Jornal Estado de Minas

CASO LORENZA

Promotor tentou atrapalhar a investigação da morte da mulher, diz MP

O promotor André Luiz Garcia de Pinho foi acusado pelo Ministério Público de Minas Gerais, nesta sexta-feira (30/4), de ter matado sua mulher, Lorenza Maria Silva de Pinho, no dia 2 de abril, no apartamento em que o casal morava com os cinco filhos.




“Lamento informar a todos que estamos diante de um feminicídio", disse o Procurador-Geral do Estado de Minas Gerais, Jarbas Soares, que presidiu o inquérito. 

A falta de cooperação de André com as investigações, desde o dia da morte de Lorenza, chamou a atenção. 

 

Segundo o promotor de justiça Marcos Paulo de Souza Miranda, as investigações tiveram início às 14h40 do dia 2 de abril de 2021. Foi quando foi formada a força tarefa, por determinação da promotora Eliane Falcão, coordenadora administrativa do TJMG. De imediato, a desembargadora Karen Emmerick emitiu o mandado de prisão temporária.

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Segundo o dr. Marcos Paulo, todos os indícios de que Lorenza tinha sido vítima de uma morte violenta foram confirmados pelo laudo do exame de corpo de delito. E que as investigações não ficaram restritas ao laudo, mas, antes mesmo da conclusão deste, a força tarefa deu início às investigações e enfrentou problemas com a falta de colaboração do promotor André de Pinho.





 

“Ele se opôs, no dia da morte de Lorenza, que fosse feita uma perícia no quarto onde a vítima foi encontrada morta. Ele não deu a autorização para a perícia no apartamento, o que somente foi feito no dia 4”, afirma.

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No entanto, o trabalho da força tarefa reuniu provas nesse período. Segundo o dr. Marcos Paulo, as câmeras de monitoramento registraram o descarte de material, do quarto e do apartamento, na lixeira do prédio, nos dias 2 e 3 de abril. “Ou seja, uma atividade suspeita”.

 

Além disso, o promotor se recusou a fornecer as senhas de dois celulares, o seu particular e o de Lorenza, e também se recusou a fornecer os acessos de WhatsApp. Porém, apesar da recusa, testemunhas ouvidas pela força-tarefa revelaram que, muitas vezes, o promotor André se apossava do celular da esposa e enviava mensagens como se fosse ela.





 

E para ter acesso às mensagens e registros dos dois telefones, a força tarefa está solicitando a ajuda da empresa que fabrica o aparelho, em Israel, e somente depois do desbloqueio que será feito terão acesso às ligações feitas e mensagens, de ambos os aparelhos. O resultado dessa parte da investigação também será anexada ao processo.

 

Outra recusa do promotor, que serviu para aumentar as suspeitas sobre a prática do crime, foi, segundo o dr. Marcos Paulo, a recusa em fornecer material genético para ser examinado, já que foi encontrado material debaixo das unhas de Lorenza, que indicariam que ela tentou lutar contra uma agressão. “Ele dificultou as investigações”, afirma. 

 

Relembre o caso

Lorenza Maria Silva de Pinho morreu em casa no Bairro Buritis, Região Oeste de Belo Horizonte. O marido alegou que ela havia se engasgasgado durante o sono, após tomar remédios. 

 

No mesmo dia, logo após a confirmação do óbito por um médico, ele levou a esposa direto para a funerária e pagou pelo serviço de cremação. Familiares da vítima, no entanto, acionaram a Polícia Civil, que determinou que o corpo fosse encaminhado ao IML para a realização de exames. Legistas detectaram marcas na região do pescoço.





 

O casal tinha cinco filhos com idades entre 2 e 17 anos. Eles estão sob a guarda provisória do médico da família, Bruno Sander. 

 

Histórico familiar conturbado

Segundo a Polícia Civil, o promotor e a mulher chegaram a registrar ao menos 30 boletins de ocorrência contra o irmão de André Luís, que é advogado, após sofrerem ameaças e violências diversas. Ele teria se tornado hostil pelo fato de não ter sido apoiado durante o processo de separação de sua ex-mulher. 

 

Em 2012, André e Lorenza foram alvejados por tiros durante uma saída de carro. O irmão do promotor foi apontado como suspeito. Lorenza tinha uma medida protetiva contra ele.   

 

O que é relacionamento abusivo?

Os relacionamentos abusivos contra as mulheres ocorrem quando há discrepância no poder de um em relação ao outro. Eles não surgem do nada e, mesmo que as violências não se apresentem de forma clara, os abusos estão ali, presentes desde o início. É preciso esclarecer que a relação abusiva não começa com violências explícitas, como ameaças e agressões físicas.

A violência doméstica é um problema social e de saúde pública e, que quando se fala de comportamento, a raiz do problema está na socialização. Entenda o que é relacionamento abusivo e como sair dele.





Como denunciar violência contra mulheres?

  • Ligue 180 para ajudar vítimas de abusos.
  • Em casos de emergência, ligue 190.

O que é violência física?

  • Espancar
  • Atirar objetos, sacudir e apertar os braços
  • Estrangular ou sufocar
  • Provocar lesões

O que é violência psicológica?

  • Ameaçar
  • Constranger
  • Humilhar
  • Manipular
  • Proibir de estudar, viajar ou falar com amigos e parentes
  • Vigilância constante
  • Chantagear
  • Ridicularizar
  • Distorcer e omitir fatos para deixar a mulher em dúvida sobre sanidade (Gaslighting)

O que é violência sexual?

  • Estupro
  • Obrigar a mulher a fazer atos sexuais que causam desconforto 
  • Impedir o uso de métodos contraceptivos ou forçar a mulher a abortar
  • Limitar ou anular o exercício dos direitos sexuais e reprodutivos da mulher

O que é violência patrimonial?

  • Controlar o dinheiro
  • Deixar de pagar pensão
  • Destruir documentos pessoais
  • Privar de bens, valores ou recursos econômicos
  • Causar danos propositais a objetos da mulher

O que é violência moral?

  • Acusar de traição
  • Emitir juízos morais sobre conduta
  • Fazer críticas mentirosas
  • Expor a vida íntima
  • Rebaixar por meio de xingamentos que incidem sobre a sua índole

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