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Estado de Minas DOENÇA VIRAL

Prefeitura de BH começa a vacinar gatos no Parque Municipal contra a raiva

Após um gambá que habitava o local apresentar suspeita da doença, prefeitura adotou a vacinação como medida preventiva


20/04/2021 13:26 - atualizado 20/04/2021 14:09

Equipe da zoonoses captura gatos do Parque Municipal para vacinação contra a Raiva
Equipe da zoonoses captura gatos do Parque Municipal para vacinação contra a Raiva (foto: Gladyston Rodrigues/EM/D.A Press)
Agentes da Prefeitura de Belo Horizonte deram início aos trabalhos de captura dos gatos no Parque Municipal Américo Renné Giannetti, no Centro, na manhã desta terça-feira (20/4). Eles vão ser vacinados contra a raiva após a suspeita da doença em um gambá que habitava o local. Até que seja feito um controle, o parque vai ser o único na capital a permanecer fechado.

A Fundação de Parques Municipais e Zoobotânica e a Secretaria Municipal de Saúde informaram ao Estado de Minas que as causas do óbito do gambá estão ainda em investigação. “Como medida preventiva, o Parque Municipal Américo Renné Giannetti não será reaberto neste momento e será feito o reforço de vacinação de todos os felinos que vivem no local.”
 

De acordo com agentes da prefeitura no local, na parte da manhã desta terça-feira (20/4), foram capturados ao menos 15 gatos, que já vão receber a vacina durante a tarde. Os animais foram colocados em caixas de transporte.

Segundo a prefeitura,  o plano de manejo dos gatos do parque, conduzido pela Secretaria Municipal de Meio Ambiente em parceria com a Secretaria Municipal de Saúde e a Fundação de Parques Municipais e Zoobotânica, já inclui nos trabalhos de rotina a castração e a vacinação desses animais. Também é feita a identificação com microchip para monitoramento de dados sanitários de cada um.

Gatos estão sendo colocados em caixas de transporte para serem vacinados
Gatos estão sendo colocados em caixas de transporte para serem vacinados (foto: Gladyston Rodrigues/EM/D.A Press)

“O plano de ação com os felinos no parque Municipal, bem como de mamíferos silvestres, faz parte de um trabalho continuado e de vigilância permanente. A estimativa da população de gatos no Parque é de aproximadamente 350 indivíduos (dados são variáveis)”, informou a PBH.

A prefeitura ainda completou dizendo que, como medida preventiva adicional, as ações de vacinação contra a raiva dentro do parque serão intensificadas durante o período em que o local estiver fechado, devido a possível circulação do vírus entre animais silvestres. “Vale ressaltar que não há registros de felinos positivos para a raiva no Parque Municipal Américo Renné Giannetti nem em outros parques da cidade.” 
 

A previsão de reabertura do parque ainda não foi definida e neste período, o acesso fica restrito aos funcionários, fornecedores e prestadores de serviços. 

Bruno Antunes Soares, médico veterinário, mestre e doutor, além de diretor da Una Linha Verde e Cristiano Machado
Bruno Antunes Soares, médico veterinário, mestre e doutor, além de diretor da Una Linha Verde e Cristiano Machado (foto: Arquivo Pessoal)

Bruno Antunes Soares, de 34 anos, médico veterinário, mestre e doutor, além de diretor da Una Linha Verde e Cristiano Machado, explica a doença.

Segundo o médico, a raiva é uma doença viral que pode ocorrer em animais e humanos. Ela é caracterizada pelo acometimento do sistema nervoso do indivíduo infectado, desenvolvendo um quadro clínico denominado de encefalite aguda. É uma doença que pode possuir uma evolução clínica letal e essa é uma das grandes preocupações da ocorrência em humanos

As principais fontes de infecção de um animal ou humano pelo vírus da raiva são os animais silvestres como os morcegos, saguis, raposas e guaxinins. A transmissão para animais domésticos e humanos acontece principalmente pela mordida de um animal que está infectado pelo vírus em um saudável.

Outra forma de exposição, explica Bruno Soares, é por meio do contato da saliva ou de outras partículas infectantes provenientes de animais infectados com mucosas ou cortes na pele de indivíduos saudáveis.

O especialista ressalta que é importante entender que o vírus causador da raiva possui alguns ciclos de transmissão que envolvem diferentes espécies animais que podem disseminar o vírus para animais e humanos saudáveis.

Entenda os ciclos epidemiológicos da raiva e os indivíduos acometidos

O ciclo urbano compreende a ocorrência da raiva em cães e gatos domésticos. Considerando que é uma doença zoonótica, ou seja, transmitida dos animais para o humano,  a principal estratégia de evitar a ocorrência desta doença é por meio da vacinação dos pets (cães e gatos). O contato extremamente próximo destes animais com os humanos demanda a vacinação destes animais anualmente para evitar a doença e possível ocorrência em humanos. 

O ciclo rural envolve a ocorrência da doença em animais de produção como bovino, ovinos, caprinos e equinos tendo como principal animal reservatório o morcego hematófago. Neste ciclo, também recomendamos a realização da vacinação nestes animais de produção com o objetivo de evitar a ocorrência da doença nestas espécies e a disseminação para os humanos que estão em contato direto com esses animais. 

 O ciclo silvestre compreende a existência do vírus em espécies animais que variam conforme a fauna e localização geográfica. Os principais animais silvestres que podem transmitir a raiva são a raposa guaxinins, saguis, o cachorro-do-mato, a raposinha-do-mato e os gambás. Devido a característica de serem animais silvestres, o controle é mais difícil e por isso, a redução do contato de animais domésticos e humanos com esses animais e a vacinação de pets como cães e gatos que estão livres na zona urbana, contribui na redução de novos casos.

O ciclo aéreo envolve algumas espécies de morcegos que podem ser infectados pelo vírus. Sabemos que os morcegos estão em ambientes urbanos, rurais e silvestres, o que aumenta o contato desses animais com humanos e animais domésticos.

Gambá com suspeita de raiva

Considerando que o gambá quando acometido pelo vírus da raiva pode apresentar sinais clínicos neurológicos, essas características geram a suspeita da infecção. Entretanto, apenas é possível confirmar que o animal está com a doença após o diagnóstico laboratorial definitivo.
 
Como estratégia de reduzir a ocorrência e a disseminação do vírus em locais que houve a suspeita clínica de animais infectados pelo vírus, as principais tomadas de decisão perante a um caso como esse é: direcionamento do animal para diagnóstico definitivo, análise médica de indivíduos humanos que tiveram contato direto com animal para submissão a protocolos de profilaxia pós-exposição e isolamento, observação e vacinação de cães e gatos que tiveram risco de contato com o animal.


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