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Fernando Sabino: escola onde estudou o aluno que virou mestre reverencia obra

Projeto idealizado pelo filho do consagrado escritor mineiro encerra a edição de 2019 com cerimônia na Escola Estadual Afonso Pena, e já faz planos para 2020


postado em 15/12/2019 04:00 / atualizado em 14/12/2019 20:46

"Meu pai, como ser humano, era incrível: abdicava de vontades próprias para satisfazer um menino de rua. Preferia conversar com as pessoas mais humildes do que com as mais importantes. Tinha um carinho enorme para família", Bernardo Sabino, idealizador do projeto que já percorreu 80 cidades (foto: Lenadro Couri/EM:D.A press)
 

A Escola Estadual Afonso Pena, na Avenida João Pinheiro, no Bairro Funcionários, Região Centrou-Sul de Belo Horizonte, fez um passeio pela história da capital, que completou na última semana 122 anos, ao receber o projeto Encontro Marcado. Por meio de livros e crônicas, os alunos “reencontraram” Fernando Sabino (1923-2004), escritor belo-horizontino que estudou na instituição entre os anos de 1930 e 1934. Há 15 anos na estrada, o projeto itinerante propõe uma imersão na obra do autor, estimulando estudantes a escrever contos, esquetes teatrais, paródias e tudo mais que a criatividade os permitir. O imponente prédio onde Sabino aprendeu as primeiras letras foi escolhido para a cerimônia de encerramento do projeto em 2019.

Criada em 2005, a iniciativa fomenta eventos culturais para resgatar a memória do autor. Durante seis meses, educadores e alunos desenvolvem pesquisas em oficinas culturais coordenadas pelos professores. O ponto alto do projeto é uma exposição, promovida com apresentações dos alunos. Em 15 anos, o projeto já mobilizou 800 mil jovens em 80 cidades.

O vice-governador Paulo Brant, que esteve no evento de encerramento deste ano, destaca que a arte faz parte da formação educacional. “Encontro Marcado é um evento bacana. Mostra, de um lado, a importância da arte e da cultura, no sentido de fortalecer a formação educacional das pessoas. E de outro lado, enfatiza a importância da leitura. As artes todas são fundamentais, mas acredito que a leitura tem uma importância especial. Só ela desenvolve a capacidade crítica e de abstração das pessoas”, afirmou.

A Escola Afonso Pena tem cerca de 800 alunos, divididos em dois turnos. “Fomos procurados pelo Bernardo Sabino (filho do escritor e idealizador da proposta) para a realização desse projeto. Desenvolvemos com os alunos diversas obras, nos concentramos em alguns pontos do primeiro ao quinto ano. Mas as turmas do sexto ao nono ano trabalharam obras para público mais adolescente”, explicou a supervisora pedagógica Lúcia Maria Monteiro Pace.

Nas apresentações artísticas, os alunos representaram as obras O menino no espelho (1982) e O Galo Músico (1998). Ela destaca a forma pela qual o projeto contribui para a melhoria da leitura dos alunos. “No Brasil, o analfabetismo funcional está em índices elevados. Então, a gente dá prioridade em trabalhar a questão da leitura com os meninos, envolvendo-os com arte, interdisciplinarmente, de forma que fique interessante e atraente”, diz.

O principal objetivo é incentivar a leitura, diz o filho de Fernando Sabino. “Buscamos tornar prazerosa a leitura por parte dos alunos, além de aproximar o autor dos estudantes. O mais importante é tratar a leitura como diversão. Os alunos estão lendo para se divertir, para fazer uma peça de teatro, fazer um desenho, um reconto. A aceitação é imediata. Ando pela escola e os estudantes me chamam, querendo saber do meu pai. É uma maneira de chamar atenção e dar prazer à criança na leitura”, relata o idealizador do projeto.

A iniciativa permite aos estudantes conhecer o universo criativo de Fernando Sabino. Para isso, faz parte da exposição a reconstituição do escritório do autor. O espaço foi reconstituído com o mobiliário e acervo de Sabino, como os livros preferidos do autor, a máquina de escrever, fotos de família e cartas que trocou com outros escritores. “Uma enchente levou os móveis originais. Sofri muito com isso, na época. Mas refizemos na medida do possível, de maneira a retratar como se fosse a sala dele. Tem vários livros com dedicatórias de autores para ele. Tem minha coleção pessoal com as dedicatórias dele para mim e retratando o ambiente de trabalho dele”, diz Bernardo.

DE PAI PARA FILHO

Além do escritório, o próprio Bernardo ajuda reconstituir as lembranças do pai. Um aspecto que faz parte da curiosidade dos alunos é exatamente como era a relação de pai e filho. “Não tinha relação com o escritor. Tinha relação com o pai. Passo para os alunos que quaisquer que sejam os nossos pais, independentemente da profissão que tenham, temos que respeitá-los. Quando descobri que ele era escritor conhecido – os professores faziam referência a mim como o filho do Fernando Sabino – passei a admirar muito e mais ainda meu pai pelo trabalho lindo que ele fez”, relembra. E completa: “Ele, como ser humano, era incrível: abdicava de vontades próprias para satisfazer um menino de rua. Preferia conversar com as pessoas mais humildes do que com as mais importantes. Tinha um carinho enorme para família”.

Em 2020, o projeto Encontro Marcado será levado para Mariana e também deve se estender a outras escolas estaduais na capital.


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