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Estado de Minas ALERTA

Polícia abre inquérito sobre morte de mulher após cirurgia estética em BH

Óbito da paciente ocorreu após procedimento de lipoaspiração em uma clínica no Bairro Funcionários, em BH. Caso é o quinto desse tipo na capital desde 2018


25/06/2021 10:58 - atualizado 25/06/2021 14:58

Corpo foi recolhido na manhã de quinta (24/6) na clínica no Bairro Funcionários. PBH diz que unidade está regularizada (foto: Jair Amaral/EM/D.A Press - 24/6/21)
Corpo foi recolhido na manhã de quinta (24/6) na clínica no Bairro Funcionários. PBH diz que unidade está regularizada (foto: Jair Amaral/EM/D.A Press - 24/6/21)
As investigações sobre a morte de Claudia Barbosa Duarte, de 49 anos, que passou por uma lipoaspiração com abdominoplastia no Centro Cirúrgico Integrado, no Bairro Funcionários, Região Centro-Sul de Belo Horizonte, estão em andamento na 1ª Delegacia de Polícia Civil Centro. Esse foi o quinto caso do tipo em BH desde outubro de 2018, todos em bairros da Zona Sul da capital.



Por meio de nota divulgada na manhã desta sexta-feira (25/6), a Polícia Civil de Minas Gerais confirmou a instauração de inquérito para apurar as circunstâncias do óbito.

“Assim que acionada, equipe de policiais compareceu ao local para os primeiros levantamentos e o corpo foi removido para o Instituto Médico Legal André Roquette (IMLAR), onde foi submetido a exames para apurar a causa da morte. O corpo da vítima foi liberado ontem à noite (…), informou a instituição.

Morte

A mãe da Cláudia Barbosa relatou à Polícia Militar (PM) que ela havia sido operada nessa quarta-feira (23/6). Após a cirurgia, a vítima foi encaminhada para observação em aparente tranquilidade, satisfeita com os resultados.


Durante a madrugada dessa quinta (24/6), no entanto, a paciente teria sentido fortes dores e calafrios. Diante da ocorrência, a equipe de plantão foi mobilizada para levá-la à sala de emergência. Por volta das 7h, a mulher veio a óbito.

O cirurgião responsável pelo procedimento disse aos policiais que a cirurgia teria ocorrido dentro da normalidade e que, após encerrar o expediente e chegar em casa, foi informado sobre o estado de saúde de Cláudia.

Os cuidados de emergência ficaram a cargo da médica de plantão. Ela disse à polícia que foi chamada durante a madrugada para comparecer ao quarto da mulher. Após examiná-la, a profissional prescreveu medicamentos para dor. Ao notar que o quadro não melhorava, ela então recomendou que a vítima fosse levada à sala de emergência.

A irmã de Cláudia contou à PM que ela sofria de pressão alta, o que causou resistência da própria família à realização do procedimento estético. Segundo o relato da parente, médico teria receitado um remédio para emagrecimento antes da cirurgia. O composto era aplicado no abdômen.


Em nota, a Polícia Civil informou que removeu o corpo para o Instituto Médico Legal André Roquette, no Bairro Gameleira, Região Oeste de BH. Lá, os peritos farão exames para apurar a causa da morte. “Novas informações serão repassadas em momento oportuno", esclareceu a instituição de segurança pública.

Já a Prefeitura de Belo Horizonte, por meio da Secretaria Municipal de Saúde, esclareceu, por meio de nota, que a clínica possui alvará de funcionamento para realizar procedimentos cirúrgicos. As normas exigidas pela Vigilância Sanitária também estão em dia.

Resposta

O Estado de Minas entrou em contato com o Centro Cirúrgico Integrado. Por telefone, um funcionário afirmou que a clínica não vai se pronunciar sobre o caso em respeito à vítima.

O Centro Cirúrgico Integrado é um hospital dia, que oferece assistência intermediária entre a internação e o atendimento ambulatorial, com permanência máxima do paciente por 12 horas.

De acordo com o site da clínica, no local podem ser realizados procedimentos cirúrgicos de baixa e média complexidade nas áreas médica e odontológica.


"Existe o risco inerente do procedimento. Há necessidade de o paciente ter uma avaliação prévia do cardiologista, do anestesista e do cirurgião para indicar e confirmar esse procedimento"

Vagner Rocha, secretário da SBCP em Minas

Riscos

O que a pessoa interessada em fazer cirurgias estéticas precisa saber para minimizar os riscos? O Estado de Minas ouviu um especialista no assunto.

“O paciente tem que procurar saber se o profissional é qualificado. A qualificação de um cirurgião plástico requer os seis anos de medicina, uma formação em cirurgia geral que varia entre dois e três anos e mais três anos de preparo e treinamento em cirurgia plástica, que vai da parte reconstrutora até a estética. Esses profissionais, quando recebem a certificação da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica (SBCP) e do CFM (Conselho Federal de Medicina), têm o aval", orienta Vagner Rocha, secretário da SBCP em Minas Gerais.

Vagner esclarece que o paciente precisa ficar atento também à clínica onde vai fazer a intervenção. “No que tange à instituição hospitalar, é interessante o paciente tomar conhecimento junto aos órgãos fiscalizadores, como a Vigilância Sanitária. Para saber se o ambiente é qualificado", diz.

Sobre a hipótesede a paciente que morreu em BH sofrer de pressão alta, o cirurgião plástico explica que a hipertensão não é um fator impeditivo para realizar cirurgias, desde que a condição esteja sob controle.

“Existe o risco inerente do procedimento. Há necessidade de o paciente ter uma avaliação prévia do cardiologista, do anestesista e do cirurgião para indicar e confirmar esse procedimento”, completa o especialista. Segundo Vagner Rocha, a SBCP realiza um curso teórico integrado para atualização de profissionais já formados e especializações para formandos para reduzir a incidência de casos como o desta quinta-feira (24/6).

Morte em busca da beleza

 Outros casos de vítimas de procedimentos estéticos

Setembro de 2020

A Polícia Civil indicia o médico Joshemar Fernandes Heringer por homicídio doloso de Edisa Soloni, de 20 anos. A jovem morreu naquele mês, depois de passar por três cirurgias plásticas na Clínica Belíssima, na Região da Savassi, área nobre de Belo Horizonte. A família alegou que a vítima não foi informada sobre os reais riscos do pacote com três cirurgias – remoção de gordura e pele do abdômen, inserção nos glúteos e lipo na papada. Os procedimentos custaram R$ 11 mil.

Janeiro de 2020

Gisele Soares de Carvalho, 39, é encontrada morta dentro de uma clínica estética na Rua dos Tupis, no Centro da capital mineira. A vítima nasceu em Três Rios (RJ), mas vivia em Juiz de Fora, na Zona da Mata mineira. O cirurgião aplicou polimetilmetacrilato (PMMA) na vítima. O material não é recomendado pela Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica (SBCP) nem pela Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD) para uso estético, porém não é ilegal.

Dezembro de 2019

4 Adriane Zulmira do Nascimento, 48, morre durante um procedimento estético em uma clínica no Barro Preto, na Região Centro-Sul de Belo Horizonte. A vítima realizava uma cirurgia para a redução da mama, quando se sentiu mal. Na época, familiares de Adriana contaram que o tamanho dos seios causou problemas na coluna dela. Por isso, a mulher decidiu fazer procedimento. A vítima teria recorrido ao plano de saúde para fazer a cirurgia.

Outubro de 2018

Morre Renata Bretas, de 36, após passar por uma cirurgia estética na clínica Forma, novamente na Região Centro-Sul da capital mineira. Ela colocou prótese de silicone e fez uma lipoaspiração nas axilas. A mulher já teria passado mal no pós-operatório, mas recebeu alta e voltou a Itabirito, na Grande BH, onde morava. A vítima teve uma parada cardíaca e morreu antes de chegar ao hospital.


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