Jornal Estado de Minas

Mário Penna pede socorro ao estado para comprar remédios para pacientes com COVID-19

falta de medicamentos ameaça ao menos 86 pacientes internados com complicações decorrentes da COVID-19 no Instituto Mário Penna, em Belo Horizonte. Segundo a instituição filantrópica, que contabiliza mais de 70% de clientes oriundos do SUS, fármacos utilizados em procedimentos como intubação e combate a infecções oportunistas que acometem os infectados pelo novo coronavírus estão em falta ou são vendidos a preços abusivos no mercado. Diante desse cenário, o hospital pede apoio do estado para adquirir os insumos e evitar o desabastecimento. 


Segundo o gerente de logística do instituto, Marcos Antonio Teixeira, os provimentos atualmente disponíveis são suficientes para aproximadamente 15 dias. Ele afirma que, mesmo utilizando uma plataforma de cotação para localizar fornecedores com melhor custo benefício em todo o Brasil, remédios como antibióticos (amoxicilina 1g %2b clavulanato), sedativos (midazolam) e norepinefrina (utilizada para aumentar a pressão arterial) têm sido encontrados com mais de 500% de reajuste. Alguns relaxantes musculares (Quelicin, Suxametônio), necessários à realização de cirurgias e para a ventilação mecânica em quadros agudos da COVID-19, estariam sendo comercializados com aumento de até 700% sobre o valor habitual. 





“A verdade é que viramos reféns do mercado neste momento. Estamos sendo obrigados a fazer aquisições por valores absurdos para não arriscar a vida dos pacientes que atendemos. Mas isso não pode virar uma regra, precisamos voltar a comprar esses produtos de forma justa. Para isso, pedimos ajuda aos órgãos competentes”, diz o gerente. 

O Instituto Mário Penna - formado pelos hospitais Mário Penna e Luxemburgo - dispõe, no momento, de 270 leitos - 46 de CTI e 224 de enfermaria. De acordo com a instituição 95 dessas vagas estão mobilizadas exclusivamente para a pandemia, com  90% de lotação. Em 3 de julho, o filantrópico chegou a cancelar a realização de cirurgias oncológicas agendadas também por falta de sedativos e relaxantes musculares, escassos desde o início da pandemia. 

SES-MG nega desabastecimento

Questionado pelo Estado de Minas, o Secretário de Estado de Saúde, Carlos Eduardo Amaral minimizou o risco de desabastecimento no estado. Segundo Amaral, os estoques da rede Fhemig  (Fundação Hospitalar de Minas Gerais), atualmente, “têm uma tendência à normalização” e estariam “bem-abastecidos”. A situação dos prestadores de serviço do SUS - caso do Mário Penna - também não seria preocupante. “De uma forma geral, o que nós estamos vendo é que a grande maioria dos prestadores já estão conseguindo adquirir medicamentos. Inclusive, já recebemos solicitações no sentido de liberarmos cirurgias eletivas porque eles estão com estoque abastecido para operação de longo prazo”, garantiu o dirigente em coletiva virtual realizada na tarde desta quarta-feira (29).





O secretário não informou se governo estadual vai socorrer o Mário Penna, mas mencionou a criação de um estoque regulador para atender os hospitais com dificuldade de comprar os insumos em falta no mercado. “Um ou outro prestador pode vir a ter dificuldade de compra. E, nesse sentido, o estado vai tentar ter um estoque regulador, que não tem como ser para todos os prestadores. Eles devem comprar diretamente dos distribuidores”, afirmou. 

Não é a primeira vez que o gestor fala sobre a iniciativa de criar um estoque regulador de medicamentos utilizados no manejo das complicações decorrentes da COVID-19. Uma delas foi em 9 de julho, durante a inauguração da nova ala do Hospital Eduardo de Menezes. Na ocasião, Amaral chegou a dizer que parte dos produtos para compor o estoque viriam do México, num esforço de importação empreendido junto com o Conass (Conselho Nacional de Secretarias de Estado de Saúde) e a Opas (Organização Panamericana de Saúde). Em 17 de julho, a Secretaria de Estado de Saúde (SES-MG) informou ao EM que a remessa internacional chegaria ao país até o início de agosto. 

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