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Estado de Minas

Detentos de Minas conquistam vagas em instituições de ensino superior

São 15 pessoas privadas de liberdade que ingressam em universidades federais e do estado


06/05/2021 14:17 - atualizado 06/05/2021 17:14

Quinze internos do sistema penitenciário conseguiram acesso a universidades públicas(foto: Sejus/Divulgação)
Quinze internos do sistema penitenciário conseguiram acesso a universidades públicas (foto: Sejus/Divulgação)

Quinze internos do sistema prisional do estado, de um total de 288 inscritos, estão aptos a estudar em instituições como as universidades federais de Minas Gerais (UFMG), de Juiz de Fora (UFJF), Uberlândia (UFU) e a Estadual de Montes Claros (Unimontes).  Eles conseguiram as vagas pelo Sistema de Seleção Unificada (Sisu), do Ministério da Educação.
 
Os futuros universitários fizeram o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) para Pessoas Privadas de Liberdade (PPL), que tem o mesmo nível de dificuldade e exigências do exame realizado fora das prisões. A prova, organizada pela Diretoria de Ensino e Profissionalização do Depen-MG e realizada pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), é gratuita e de participação voluntária. 
Entre os cursos de diferentes áreas do conhecimento escolhidos pelos alunos estão ciências sociais, administração, hotelaria, agroecologia, matemática, letras, ciências biológicas, engenharia agrícola e ambiental, física e ciências da religião.
 
No último Enem PPL, participaram 4.210 detentos, de 156 unidades prisionais de todas as regiões do estado. Na lista de selecionados no Sisu há unidades prisionais de municípios de quase todas as regiões mineiras: Barbacena (Campo das Vertentes), Juiz de Fora e Muriaé (Zona da Mata), Botelhos (Sul de Minas), Canápolis e Uberlândia (Triângulo), Contagem, Lagoa Santa e Matozinhos (Central), Januária e Montes Claros (Norte de Minas) e Unaí (Noroeste).
 
Um dos destaques na conquista de uma vaga em uma instituição de ensino superior federal é Charles Henrique da Silva, de 33 anos. Ele obteve 880 pontos na redação, a segunda maior pontuação no Enem Prisional em Minas Gerais, que teve como tema “A falta de empatia nas relações sociais no Brasil”. Charles já está com a pré-matrícula feita na UFJF, no curso de administração.
 
Ele conta que se esforçou muito, durante o dia trabalha em uma fábrica de bolsas na Penitenciária de Juiz de Fora II (Ariosvaldo Campos Pires). “Tive muita ajuda da Leilane — pedagoga da penitenciária — que me orientou nos estudos, me ajudou na produção de textos e conseguiu livros para eu estudar na cela”, ressalta. Inscritos Sisu contam com a ajuda dos profissionais de educação das unidades.
 
Charles concluiu os estudos na penitenciária. Mesmo em regime fechado, ele iniciará a graduação, já que as primeiras disciplinas serão na modalidade de educação a distância. Para isso, já foram providenciados uma sala e um computador na penitenciária.
 
A diretora de Ensino e Profissionalização, Regina Dias Duarte, chama a atenção para a importância de um trabalho multidisciplinar, realizado nas unidades, de modo a despertar os indivíduos para o mundo do conhecimento. “Os pedagogos, psicólogos e assistentes sociais, juntamente com todos os outros profissionais da área de atendimento e segurança, têm conseguido sensibilizar grande parte da população carcerária para o estudo e o trabalho."
 
Lucas Marcone, de 30 anos, do Presídio de Lagoa Santa, é um dos detentos da lista do Sisu. Ele passou no Instituto Federal de Educação de Rio Pomba para cursar ecoagricultura, para o próximo semestre. Por ser um curso presencial e ele estar no regime fechado, ainda terá de aguardar. No entanto, vai continuar no curso de graduação a distância em marketing, pela Faculdade UniCesumar.
 
“Vejo no estudo uma oportunidade de mudar de vida e dar exemplo aos meus familiares. Serei o primeiro da família a poder ter um diploma de curso superior’’, conta. Feliz com o resultado, Lucas ainda pretende utilizar a nota do Enem para conseguir uma bolsa de estudos, via Programa Universidade para Todos (Prouni).
 

Com doações, professora monta biblioteca em presídio

 
Elisângela Marcondes é policial penal e responsável pelo Núcleo de Ensino do Presídio de Botelhos, no sul do Estado. Sua experiência profissional como professora de Química, durante 12 anos, nas redes pública e privada de ensino, faz toda a diferença no trabalho de estímulo ao estudo e conhecimento na vida dos detentos da unidade.
 
Marcondes conseguiu montar uma biblioteca no presídio, com ajuda de doações de pessoas do município e região. Os livros chegam às mãos dos detentos, com orientação da policial penal, que também incentiva o estudo de uma forma geral e tira dúvidas na área de ciências exatas. 
 
A policial penal de professora tem orgulho em falar do detento Igor Silva Costa, 22 anos, que já assiste pré-aulas on-line do curso Interdisciplinar em Ciências e Tecnologia da Universidade Federal de Alfenas (Unifal). “Ele é um exemplo de que a possibilidade de mudança é real, apesar de todas as dificuldades.”
 
De acordo com o Departamento Penitenciário de Minas Gerais (Depen-MG) da Secretaria de Justiça e Segurança Pública (Sejusp), em grande parte, o perfil de pessoas privadas de liberdade é de jovens que abandonaram os estudos e concluíram os ensinos fundamental e médio em um presídio ou penitenciária. 


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