(none) || (none)
UAI
Publicidade

Estado de Minas ANIVERSÁRIO

Tradicional toque dos sinos vai marcar os 310 anos de Ouro Preto

A sinerata em toque festivo vai anunciar o início da comemoração, nesta quinta (8), dos 310 anos da elevação dos arraiais mineradores à Vila Rica de Ouro Preto


07/07/2021 17:05 - atualizado 08/07/2021 00:24

O sino da Igreja de Nossa Senhora das Mercês vai participar da sinerata em Ouro Preto, nesta quinta-feira, às 12h(foto: Ane Souz/Divulgação)
O sino da Igreja de Nossa Senhora das Mercês vai participar da sinerata em Ouro Preto, nesta quinta-feira, às 12h (foto: Ane Souz/Divulgação)
Existem muitas formas de expressar alegria ao comemorar um aniversário. Um grupo de 20 sineiros encontraram na linguagem do toque dos sinos a forma de dizer parabéns aos 310 anos de elevação dos arraiais mineradores à cidade de Vila Rica.

O toque festivo do badalar dos sinos vão ressoar em 11 igrejas do perímetro do centro histórico de Ouro Preto em uma sinerata, marcada para esta quinta-feira (8/7), às 12h, sendo que os repiques também vão homenagear os profissionais da saúde.
 
Presente em várias transformações sociais, políticas e culturais da antiga Vila Rica, atual Ouro Preto, os sinos, os toques e os sineiros serviram de mensageiros e marcaram o ritmo dos acontecimentos.

Um deles é o sino da capela de Nossa Senhora do Rosário dos Homens Brancos, mais conhecida como capela do Padre Faria.  
 
De acordo com a secretária de Cultura e Patrimônio de Ouro Preto, Maria Margareth Monteiro, o sino da capela de Padre Faria já foi um instrumento de comunicação relevante.

Em 12 de maio de 1792, quando a cabeça Joaquim José da Silva Xavier, Tiradentes, foi exposta no centro da Praça Santa Quitéria, hoje Praça Tiradentes, todos os sinos tocavam toques festivos em comemoração à morte de um traidor da coroa portuguesa. 

No entorno da capela de Padre Faria, onde moravam os escravos, o religioso e sua comunidade protestaram contra os desmandos de Portugal por meio dos sinos, com toques fúnebres.
 
“O ilustre e antigo comunicador vai participar da sinerata e, após o evento, será retirado da capela e passará por um processo de restauração. Depois de restaurado, o sino vai ser uma das atrações da Bienal de São Paulo, marcada para 2022, em que será comemorado o bicentenário da Independência”.
Após a festividade, o sino da capela de Padre Faria será retirado e passará por um processo de restauração. Depois de restaurado, será uma das atrações da Bienal de São Paulo, marcada para 2022(foto: Ane Souz/Divulgação)
Após a festividade, o sino da capela de Padre Faria será retirado e passará por um processo de restauração. Depois de restaurado, será uma das atrações da Bienal de São Paulo, marcada para 2022 (foto: Ane Souz/Divulgação)
 
O ofício de sineiro tem resistido ao tempo em algumas cidades, mantendo a tradição – muitas igrejas substituíram o trabalho manual do toque por equipamentos eletrônicos.
 
O ouropretano Thiago Viana Neves, de 25 anos, vai participar da orquestra dos sinos e conta que após se unir a outros sineiros, em 2013, e criarem Associação dos Sineiros de Ouro Preto, descobriram registros de documentações musicais dessa tradição de sinerata feita em outras épocas, e que foi esquecida durante um período.
 
"Decidimos, desde então, resgatar essa tradição. Para nós, é muita alegria fazer a sinerata dos 310 anos e fortalecer os vínculos do povo com o passado que nos trouxe até a Ouro Preto de 2021”.
 

Linguagem do toque é Patrimônio

O Toque dos Sinos em Minas Gerais só foi reconhecido como patrimônio nacional em 2009. O Conselho Consultivo do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) aprovou o pedido de registro dessa manifestação cultural após a união dos sineiros de diversas cidades históricas de Minas Gerais, que mostraram a necessidade de proteção desse bem cultural.
 
Thiago Viana destaca que, atualmente, a discussão sobre os desafios do ofício dos sineiros é como trazer novas pessoas para perpetuar a cultura e manter a tradição dos toques.

Para o sineiro, as pessoas têm um apego às questões tecnológicas e não entendem que os sinos também são um meio de comunicação e que ainda podem divulgar notícias no calor dos acontecimentos.
 
“A associação em Ouro Preto anda inativa e estamos em processo de revalidação do título de patrimônio nacional, que acontece de 10 em 10 anos e já deveria ter acontecido”.
 
Segundo Viana, o processo de revalidação do título nas nove cidades inventariadas pelo Iphan é obrigatório a cada 10 anos, isso pela própria dinâmica dos processos culturais e suas transformações. Esse é um dos motivos pelos quais o Decreto 3.551/00 prevê no Art. 7º a revalidação do título.
 
“O processo é feito para verificar se aquele patrimônio continua inalterado, como ele é trabalhado, mantido no local do registro, e é feito para entender o contexto desse patrimônio na atualidade”.
 

Espelho da Memória

Também no dia 8 de julho será aberta para visitação, até 18 de julho, no alteamento da Praça Tiradentes, a Mostra Fotográfica Espelho da Memória, com fotos de Luiz Fontana, que foi um dos mais importantes fotógrafos atuantes em Ouro Preto, tendo deixado notável acervo de imagens fundamentais para o conhecimento da cidade na primeira metade do século 20.
 
De acordo com a secretária municipal de Cultura e Patrimônio, Maria Margareth Monteiro, "a mostra chama a atenção para o que Ouro Preto era no início do século 20, de 1920 a 1940, e tem como um dos objetivos despertar o olhar do espectador para o que Ouro Preto é hoje e levar a comunidade a pensar a cidade desejável para daqui 10 anos, com a revisão do Plano Diretor. A revisão do Plano Diretor está parada desde 2016 e Ouro Preto precisa de um direcionamento para a lei de ocupação do solo para habitação e moradia e estamos usando as cerca de 1.500 fotos do acervo de Luiz Fontana como um retrovisor do que foi e uma orientação para o futuro”.


receba nossa newsletter

Comece o dia com as notícias selecionadas pelo nosso editor

Cadastro realizado com sucesso!

*Para comentar, faça seu login ou assine

Publicidade

(none) || (none)