento de bronquite e pneumonia, entre outras.
 
Mas há outros atrativos, todos em muito bom estado de conservação e gratuitos, como quadras esportivas, brinquedos, trilhas ecológicas, pista de skate e uma academia ao ar livre. O parque ainda disponibiliza gratuitamente redes esportivas para fãs de peteca e vôlei. Para quem prefere a tranquilidade e a contemplação, existem caramanchões e áreas verdes para piqueniques.
 
Cátia Gomes de Brito, de 62 anos, dona de casa, conta que nasceu no bairro. “Vi este parque nascer e crescer, eram fazendas, e tudo foi reconstruído. Recentemente fizeram um 'up', deram uma pintura nos equipamentos e está excelente. Faço caminhada todos os dias. Recomendo demais, tanto para exercício físico quanto para tirar fotos. Há paisagens bonitas, por isso casais e gestantes fazem vídeos aqui”, explica.
 
Margarida Soalheiro, de 60, atriz e produtora cultural, mora no vizinho Bairro Guarani, mas também já se tornou fã do espaço. “Eu me mudei para região há um mês e descobri o parque, que passei a frequentar. A natureza aqui é privilegiada, o parque é limpo, bem cuidado, os funcionários muito receptivos e tem wi-fi gratuito. Como sou nova aqui, estou descobrindo aos poucos. Venho fazer caminhada, abre cedo, às 7h, e é um ambiente muito agradável, seguro, já vi famílias comemorando aniversário aqui”, testemunha.
 


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