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Estado de Minas RELIGIÃO

No Ano de São José, igreja no Centro de BH terá programação especial

Há um século e meio, pai adotivo de Jesus foi declarado patrono da Igreja Católica e das famílias. Papa convoca celebrações mundiais


06/01/2021 06:00 - atualizado 06/01/2021 07:35

Altar dedicado a São José na igreja que leva o nome do santo, em Belo Horizonte: o 'pai na ternura' será reverenciado até 8 de dezembro em todo o mundo católico(foto: Jair Amaral/EM/D.A Press)
Altar dedicado a São José na igreja que leva o nome do santo, em Belo Horizonte: o 'pai na ternura' será reverenciado até 8 de dezembro em todo o mundo católico (foto: Jair Amaral/EM/D.A Press)


Encerrado, hoje, o ciclo natalino com todas as homenagens e louvores ao Menino Jesus, chega o período dedicado ao pai adotivo, São José: em 2021, são comemorados os 150 anos da declaração do esposo de Maria como padroeiro da Igreja Católica e das famílias. Por meio da carta apostólica Patris corde – Com coração de pai, o papa Francisco convocou o Ano de São José, incluindo celebrações pelo mundo até 8 de dezembro. Em Belo Horizonte, onde há uma legião de devotos e um dos principais templos católicos mineiros dedicados ao santo, no Centro da capital, haverá programação especial o ano inteiro, com o lançamento oficial durante as missas dos próximos dias 16 e 17, informa o titular da Paróquia São José, padre José Cláudio Teixeira.
 
Em 13 e 14 de fevereiro, a carta apostólica Patris corde – Com coração de pai, divulgada pelo papa Francisco, será reproduzida e distribuída "como um presente" aos paroquianos, diz o padre José Cláudio. "Estamos nos preparando para celebrar o ano de São José, mas tudo vai depender da pandemia do novo coronavírus. Se não houver condições de serem presenciais, as atividades chegarão aos fiéis no modo on-line. São José é um santo muito querido, e nossa igreja sempre teve muita gente vindo rezar. Neste ano em que as famílias enfrentam tantas dificuldades, celebramos o Coração de pai."
 
A restauradora Geiziele Moreira trabalha na manutenção da pintura e monumentos no interior da igreja, que chega à fase final de restauração, iniciada há oito anos. Do lado de fora, o templo exibe cores resgatadas com esse trabalho(foto: Jair Amaral/EM/D.A Press)
A restauradora Geiziele Moreira trabalha na manutenção da pintura e monumentos no interior da igreja, que chega à fase final de restauração, iniciada há oito anos. Do lado de fora, o templo exibe cores resgatadas com esse trabalho (foto: Jair Amaral/EM/D.A Press)
O pároco disse ainda que a Igreja São José, há oito anos em obras, se encontra na fase final de intervenções de suma importância, que é o projeto contra incêndio. "Mas é fundamental a manutenção de todo o trabalho de restauração feito aqui, pois as pessoas encostam nas pinturas, passam as mãos e ficam as marcas dos dedos", explica. A restauradora Geiziele Moreira está encarregada do serviço e já encontrou até chiclete grudado na parede. "O tempo, a umidade e o calor causam efeitos nas pinturas, então tornam-se necessários procedimentos, a exemplo de limpeza, reintegração da pintura e outros", conta a especialista.

Trabalhando na igreja há três anos, o sacristão Célio Cláudio de Souza Silva, de 26 anos, confessa que só tem a agradecer a São José. "Cheguei a Belo Horizonte, vindo de Santana do Paraíso, e estava desempregado. Durante a missa, pedi muito a São José para conseguir emprego aqui; afinal, ele também é o santo protetor dos traba- lhadores. Então, sou muito grato, pois consigo unir fé e trabalho."

Palavras do papa


"Pai amado, pai na ternura, na obediência e no acolhimento; pai com coragem criativa, trabalhador, sempre na sombra." Assim o papa Francisco descreveu São José na carta apostólica Patris corde, publicada para os 150 anos da declaração do esposo de Maria como padroeiro da Igreja Católica. Conforme o Vaticano, com o decreto Quemadmodum Deus, assinado em 8 de dezembro de 1870, "o Beato Pio IX (1792-1878) quis dar esse título a São José".
 
A carta apostólica traz os sinais da pandemia da COVID-19, que, conforme escreveu o papa Francisco, "nos fez compreender a importância das pessoas comuns, aquelas que, distantes dos holofotes, exercitam todos os dias paciência e infundem esperança, semeando corresponsabilidade. Justamente como São José, o homem que passa desapercebido, o homem da presença cotidiana discreta e escondida. E, mesmo assim, o seu é um protagonismo sem paralelo na história da salvação”.
 
Segundo o sumo pontífice, São José expressou concretamente sua paternidade ao ter convertida sua vocação humana “na oblação sobre-humana de si mesmo ao serviço do Messias”. E por isso ele “foi sempre muito amado pelo povo cristão”. Nele, “Jesus viu a ternura de Deus”, que “nos faz aceitar nossa fraqueza”, por meio da qual se realiza a maior parte dos desígnios divinos. Deus, de fato, não nos condena, mas nos acolhe, nos abraça, nos ampara e nos perdoa. José é pai também na obediência a Deus".

Questão social


O papa Francisco destacou: “Ao mesmo tempo, José é pai no acolhimento, porque acolhe Maria sem colocar condições prévias, um gesto importante hoje neste mundo, onde é patente a violência psicológica, verbal e física contra a mulher”. Mas o esposo de Maria é também aquele que, confiante no Senhor, “acolhe na sua vida os acontecimentos que não compreende com um protagonismo corajoso e forte”, que deriva “da fortaleza que nos vem do Espírito Santo”.
 
Patris corde evidencia, ainda, “a coragem criativa” de São José, o qual sabe transformar um problema numa oportunidade, antepondo sempre sua confiança na Providência”. Ele enfrenta os “problemas concretos” da sua família, exatamente como fazem outras famílias do mundo, em especial aquelas migrantes. Protetor de Jesus e de Maria, José “não pode deixar de ser o guardião da Igreja”, da sua maternidade e do Corpo de Cristo: todo necessitado é “o Menino” que José continua a guardar e de quem se pode aprender a “amar a Igreja e os pobres”.
 
E mais: “Honesto carpinteiro, o esposo de Maria nos ensina também o valor, a dignidade e a alegria de comer o pão fruto do próprio trabalho”. Para o papa, a ocasião é propícia para se lançar um apelo a favor do trabalho, que se tornou uma “urgente questão social” até mesmo nos países com certo nível de bem-estar. “É necessário tomar renovada consciência do significado do trabalho que dignifica”, escreveu Francisco, que “se torna participação na própria obra da salvação” e “oportunidade de realização” para si mesmos e para a própria família, “núcleo originário da sociedade”.
 
Os especialistas do Vaticano explicam: “Eis então a exortação que o pontífice faz a todos para ‘redescobrir o valor, a importância e a necessidade do trabalho’, para ‘dar origem a uma nova realidade normalidade, em que ninguém seja excluído”. Em especial, diante do agravar-se do desemprego por causa da pandemia da COVID-19, o papa pede a todos que se empenhem para que se possa dizer: “Nenhum jovem, nenhuma pessoa, nenhuma família sem trabalho!”.
 
Sobre a paternidade, o papa ressaltou: “Não se nasce pai, torna-se tal, porque se cuida responsavelmente de um filho assumindo a responsabilidade pela sua vida”. Na sociedade atual, acrescentou, “muitas vezes os filhos parecem ser órfãos de pai” que sejam capazes de “introduzir o filho na experiência da vida”, sem prendê-lo “nem subjugá-lo”, mas tornando-o “capaz de opções, de liberdade, de partir”.

Templo de beleza


(foto: Jair Amaral/EM/D.A Press)
(foto: Jair Amaral/EM/D.A Press)
Com mais de 120 anos de história, a Igreja São José resgatou, com a obra feita pelo Grupo Oficina de Restauro em oito anos, a luminosidade interna que valoriza as pinturas parietais (feitas diretamente nas paredes e teto, sobre o reboco), grande moda em BH no início do século 20.

Considerado o maior conjunto desse tipo de ornamentos em igrejas da capital, o interior da matriz reúne uma variação de motivos religiosos e alguns pagãos: há figuras de 28 santos, de um lado os homens e do outro as mulheres; o patrono da matriz no alto do arco-cruzeiro, com a inscrição Rogai por nós; os evangelistas; painéis mostrando José do Egito, que não tem nada a ver com o pai adotivo de Jesus, sendo vendido pelos irmãos e depois em sua volta triunfal; Nossa Senhora ao lado dos apóstolos; e até os símbolos do zodíaco que, para os religiosos, representam constelações. A decoração pictórica de São José foi feita pelo alemão Guilherme Schumacher, entre 1911 e 1912.
 

Cronologia


1900 Em janeiro, é criada a Paróquia São José

1902 Em abril, ocorre o lançamento da pedra fundamental

1904 Templo é liberado para celebrações

1907 Término da obra interna da igreja

1910 Conclusão das torres e da pintura do batistério

1911 Instalação do relógio e do sino

1911/1912 É feita a pintura interna da igreja

1928 Fachada e laterais perdem a cor original e ganham a cor bege

2010 a 2013 Restauração do interior do templo, com início no coro

2014 Projeto de recuperação da fachada entra em execução

2014 Em dezembro, é reinaugurado o Oratório, capela interna da igreja

2016 Começa o restauro da parede lateral direita, ao lado do Salão Paroquial

2020 Comemoração dos 120 anos de criação da Paróquia São José 


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