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Estado de Minas INCÊNDIOS

Reforço no combate ao fogo

Minas vai receber agentes da Força Nacional para atuar nas florestas do estado. Especializado em prevenção, grupo formado por 70 homens chega este mês


02/07/2022 04:00 - atualizado 02/07/2022 00:21

Queimada na Serra do Cipó
Vegetação queimada é o rastro dos focos de incêndio que atingiram a região da Serra do Cipó nos últimos dias (foto: Edésio Ferreira/EM/D.A Press)


Os focos de incêndio que já atingem as matas em Minas Gerais, com destaque para a região da Serra do Cipó, deixam as equipes de combate a tragédias em alerta. As queimadas ainda estão dentro do nível normal, segundo o Corpo de Bombeiros, apesar de mais de 300 focos de incêndio terem sido registrados por brigadistas. A sequência de alta em incêndios nos últimos anos, no entanto, demandou uma atitude inédita. Pela primeira vez, Minas Gerais vai contar com o efetivo da Força Nacional para apoio no combate a queimadas.

Cerca de 70 homens especializados em áreas de prevenção e combate a incêndios florestais chegam a Minas a partir de 18 de julho. Eles integram a Operação Guardião dos Biomas, iniciativa do Ministério da Justiça e Segurança Pública que vai atuar ainda em outros 14 estados. O efetivo que chega é uma estratégia de prevenção, conforme orienta o capitão Warley de Paula Vieira Barbosa, do Batalhão de Emergências Ambientais e Respostas a Desastres, do Corpo de Bombeiros. “Incêndio não é algo que a gente consegue definir para se preparar para o pior cenário, então estamos nos precavendo”, diz. Mas ele reitera que a situação não deixa de ser preocupante.

O capitão Warley de Paula lembra que atear fogo em matas e florestas e causar incêndios ou queimadas é um crime sujeito a pena de reclusão de seis meses a 4 anos, além de multa.

Serra do Cipó

Cinco dias após o início dos focos de incêndio na área do Parque Nacional da Serra do Cipó, na região Central de Minas Gerais, é possível observar áreas queimadas até mesmo no acostamento da estrada que atravessa a reserva ambiental. O avanço das queimadas foi presenciado pela reportagem do Estado de Minas. O combate ao fogo, entretanto, é feito quase sempre em locais de difícil acesso, por uma rede de brigadas voluntárias que conta com o auxílio de helicópteros.

“Daqui em diante a tendência é piorar. Há qualquer momento pode acontecer. Os meses de agosto e setembro são os mais críticos”, declarou o músico Vilmar Aparecido, que há dez anos é integrante da Brigada Voluntária da Lapinha, mais conhecida como Guardiões da Serra.

Temor parecido é manifestado pelo capitão Warley de Paula, do Batalhão de Emergências Ambientais e Respostas a Desastres. “Esse período que se inicia agora é preocupante por causa da falta de chuvas, do aumento nas temperaturas, da diminuição da umidade relativa do ar. A vegetação fica mais seca e propensa a incêndios”, explicou. Ele pontua, no entanto, que o mais preocupante é a ação humana, ou seja, pessoas que colocam fogo e causam incêndios, sejam intencionais ou não.
Vilmar Aparecido, brigadista
O músico Vilmar Aparecido é brigadista na Lapinha e diz que 'tendência é piorar' (foto: Edésio Ferreira/EM/D.A Press)

Mobilização

Desde muito cedo, dedicados integrantes de outras brigadas de voluntários atuavam no combate ao fogo, com destaque na região entre o Alto Palácios e a Serra dos Alves. Pelas redes sociais, eles se demonstravam assustados com o avançar dos estragos. “Nem chegamos no auge da seca, porém nossa serra está queimando de todos os lados, assustador”, dizia uma mensagem. A mobilização tem sido constante entre as equipes. Além das duas entidades, também participaram dos combates a Brigada do ParnaCipó, Brigada do Parque da Serra do Intendente e Brigada de Conceição do Mato Dentro.

Apesar dos episódios recorrentes, os moradores da comunidade do Parque Nacional da Serra do Cipó não demonstraram tanta preocupação. Próximo à entrada principal, um jovem disse que não viu nenhum incêndio ao longo dos últimos dias, mas que eles são comuns nesta época do ano. Na avenida principal, o atendente de um restaurante também não soube dizer onde estavam os focos de fogo. Já a funcionária de uma loja de bebidas disse que seu pai, que trabalha no mirante vendendo cocos, saberia passar informações. Cerca de dez minutos depois, lá estava Samuel Fernandes de Araújo, sentado no muro que dá vista para boa parte da Serra do Cipó, ao lado do seu carro de coco. “Eu também já fui brigadista voluntário durante anos. Hoje apenas ajudo os demais integrantes informando quando vejo focos de incêndio aqui do mirante”, revelou.

A semana foi intensa e os colaboradores se revezam em turnos. Claudiney Luiz Da Silva disse que chegou em casa na noite da última sexta-feira, por volta de 20h, após mais um dia de combate. "Os fogos no momento estão extintos, mas a qualquer momento pode aparecer. O ano está atípico, com muito sereno, vegetação bem seca e muito vento", explicou.

Organismo Vivo

A força-tarefa criada no ano passado pelo governo estadual para combate a incêndios criminosos voltou a ser demandada na temporada atual. Desde junho, os trabalhos estão sendo realizados em várias partes de Minas, e seguem até outubro. As atividades envolvem a Polícia Militar, Polícia Civil, Corpo de Bombeiros, Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável (Semad) e Instituto Estadual de Florestas (IEF).

Para o tenente-coronel Sandro Vieira Corrêa, coordenador estadual adjunto de Defesa Civil, o índice atual de incêndios está dentro da média dos anos anteriores. “Mas o planeta é um organismo vivo e não temos condições de fazer estimativas”, avalia. “Ninguém imaginava que teríamos um período chuvoso tão grave no início do ano com 450 cidades em situação de emergência”, completa.



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