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Estado de Minas EDUCAÇÃO

Dia do Professor: Educadores vencem desafios da pandemia e reinventam ensino

Crise do novo coronavírus impôs grande mudança com suspensão das aulas presenciais, levando os mestres a buscar novas formas de educar e se relacionar com os alunos. No dia deles, hoje, marca é valorização desses profissionais


15/10/2020 06:00 - atualizado 15/10/2020 08:06

''O fenômeno que temos visto cada vez mais é o da evasão escolar, e este ano de pandemia potencializa isso'' - Douglas Barbosa Veloso, professor de escola pública (foto: Gladyston Rodrigues/EM/D.A Press )
''O fenômeno que temos visto cada vez mais é o da evasão escolar, e este ano de pandemia potencializa isso'' - Douglas Barbosa Veloso, professor de escola pública (foto: Gladyston Rodrigues/EM/D.A Press )

Para ser um bom professor não basta dominar o conteúdo da lição diária, mas também trabalhar a eficiência do método para ministrar o conhecimento, seja nas salas de aula, nas bibliotecas ou no ensino pelas telinhas, turbinado pela pandemia do novo coronavírus. Este ano tem imposto um grande desafio para os profissionais que dão a vida para ensinar.

As medidas de isolamento social para conter a COVID-19 estamparam a necessidade de novas técnicas de lecionar para as quais não havia preparo na rede pública. Com isso, os mestres tiveram de se reinventar. 

O ensino remoto trouxe, além da dificuldade de manter a atenção dos alunos, o aperto da evasão escolar. É o que avalia o professor de filosofia e vice-diretor da Escola Estadual Doutor Paulo Diniz Chagas, no bairro Gameleira, Região Oeste de Belo Horizonte, Douglas Barbosa Veloso, de 33 anos. “O fenômeno que temos visto cada vez mais é o da evasão escolar, e este ano de pandemia potencializa isso. Na escola pública é mais agravante porque lida com realidades mais carentes”, afirma. 

Com carreira também na advocacia e professor de escola pública há sete anos, Douglas Veloso percebe que o Dia do Professor, comemorado hoje, representa a necessidade de maior valorização do profissional do ensino. “É um dia que merece mais aplausos, neste ano, porque o professor teve que dar seu jeito”, disse. 

E “dar o jeito” não tem sido fácil. A distância dificulta o contato individual com o aluno que precisa de atenção máxima, sobretudo, na educação básica, aquela, que, para o professor, é incompatível com o chamado EaD (ensino a distância). 

 “A gente se viu no desafio de implementar o EaD emergencial para não deixar alunos totalmente desprovidos de aulas durante o ano. Tem sido muito complicado, desgastante, mas os professores têm se dedicado muito”, diz Douglas. “A gente não sabe ainda como vai ser o resultado disso, a gente só sabe que precisa fazer ser um ano produtivo”, destaca. 
 
Professor de alunos do ensino médio, adolescentes de 15 a 18 anos, Douglas conta sempre buscar alternativas para envolver os estudantes no conteúdo lecionado. "A escola parou no tempo de uma certa forma, seguindo o mesmo modelo de décadas. O grande desafio nosso hoje é fazer a escola não ser ultrapassada demais, fazer com que o aluno estude junto conosco, já que eles têm informações imensas e não sabem transformar isso em conhecimento.” 

Ser essa ponte para o conhecimento é o que encanta o professor em seu ofício. “É uma escolha. Ser professor é um projeto maior. Ensinar é algo diferente”, conta Douglas Veloso. “Ser professor é assumir um papel fundamental na sociedade. A gente consegue transformar um pouco as pessoas.” 

Carisma


''Tento conquistar os alunos. Ganhando a atenção deles, ensino melhor os conteúdos'' - Cláudia Mara Cardoso Reis, professora das redes pública e privada (foto: Túlio Santos/EM/D.A Press)
''Tento conquistar os alunos. Ganhando a atenção deles, ensino melhor os conteúdos'' - Cláudia Mara Cardoso Reis, professora das redes pública e privada (foto: Túlio Santos/EM/D.A Press)
Outro complicador do isolamento social é a saudade. Conhecida pelos alunos como “a melhor professora de matemática do mundo”, Claudia Mara Cardoso Reis, de 40, transformou a matéria complicada em momento de troca de experiências. “O segredo é gostar do que a gente faz. Por matemática ser uma matéria chata, tento conquistar os alunos. Ganhando a atenção deles, ensino melhor os conteúdos”, revela a mestre que se identifica como ‘mãezona’, defensora da humanização nas relações dentro da comunidade escolar. 

“Hoje em dia a gente trabalha muito e parece que as coisas ficam mecanizadas. Mas a gente está trabalhando com o ser humano. Além de dar aula, estou ali para lidar com ser humano. Antes de pensar na matéria que eu amo, porque sempre fui apaixonada por matemática, tenho que ‘perceber’ o aluno”, conta. 

Cláudia Reis é professora da Escola Municipal Professor João Camilo de Oliveira Torres, no bairro Califórnia, Região Noroeste da capital. Ela compartilha seus conhecimentos com três turmas de 6º ano e uma de 8º ano, cada uma com 20 alunos, em média. Na rede privada, também leciona para quatro turmas de 8º ano, com média de 35 alunos cada. Por causa da pandemia, os quase 400 “filhos”, no entanto, não têm tido a atenção que merecem. “Demorou um pouco pra gente ter uma iniciativa. No final de junho para julho que foi definido. Hoje, os alunos fazem atividades e corrigimos. Claro que não atinge todos, infelizmente”, conta. 

Diferenças


Com vivência na rede privada e pública, a professora é capaz de fazer uma comparação entre os dois ensinos. “Se a escola pública tivesse os mesmos recursosl da escola privada seria melhor. Por lá (rede privada) tem aula on-line ao vivo e, mesmo assim, nós gravamos porque entendemos que temos alunos bolsistas, outros que dividem o computador. Agora, o da rede municipal não tem essa gravação de aula. Eles acabam perdendo muito com isso. Não temos esse contato tão forte”, compara. 

Para tentar manter o convívio, ela conta que, às vezes, conversa com os estudantes pelas redes sociais, pois, para ela, ser professora é“ser uma parte da vida dos alunos”. “É ser um pouco amiga e conselheira. Não sou só professora”, afirma Cláudia Reis. 

 “Eu já era professora desde cedo, antes mesmo de fazer matemática. Eu queria fazer estatística, mas um amigo falou pra fazer matemática porque eu sempre teria emprego. E realmente foi isso. Nunca fiquei desempregada. Quando comecei a faculdade, gostei. Na sala de aula mais ainda.” 


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