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Estado de Minas IMPASSE

BH: reabertura gradativa do Júlia Kubitschek é ineficaz, alerta Sind-saúde

Conforme a Fhemig, o retorno do atendimento na Unidade de Emergência do hospital será possível devido aos números positivos da vacinação em Minas


28/04/2022 21:15 - atualizado 28/04/2022 21:58

Situação precária do Hospital Júlia Kubitschek foi discutida em audiência pública no Barreiro
Situação precária do Hospital Júlia Kubitschek foi discutida em audiência pública no Barreiro (foto: Alê Ávila)
O anúncio feito pela Fundação Hospitalar do Estado de Minas Gerais (Fhemig), nesta quinta-feira (28/4), de que a Unidade de Emergência do Hospital Júlia Kubitschek voltará a atender a população gradativamente a partir de maio, não solucionará os problemas presentes na unidade, de acordo com o Sind-saúde.

 

O assunto, inclusive, é debatido nesta noite em audiência pública na Paróquia Cristo Redentor, localizada na Avenida Menelick de Carvalho, 180, na Região do Barreiro, em Belo Horizonte.

 

Conforme a Fhemig, o retorno do atendimento na Unidade de Emergência do hospital será possível devido aos números positivos da vacinação em Minas Gerais e à melhoria dos índices epidemiológicos relativos à pandemia. O hospital estava dedicado ao tratamento da COVID-19 nos últimos dois anos.

 

A Fundação Hospitalar do Estado de Minas Gerais explicou que serão abertos, inicialmente, já na primeira quinzena de maio, 30 leitos de enfermaria, funcionando como retaguarda para as Unidades de Pronto Atendimento (UPA's) referenciadas na Região Metropolitana. A reabertura completa, retomando a "porta aberta" (demanda espontânea), está prevista para julho deste ano. No momento, está em fase final a seleção para a contratação de médicos clínicos que irão integrar a equipe da Unidade de Emergência.

 

Em conversa com o Estado de Minas, a diretora-executiva do Sind-Saúde, Neuza Freitas, comentou o anúncio feito pela Fhemig.

 

"Ao anunciar a abertura de 30 leitos de enfermaria, funcionando como retaguarda para as UPA's referenciadas na Região Metropolitana, significa dizer que quem chegar na porta necessitando de atendimento médico terá que voltar para trás. É apenas para quem for destinado de UPA's e não pode ser dessa forma. Queremos que o hospital aberto para atender a população como ele sempre foi, inclusive lá dentro tem uma unidade de emergência", disse.

 

Ela ainda acrescentou que o hospital é caracterizado como porta aberta, ou seja, preparado para atender o público em geral.

 

"A unidade de emergência do Júlia é porta aberta. Hospitais desse tipo são reconhecidos por meio de uma portaria do Ministério da Saúde. São chamados Hospitais Porta Aberta de Emergência. Vamos supor que uma pessoa chegou lá com um infarto. Ao ser identificada a situação, essa pessoa deve ser encaminhada imediatamente para dentro do hospital para receber o atendimento. Da forma que eles estão colocando não vai funcionar, além de pedir um prazo até julho", ressaltou.

 

O prazo dado pela Fhemig de reabertura completa, retomando a "porta aberta" (demanda espontânea) prevista para julho também não resolve. O ideal seria de imediato, segundo Neuza Freitas. Ela ainda questiona a falta de servidores, a não realização de concurso público e a defasagem de atendimento nos Centros de Terapia Intensiva do Hospital Júlia Kubitschek.

 

"A emergência não espera e nós queremos esse atendimento já de imediato. Outra coisa, como eles vão explicar a questão do pessoal. O último concurso público foi realizado em 2009. O governo está pedindo mais dois meses para tentar resolver a vida sendo que ele não conseguiu solucionar nesse tempo todo. Ele esperou esvaziar o hospital para agora dizer que precisa de prazo até julho. O CTI de 40 leitos inaugurado em 2021 só tem 5 leitos funcionando hoje. No outro CTI, o CTI antigo de 10 leitos, só estão funcionando cinco. Ou seja, dos 50 leitos de CTI do hospital, apenas 10 têm pacientes. Isso é grave demais e as pessoas não estão entendendo", ponderou.

 

E não são apenas esses os problemas no Hospital Júlia Kubitschek, diz a diretora-executiva do Sind-Saúde.

 

"Temos também um ambulatório de atendimento à saúde da mulher que o governo já determinou o fechamento e isso só não aconteceu porque os médicos estão fazendo revezamento para atender as demandas. Outra questão, as obras inacabadas que não se referem apenas ao bloco cirúrgico. A falta de insumos que é muito grave. Como foi feito o processo de licitação? Nesta audiência pública solicitamos intervenção do Tribunal de Contas, pois onde está todo o dinheiro para ser investido no Júlia Kubitschek nesses últimos anos? Queremos saber onde foi investido esse dinheiro? Dizem que R$ 51 milhões serão aplicados aqui, mas como? Não temos acesso a projetos e já cobramos a direção do hospital, mas não nos retornam. A grande verdade é que o Governo de Minas anunciou hoje algo para a população imaginar. Estamos pedindo a abertura da porta de emergência do Hospital Júlia Kubitschek para atender a população como um todo", concluiu.

 

Durante a audiência pública, a Deputada Ana Paula Siqueira (Rede), presidente da Comissão de Defesa dos Direitos da Mulher, da Assembleia Legislativa de Minas (ALMG), destacou os impactos do fechamento dos setores de urgência e emergência do Júlia Kubitschek.

 

"Neste momento de tantas vulnerabilidades não é hora de encerrar atendimentos, mas de garantir a prestação do serviço da saúde pública, de fortalecer o SUS. O setor de urgência havia sido fechado para atendimentos de porta aberta no início da pandemia para focar na COVID, contudo, agora que não faz mais esses atendimentos, também não retoma o pronto-socorro. Segundo os servidores, em média, eram atendidas 250 pessoas por dia. Isso nos dá a ideia do tamanho da desassistência. Nossa cobrança é pela retomada integral dos atendimentos e a garantia de que nenhuma ala será fechada. O Júlia é referência não para o Barreiro, região super populosa, mas para toda região metropolitana", disse a parlamentar.

 

Na audiência, diversos moradores usurários do hospital demonstraram preocupação. A deputada afirmou ainda que só em julho o hospital irá retomar o atendimento de porta aberta à população.

 

"Essa resposta não atende aos usuários do Júlia que precisam do pronto-socorro. Se a cada dia eram atendidas 250 pessoas, até julho, quantas deixarão de ser atendidas? Enquanto isso, a UPA fica sobrecarregada. Nas próximas semanas iremos realizar uma visita técnica no hospital pela Comissão de Defesa dos Direitos da Mulher. Além da questão da urgência, o Estado determinou o fechamento imediato do ambulatório da saúde da mulher, que atende gestações de risco e meninas e mulheres vítimas de violência sexual", afirmou a deputada Ana Paula Siqueira.


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