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Estado de Minas PANDEMIA

BH vai abrir 70 leitos para deter pressão nos hospitais

Novas vagas de enfermaria serão abertas até o fim de semana, diante do duplo efeito de indicadores da COVID e do avanço da síndrome gripal


04/01/2022 19:50 - atualizado 05/01/2022 00:09

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Remanejamento de leitos será necessário para evitar piora do atendimento na rede hospitalar, já turbinado pelos casos de gripe que mobilizam as UPAs (foto: Juarez Rodrigues/EM/D.A Press)
Com 75,1% de todas as enfermarias dedicadas ao tratamento de pacientes com a COVID-19 ocupadas e lotação máxima das vagas disponíveis na rede do Sistema Único de Saúde (SUS), Belo Horizonte se prepara para mais um round da batalha contra o novo coronavírus.

Após a capital ter registrado a volta ao nível de alerta de todos os indicadores da doença respiratória, até o fim de semana, a prefeitura (PBH) vai ampliar a capacidade de internação dos hospitais por meio do remanejamento de 70 leitos, informou ao Estado de Minas o secretário Municipal de Saúde, Jackson Machado Pinto.

 
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Ao reconhecer que o atual cenário da pandemia na capital inspira mais cuidados, o secretário atribuiu o novo aumento da pressão sobre os serviços de saúde sobretudo à escalada dos casos de Influenza A/H3N2, cujos sintomas gripais se confundem com os da COVID-19. Já para especialistas ouvidos pela reportagem, a capital está prestes a enfrentar nova onda da doença respiratória impulsionada pela variante Ômicron.

Após as festas de fim de ano, a velocidade de contágio pelo vírus na cidade, medida pelo chamado fator RT, evoluiu de 1,1 em 23 de dezembro para 1,18 na segunda-feira e 1,17 ontem. Os casos da síndrome gripal subiram 107% no período de uma semana, submetendo a população a horas de espera por atendimento em várias unidades de pronto-atendimento (UPAs) de BH.

A capital mineira conta com um total de 7.318 enfermarias, das quais 4.471 disponíveis no SUS e 2.847 ofertadas em instituições privadas. Desse universo, 466 vagas são exclusivas para atender pessoas infectadas pelo coronavírus – 220 na rede pública e 246 na particular. Nos hospitais públicos, a lotação é de 105%, conforme boletim epidemiológico divulgado ontem pelo município.
 
Contudo, Machado Pinto acredita que uma porção considerável de pacientes internados foram contaminados pela nova cepa de Influenza, não pelo Sars-Cov-2. “Os sintomas das duas viroses são muito semelhantes. Então, quando a pessoa precisa ser hospitalizada, ela permanece isolada na ala de COVID enquanto aguarda o teste confirmatório. Muitos diagnósticos de COVID serão descartados em breve, eu não tenho dúvidas”, afirma o secretário.

Restrições

Na avaliação sobre o novo aumento dos indicadores da COVID-19, Machado Pinto pondera que é preciso considerar a redução sensível do número de leitos hospitalares dedicados ao tratamento de pacientes infectados desde o segundo trimestre do ano passado, com a melhora dos indicadores da doença. Essa diminuição influencia na base da análise entre a taxa de ocupação das enfermarias nos últimos dois dias, quando o município voltou ao nível de alerta vermelho (superior a 70%), e aquela registrada no pico da pandemia, em abril. De fato, o nível vermelho, considerado o mais perigoso, não era alcançado desde 9 de abril. Na ocasião, porém, a cidade contava com mais de 2 mil vagas exclusivas para tratar pessoas com a COVID-19.
 
“Em números absolutos, temos, obviamente, muito menos pessoas hospitalizadas. A situação não é a mesma do auge da pandemia. No entanto, esperamos o melhor, ao mesmo tempo em que nos preparamos para o pior. Por isso, vamos remanejar os leitos e acompanhamos o cenário com muita cautela. Mas eu não diria que o cenário é de ‘alerta máximo’. É de alerta”, pondera o gestor.
 
Questionado pelo EM sobre a possibilidade de restrição das atividades econômicas na capital, Machado Pinto diz que a medida ainda não foi cogitada. “Não faz sentido penalizar ainda mais a economia antes do remanejamento de leitos. Por enquanto, isso não está nos planos. Até porque, os pacientes apresentam quadros clínicos leves”, explicou. Sobre a exigência do passaporte da vacinação para a entrada em estabelecimentos do município, o secretário diz que a medida é discutida nas reuniões do comitê, mas evitou fazer considerações a respeito do polêmico assunto.

'O vírus não se cansou'

O olhar do infectologista Estêvão Urbano para o cenário pandêmico de BH é menos otimista. Para o médico, a capital vive o início de uma nova onda de COVID-19, a exemplo do que ocorre em países como Israel e Alemanha. “Só não sabemos ainda qual será o impacto dentro dos hospitais. Nos prontos-socorros, o atendimento já está impactado. O Brasil deve seguir os passos do resto do mundo, que já está lidando com a nova onda há alguns meses, impulsionada pela variante Ômicron. Ao menos, esta é menos letal, apesar de mais contagiosa”, diz.
 
Urbano credita a alta de casos da doença não só ao fato de as pessoas terem relaxado com as medidas de proteção contra o vírus durante as festas de fim de ano, quanto ao que considera ser um descuido geral da população. “É como se a pandemia já tivesse acabado, né? Essa onda é pedagógica. Mostra que a gente já se cansou do vírus, mas ele ainda não se cansou da gente”, comenta.
 
O aumento das infecções pelo coronavírus, somado à escalada dos casos de gripe preocupa o infectologista. “O sistema de saúde, com certeza, fica mais pressionado, já que são doenças respiratórias. Não precisamos viver mais uma roleta russa, de quem vai se infectar e morrer, e de quem vai sobreviver. Por isso, é fundamental manter todos os cuidados. Principalmente, evitar aglomerações e usar máscara”, recomenda.

Em Minas O número de casos de COVID-19 atingiu 2.410 em 24 horas até ontem e houve 15 mortes provocadas pela doença no período, segundo o boletim epidemiológico da Secretaria de Estado de Saúde (SES-MG). Na comparação com o balanço do fim de semana, divulgado na segunda-feira, quando de contaminados somavam 2.179, houve crescimento de 231 diagnósticos. Desde o início da pandemia em março de 2020, o coronavírus infectou 2.228.574 pessoas no estado e 56.683 perderam a vida.



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