Jornal Estado de Minas

ESPERANÇA E ALERTA

COVID-19: contágio recua e desafoga leitos, mas cepas preocupam

Com a ampliação do acesso às vacinas contra a COVID-19 em todo o Brasil, os equipamentos de saúde ganham fôlego diante da tendência de queda mostrada pelas taxas de ocupação de leitos das unidades de terapia intensiva (UTIs) e de enfermarias. São os primeiros sinais de que a campanha de vacinação surte efeito. Em Belo Horizonte, já é percebido o alívio em hospitais, unidades de pronto-atendimento (UPAs) e centros de saúde, como constatou no começo de julho a reportagem do Estado de Minas.





No entanto, engana-se quem pensa que a pandemia está no fim. O perfil das vítimas do coronavírus tem sido dominado pela população mais jovem, ao passo que avançou a vacinação de pessoas mais maduras – sobretudo aquelas que pertencem ao grupo de risco. O outro prato da balança dos indicadores da pandemia é que desequilibra a luta pelo controle da doença, diante do surgimento e da proliferação de novas variantes.

A cepa Delta, descoberta originalmente na Índia, foi identificada pela primeira vez no Maranhão, em maio, e também registrada em São Paulo. A mutação preocupa a Organização Mundial da Saúde (OMS) e provocou o adiamento do fim das restrições contra o coronavírus no Reino Unido, assustando também na Alemanha.

É significativa a redução do número de internações e de óbitos provocados pela infecção, como observa o infectologista Carlos Starling, mas há muita incerteza da ciência quanto ao poder da nova cepa, sobretudo a Delta, assim como a capacidade das vacinas de neutralizá-la.



Em Minas Gerais, a Secretaria de Estado de Saúde (SES-MG) estima a ocupação das UTIs dedicadas ao tratamento de pacientes contaminados pelo coronavírus em 57,75%, e o uso dos leitos nas enfermarias é de apenas 14,6%, em média.

Sinais de recuo no Amazonas

O EM  analisou dados dos últimos seis meses do Portal da Transparência do Registro Civil, que reúne informações sobre o número de mortes por suspeita ou confirmação de COVID-19. Um dos estados mais castigados pela doença, o Amazonas, que sofreu com a falta de oxigênio em janeiro, e teve prioridade no recebimento de doses de vacina, viu queda generalizada do número de mortes.

Entre 1º de janeiro a 1º de abril último, haviam sido registrados 648 óbitos de pessoas com idade entre 40 a 49 anos no Amazonas, universo reduzido para 122 entre 2 de abril e o dia 12 deste mês. A queda foi de 81%. Outros 945 óbitos de pessoas entre 50 e 59 anos haviam sido constatados na primeira metade da pesquisa, enquanto na segunda foi de 193 mortes, refletindo baixa de 79,5%.





A redução é ainda maior quando observada a faixa etária de 60 a 69 anos. Ao todo, 1.366 mortes haviam sido registradas entre janeiro e abril, dado que caiu para 164 até 12 de julho, representando redução de 87%. Comportamento na mesma linha foi verificado nas faixas entre 70 e 79 anos e de 80 a 89 anos.



Em 14 de janeiro, o Portal da Transparência registrou 139 mortes por COVID-19, e naquele mesmo dia  o governo do Amazonas divulgou boletim informando a descoberta de 3.816 casos, além de 51 mortes e o registro de 87 sepultamentos em Manaus. A capital, por exemplo, não registrou perda diária de vidas em junho, após sete meses. Em janeiro, havia 1.581 pacientes internados com a doença, sendo 518 em leitos de UTI, números que caíram para 385 e 201, respectivamente.
 

Redução de mortes de idosos em Minas 

Em Minas, o destaque do levantamento feito no Portal da Transparência foi a diminuição das mortes na faixa etária de 80 a 89 anos, de 3.497 no período de janeiro a abril para 2.671 de 2 de abril a 12 deste mês. No Rio Grande do Sul, o número de óbitos de pessoas com 60 até 69 anos caiu 13%, uma vez que entre janeiro e abril foram 3.016 vidas perdidas, enquanto de abril até 12 de julho foram 2.607. Ocorreu redução, também, na mortalidade de idosos entre 70 a 79 anos.





O Portal da Transparência havia registrado, em 16 de março, 353 mortes por suspeita ou confirmação de COVID-19 naquele estado, o maior índice registrado durante a pandemia. A capital, Porto Alegre, por exemplo, chamou a atenção do Brasil ao ter hospitais adquirindo contêineres para armazenar corpos.


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Também houve destaque para a situação de Santa Catarina, que, assim como o Rio Grande do Sul, viu o perfil de vítimas da COVID-19 mudar, com aumento de mortes de pessoas com até 59 anos. Entre abril e julho, houve aumento de 87% no número de óbitos de pessoas com 40 a 49 anos, enquanto o índice de aclive em relação ao público entre 50 a 59 anos foi de 58%. Ao todo, houve  reduções de 4% em relação às vítimas com 60 a 69 anos,e de  31% nas mortes de pessoas com idades entre 70 e 79 anos.

Chapecó, no Oeste catarinense, onde o prefeito João Rodrigues (PSD) – aliado do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) – pregou o chamado tratamento precoce, que não tem comprovação científica, registrou fila de carros funerários para retirada de corpos no Hospital Regional Oeste. Em 1º de março, o Portal da Transparência registrou o pico de mortes confirmadas ou por suspeita de COVID-19, com 18 notificações. Naquele dia, foram 321 internados na cidade. No último dia 13, 109 pacientes estavam hospitalizados.





Vacinação contra COVID-19 no Brasil

Até a quinta-feira da semana passada, o Brasil já havia aplicado 118.886.610 doses de imunizantes contra a COVID-19, sendo 86.582.711 como a primeira etapa e outros 32.303.899 como segunda injeção. Somente no Amazonas, foram aplicados 2.290.650 unidades. A cobertura da primeira dose representa 58,8% da população com idade superior a 18 anos, enquanto a da segunda dose representa 34,1%. Ao todo, 20,9% da população já completou o esquema vacinal.

Em Minas, dados da SES/MG indicam que 8.444.802 pessoas receberam a primeira dose de vacina contra o coronavírus. Delas, 2.881.326 já foram imunizadas com a segunda dose, completando o esquema vacinal. Outras 207.783 receberam a dose única do imunizante da farmacêutica Janssen. Da população total do estado, 39,66% receberam a unidade inicial do ciclo e 14,51% foram imunizados com as duas doses e dose única.

Em 9 de julho, a Fundação Oswaldo Cruz divulgou estudo que mostrou que a efetividade da vacina da farmacêutica AstraZeneca com pelo menos a primeira dose, na faixa etária de 60 a 79 anos, foi de 81,7%, enquanto que para pessoas de 80 anos ou mais foi de 62,8%. Para a vacinação com CoronaVac, até o momento, com pelo menos a primeira dose, a efetividade para a faixa etária de 60 a 79 anos foi de 70,3% e para faixa com 80 anos ou mais foi de 62,9%.



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