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Estado de Minas AEDES AEGYPTI

Dengue: só uma região de BH está abaixo do índice de atenção

Segundo levantamento da prefeitura da capital sobre incidência do mosquito transmissor, 81% dos focos estão em ambiente domiciliar


24/11/2021 15:21 - atualizado 24/11/2021 17:36

Quadro mostra índice de infestação do Aedes Aegypti por regional de BH
Índice de infestação do Aedes Aegypti por regional de BH (foto: PBH/Reprodução)
Mesmo com as atenções ainda voltadas para a pandemia do coronavírus, a dengue não dá trégua, e, neste verão, poderá haver novos surtos em Belo Horizonte, caso medidas preventivas não sejam tomadas desde já.

LEIA TAMBÉM: Minas se preparara para enfrentar o Aedes Aegypti

O Levantamento Rápido de Índices para Aedes aegypti (LIRAa) de outubro de 2021, divulgado nessa terça-feira (23/11) pela PBH demonstra que 1,9% dos imóveis pesquisados na capital estavam com a presença da larva do mosquito.

Isso significa que a cada 100 imóveis visitados pela Secretaria Municipal de Saúde em toda a cidade, em dois foram encontrados focos. O levantamento foi feito em cerca de 45 mil imóveis e apontou que 81% dos focos do mosquito estão em ambiente domiciliar. 
 
Segundo o infectologista e diretor-médico da Target Medicina de Precisão, Adelino de Melo Freire Jr, estudos demonstram que há um ciclo, a cada três anos, de maior incidência da doença provocada pela picada do mosquito.

"Considerando que o último surto foi em 2018, este é um momento epidemiológicamente de queda de imunidade. Momento de atenção redobrada, já que a dengue causa impacto muito grande para o sistema de saúde. O indicador da capital é considerado de médio risco, mas é preciso estar atento à prevenção e conscientização da população para que não haja uma evolução de maior gravidade do quadro atual." 

O LIRAa apontou que apenas a Região Centro-Sul, entre as nove regionais da capital mineira, apresentou índice de 0,7%, única regional abaixo de 1%, índice tolerável de infestação larvária recomendado para minimizar o risco de epidemia, de acordo com a padronização do Ministério da Saúde. As demais regiões estavam acima de 1 e abaixo de 4, o que é considerado risco médio. A Pampulha apresentou maior incidência, com 2,7%. 
 
O levantamento identifica as áreas da cidade com maior ocorrência de focos do mosquito e os criadouros predominantes. Os seis principais encontrados foram: 23,9% em inservíveis (lotes vagos, casas abandonadas, psicinas ou poças com água parada etc); 22,7% em pratinhos de plantas; 9,9% em recipientes domésticos; 8,7% em barris/tambores;  8,6% em pneus; e 5,7% em caixas d'água. 
 

Outras doenças


Com o resultado do LIRAa, há direcionamento nas ações de combate à dengue, zika e chikungunya, com intensificação nas regiões com maior infestação. "Os trabalhos são realizados em todo o município. Com o LIRAa vamos intensificar uma determinada ação em pontos de atenção, como exemplo, onde o criadouro predominante foi inservível vamos ampliar os mutirões de limpeza. Com relação aos pratos de plantas, os Agentes de Combate a Endemias, que já repassam essa orientação, darão mais ênfase durante as vistorias nos imóveis", explica o subsecretário de Promoção e Vigilância em Saúde, Fabiano Pimenta. 
 
De acordo com a prefeitura, durante todo o ano os agentes de combate a endemias percorrem os imóveis reforçando as orientações sobre os riscos do acúmulo de água e que podem se tornar potenciais criadouros do mosquito, além de orientar sobre como eliminar estes criadouros e, se necessário, fazer a aplicação de biolarvicidas. Em 2021, foram realizadas cerca de 3,2 milhões de vistorias dos Agentes de Combate a Endemias com esse objetivo.  
 
A Secretaria Municipal de Saúde informou que mantém a aplicação de inseticida a Ultrabaixo Volume (UBV) para o combate a mosquitos adultos em áreas com casos suspeitos de transmissão local e em função de uma avaliação ambiental pelas equipes de Controle de Zoonoses.

Em 2021, foram realizadas ações com uso UBV em cerca de 7 mil imóveis. O produto tem o objetivo de eliminar o mosquito em sua fase adulta, em que o vírus pode ser transmitido. A aplicação é realizada com equipamentos especiais e o trabalho ocorre, de preferência, pela manhã ou no final da tarde. 
 

Drones se tornaram aliados no combate ao mosquito 

 
O infectologista Adelino Jr. ressalta o uso de novas tecnologias no combate aos focos do mosquito. "Hoje, usam-se drones. Antes, os agentes precisavam praticamente invadir casas e terrenos no combate ao focos. Esse recurso é muito importante."

Segundo a PBH, em 2020, foi assinado termo de cooperação para o uso de drones, que tem facilitado a identificação de possíveis focos em locais de difícil acesso para as equipes. Os equipamentos também são utilizados para a aplicação de larvicida diretamente nos locais de risco, quando são de difícil acesso para a equipe de zoonoses. Foram realizados 106 sobrevoos com a identificação de quase 8 mil prováveis focos em potencial nas nove regionais do município.  
 
Outra ação são as liberações progressivas dos mosquitos com Wolbachia em todas as regiões do município. O método é complementar às demais ações de controle e prevenção da dengue, zika e chikungunya.

A Wolbachia é um microrganismo intracelular e não pode ser transmitida para humanos ou animais. Mosquitos que carregam o microrganismo têm a capacidade reduzida na transmissão das arboviroses, diminuindo o risco de surtos des tr~es doenças e da febre amarela. Segundo o município,  esse método não envolve qualquer modificação genética do vetor.
 
Adelino Jr. explica ainda que a dengue é uma doença, na maioria dos casos, de quadro moderado, sem necessidade de internação ou tratamento mais intenso. Mas atinge milhares de pessoas.

"É o mesmo caso do coronavírus. Acomente grande parte da população, com grande impacto no sistema de atendimento, com exames de sangue, hidratação em observação, o que sobrecarrega e dá mais trabalho. Nos dois anos subsequentes ao de maior ocorrência há uma certa imunidade que protege a população de situações mais graves."
 

Sintomas podem ser parecidos com COVID-19

 
O médico infectologista chama a atenção para os sintomas que são de quadro viral agudo, os mais comuns são mal-estar, dor de cabeça, mas também dor articular, dor atrás dos olhos, manchas no corpo. "Alguns são confundidos com COVID, mesmo que não tenha quadro respiratório. Portanto, precisa ser investigado tanto para COVID quanto para dengue, o que impacta o sistema."

Adelino diz ser complexo avaliar se a população vem respondendo às campanhas contínuas de prevenção. "Assistimos ano a ano a essas campanhas de orientação, mas os lixos continuam se acumulando em ruas e lotes vagos, com as chuvas chegando os problemas de escoamento de água são os mesmos, a sujeira está em todos os cantos. Não acredito que a população tenha se cosncientizado a ponto de mudar de atitude."
 
De acordo com a ONG Médicos Sem Fronteiras, a dengue é causada por um arbovírus (vírus transmitidos por artrópodes) que se apresenta em quatro tipos diferentes: DEN-1, DEN-2, DEN-3 e DEN-4. Atualmente, os quatro sorotipos circulam no Brasil intercalando-se com a ocorrência de epidemias, geralmente associadas com a introdução de novos sorotipos em áreas anteriormente não atingidas ou alteração do sorotipo predominante.
 
O vírus é transmitido pela picada de mosquitos da espécie Aedes que também são responsáveis pela transmissão da chikungunya, febre amarela e zika. A dengue pode ter diferentes apresentações clínicas e de prognóstico imprevisível. Os primeiros sintomas aparecem de quatro a 10 dias depois da picada do mosquito infectado.
 

Curado tem imunidade apenas para o vírus que o infectou

 
Uma infecção curada de dengue confere ao paciente imunidade contra o tipo de vírus responsável. Por existirem quatro tipos diferentes de vírus, para estar totalmente imunizado, é necessário ter tido contato com todos eles. Caso contrário, a cada contágio com um novo tipo de vírus, os sintomas são mais intensos e o risco de desenvolver a dengue grave é mais alto.
 
O diagnóstico da dengue é feito mediante sorologia para determinar a presença de anticorpos contra o vírus no sangue, mas não determina especificamente qual tipo de vírus é responsável pela infecção. Métodos de biologia molecular mais elaborados podem ser utilizados para detectar as proteínas do vírus.
 
Não existe tratamento específico para dengue. Os cuidados terapêuticos consistem em tratar os sintomas: combater a febre e, nos casos graves, realizar hidratação por via intravenosa. O atendimento rápido para a identificação dos sinais de alarme e o tratamento oportuno podem reduzir o número de óbitos, chegando a menos de 1% dos casos, de acordo com a MSF.
 


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