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Estado de Minas 'A GENTE SABE COMO ESTÁ POR DENTRO'

Divinópolis vive a torturante espera pela inundação: 'muito triste'

Clima é de apreensão entre moradores ribeirinhos; água do Rio Pará deve invadir imóveis em Divinópolis e Carmo do Cajuru


10/01/2022 20:10 - atualizado 11/01/2022 14:16

Usina do Gafanhoto
As águas da barragem de Cajuru descem para Divinópolis e passam pela Usina do Gafanhoto (foto: Amanda Quintiliano)
O clima não poderia ser outro: apreensão. Mesmo com sorriso no rosto, a moradora do Bairro Candelária, em Divinópolis, no Centro-Oeste de Minas, diz estar com o coração apertado. Joana d’Arc Tavares e várias famílias ribeirinhas foram orientadas a deixar imediatamente o imóvel, nesta segunda-feira (10/1), devido ao risco de inundação.
 
A vazão das comportas da barragem de Carmo do Cajuru, município vizinho, será ampliada gradativamente podendo chegar a 450 metros cúbicos. No final da tarde de hoje chegou a 500 metros cúbicos por segundo de afluência do reservatório e poderia atingir 630 até amanhã (11/1). 
  
Joana já colocou os móveis e eletrodoméstico para cima. Separou os itens essenciais, como documentos. Ao lado dos filhos que tentam convencê-la a ir algumas ruas para cima, ela ainda não está disposta a sair de casa. “Teimosa”, afirma com o sorriso que disfarça o medo. 
 
A resistência é reflexo de quem já enfrentou pelo menos outras cinco enchentes. “Teve vez de perder muita coisa. Guarda roupa”, relembra. São 33 anos morando no mesmo local que, segundo ela, trazem “experiência”.

“A gente fica de olho, observando, porque a gente tem um pouquinho de experiência pelo tempo que mora aqui. A água não vem de uma vez como uma tromba d’água, ela vem vindo, rápido, mas assim, ali perto do gol, quando você vê que ela está ali você junta os trem e sai porque sabe que ela está vindo”, conta deixando escapar a apreensão.

Joana d'Arc Tavares
Dona Joana sorri, mas não esconde a apreensão de quem já passou por cinco enchentes (foto: Amanda Quintiliano)

“Eles acham que estou muito sossegada, mas a gente sabe como está por dentro da gente. A gente fica na expectativa: vai dar certo”.

Com menos segurança e mais apreensiva, Paula Cristina, moradora há 35 anos do bairro, resume em uma palavra: “tristeza”. Além de improvisar para proteger os móveis de casa, ela também precisou repetir todo o trabalho no cômodo do comércio que tem ao lado.

“Temos que tirar as coisas, fica esperando essa água vir. Já estamos nesta tortura há uma semana, vem e não vem. Agora tirar tudo, é muito triste”, desabafa.
 
Ela, o marido e os dois filhos, de 8 e 14 anos, vão para casa de parentes.

Enquanto a reportagem esteve no local, o movimento da rua era intenso. Moradores se misturavam entre as equipes e máquinas de suporte da prefeitura. A cada esquina, um aglomerado de pessoas.

Em uma casa, a filha de um casal de idosos estava sentada aguardando a hora de ir embora. Ela já tinha tirado os pais do imóvel e levado para um local mais seguro.

Quem mora na parte mais alta também não escondeu a curiosidade e desceu algumas ruas para ver a situação. 
 
Comércio em Divinópolis com móveis para cima com medo de chuva
Paula levantou os móveis do comércio que tem no bairro para tentar evitar prejuízos (foto: Amanda Quintiliano)


Apoio


Técnicos da Defesa Civil e servidores da Secretaria Municipal de Serviços Urbanos estão na região mais alagável do bairro. Um ponto de apoio também foi criado.

“A gente pede que a população deixe suas casas, pegue os documentos, siga as placas de rota de fuga que foram instaladas no ano passado e vai para o ponto de encontro e procure a Defesa Civil que está no bairro”, destaca o secretário de trânsito e transporte, Lucas Estevam.

Mais cedo, a vice-prefeita Janete Aparecida (PSC) também esteve no bairro orientando os moradores. Ainda não há um número oficial, mas estima-se que 55 famílias estejam desalojadas em Divinópolis desde o final da semana passada.


Alerta


Além do Bairro Candelária, em Divinópolis, a ampliação da vazão também coloca em risco ribeirinhos de Carmo do Cajuru, onde fica localizada a barragem.

“Vai existir inundação nas partes mais baixas do nosso município, próximo da nossa prainha. Avisamos a população ribeirinha, que é pouca que temos aqui dentro do nosso município, mas avisamos que todos desocupem as suas casas”, diz o prefeito Edson Vilela.

O nível da barragem está subindo 4 centímetros por hora.

*Amanda Quintiliano especial para o EM


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