(none) || (none)
UAI
Publicidade

Estado de Minas VEJA COMO SOLICITAR

Só 5 famílias aderiram à cremação gratuita para mortos por COVID em Betim

Oferecido desde maio de 2020 pela prefeitura, serviço fúnebre é considerado pelas autoridades sanitárias como mais higiênico, mas encontra barreiras culturais


17/02/2021 06:59 - atualizado 17/02/2021 07:15

Fruto de parceria entre entre a prefeitura de Betim e cemitério particular, a cremação gratuita inclui todos os trâmites funerários, do velório às taxas (foto: Creative Commons)
Fruto de parceria entre entre a prefeitura de Betim e cemitério particular, a cremação gratuita inclui todos os trâmites funerários, do velório às taxas (foto: Creative Commons)
Enquanto os crematórios de cidades como Los Angeles e Lisboa organizam listas de espera para atender a procura pelo serviço durante a pandemia de COVID-19, em Betim, na Grande BH, a população se mostra resistente ao rito fúnebre, até mesmo quando ele é oferecido de graça. 

É o que demonstra a adesão registrada até o momento à cremação gratuita disponibilizada pelo município às vítimas da COVID-19, bem como aos pacientes que vão a óbito com suspeita da doença. Segundo a prefeitura, desde maio de 2020, quando o benefício começou a ser concedido, apenas cinco famílias optaram pelo método, cujo preço médio é de R$ 8,5 mil nas necrópoles de Belo Horizonte e Região Metropolitana. 

A iniciativa  é fruto de Termo de Ajustamento Municipal firmado entre o poder público com a empresa atualmente responsável pelo Parque Renascer para instalação de um crematório na cidade. De acordo com o Executivo municipal, aqueles que optam pela incineração têm todos os gastos cobertos, incluindo velório, urnas e taxas. As cinzas são entregues aos parentes do falecido de cinco e sete dias depois do procedimento. 

Como solicitar a cremação

Os interessados em cremar gratuitamente entes queridos mortos pela COVID-19 devem ser, necessariamente, residentes de Betim. Observada esta condição, basta seguir os seguintes passos: 

  • Apresentar no Cartório de Registro Civil da Betim um documento de identificação da vítima com foto e a declaração de óbito, onde é preciso constar a assinatura de dois médicos que atenderam o paciente. 
  • No cartório, deve ser retirada uma guia de cremação para a realização do serviço. Esse documento deve ser apresentado a uma funerária à escolha da família ou para a concessionária da prefeitura, caso ela opte pelo auxílio funerário gratuito, que realiza todos os trâmites de remoção do corpo. 
  • A família também é orientada ao preenchimento de uma guia com os dados do paciente e do local onde o óbito ocorreu.  É, então, gerada uma ordem de serviço para a liberação da cremação.
  • A família em luto é acolhida por uma equipe multiprofissional do Hospital Regional de Betim

Resistência

A Secretaria Municipal de Saúde explica que a oferta gratuita do serviço foi pensada ainda no início do período pandêmico como forma de evitar a sobrecarga dos cemitérios de Betim. A pasta ressalta que o volume de enterros nunca chegou a extrapolar a capacidade de operação das necrópoles locais, mas segue incentivando a opção pela prática crematória. Ela evita a propagação do novo coronavírus, já que o corpo humano pode abrigar e transmitir o vírus mesmo após a morte do paciente. 

Para a secretaria, o pouco interesse pela modalidade funerária está relacionado a questões sobretudo religiosas. A cremação, afinal, não é muito popular no Brasil, menos ainda em Minas, estado onde a religião católica é professada por 70,4% dos habitantes. O Vaticano, vale lembrar, proibiu o procedimento até 1963 e, ainda hoje, recomenda que os corpos dos fiéis sejam sepultados.

Crescimento 

Apesar das barreiras culturais, as quatro empresas com crematório que atendem a Grande BH registraram aumento significativo da clientela durante a pandemia.

Nos cemitérios Parque da Colina, no Bairro Nova Cintra, Região Oeste da Capital, e Belo Vale, em Santa Luzia, a busca pela cremação teve alta de 30% em 2020 na comparação com 2019. Os dois estabelecimentos pertencem ao mesmo grupo empresarial.

Já no Parque Renascer, em Contagem, e no crematório de Betim - negócios que também são da mesma rede - o crescimento neste mesmo intervalo foi mais discreto: 10%, segundo os proprietários, com média de 76 incinerações mensais. 

Os dirigentes dos empreendimentos afirmam que não houve reajustes no valor do ritual nos últimos 12 meses. Os preços, contudo, ainda soam pouco amigáveis - entre R$ 8,5 mil e R$ 30 mil, dependendo do pacote escolhido. Para quem opta por planos de longo prazo, o valor total cai cerca de 43%. As parcelas também são mais suaves - entre R$ 29 e R$ 794. 

“Os preços estão bem acessíveis atualmente. O serviço esbarra mesmo é nas questões culturais, que ainda existem mas que, aos poucos, vão se modificando. Estou otimista quanto  ao futuro do procedimento”,  avalia Clésio Adriane, encarregado da administração do Cemitério Parque Renascer. 


receba nossa newsletter

Comece o dia com as notícias selecionadas pelo nosso editor

Cadastro realizado com sucesso!

*Para comentar, faça seu login ou assine

Publicidade

(none) || (none)