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Estado de Minas PANDEMIA

Estratégias do interior: prefeitos contam como enfrentam o coronavírus

Máscaras, quarentena, barreiras. O novo coronavírus já está presente em 53,1% das cidades de Minas


postado em 02/06/2020 04:00 / atualizado em 02/06/2020 07:53

Leitos destinados à COVID-19: sistema público mantém fôlego, mas avanço para o interior preocupa (foto: Leandro Couri/EM/D.A Press %u2013 15/4/20)
Leitos destinados à COVID-19: sistema público mantém fôlego, mas avanço para o interior preocupa (foto: Leandro Couri/EM/D.A Press %u2013 15/4/20)

Mais da metade dos municípios de Minas Gerais contabilizam pelo menos um caso confirmado de coronavírus. De acordo com um levantamento feito pelo Estado de Minas, com base nos boletins epidemiológicos divulgados pela Secretaria Estadual de Saúde (SES/MG), 453 cidades já registram pacientes com COVID-19. O número representa 53,1% do território estadual. Diante dos números, a reportagem ouviu gestores de diversos municípios para saber como tem sido a luta contra a pandemia.

Uma das regiões mais afetadas pelo coronavírus nos últimos dias é o Vale do Aço, como o Estado de Minas mostrou em 29 de maio. A cidade de São João do Oriente, com 7.874 habitantes, localizada na mesma parte no estado, vai contratar mais médicos para evitar que pacientes sejam deslocados para hospitais de Caratinga e Ipatinga. Foi nesta última cidade que uma mulher que residia em São João do Oriente faleceu por complicações causadas pela COVID-19.

De acordo com o prefeito Joaquim Coelho da Silva, a suspeita é que a vítima tenha contraído a doença no próprio hospital em Ipatinga, onde ficou internada por mais de 40 dias. Após a morte da paciente, um teste foi feito, com resultado positivo para COVID-19. As filhas também foram testadas, segundo Joaquim, mas o resultado de ambas foi negativo.

Ações como manter pessoas de fora da cidade em isolamento e desinfecção em áreas comuns estão sendo adotadas. “Todo o pessoal que chega de fora fica de quarentena, principalmente dos estados de São Paulo e Rio de Janeiro”, disse o prefeito.

Outra cidade que entrou no mapa de pacientes infectados pelo novo coronavírus foi Coimbra, na Zona da Mata, com 7.074 habitantes. De acordo com a prefeitura, uma profissional de saúde que trabalha em Viçosa foi a primeira paciente contaminada de Coimbra. Além da questão sanitária, a pandemia também pesou na política, com a renúncia da prefeita Maria Raimunda dos Santos Martins. O vice Nilson Geraldo Ladeira assumiu e colocou novas medidas em prática, como o uso obrigatório de máscaras na cidade.

Coimbra também adotou barreira sanitária na entrada da cidade. Só podem ingressar moradores, prestadores de serviços e pessoas que tiverem autorização prévia da prefeitura. O “sinal verde” para entrar no município deve ser requerido por meio do site da administração municipal. O comércio funciona até as 19h30, mas o prefeito não quis aderir ao programa Minas Consciente, feito pelo governo de Minas.

“Tem umas coisas que a gente não concorda muito, como a questão dos bares e restaurantes sem a apresentação artística. Quem vai para o bar, vai querer tomar sua cervejinha. Mas isso não quer dizer que eu vá aderir. O governo de Minas disse que já está estudando algumas mudanças”, afirmou Nilson.

Também na Zona da Mata, a cidade de Descoberto, com 4.757 habitantes, teve seu primeiro caso de coronavírus confirmado. Após o fato, o protocolo feito pelo município foi acionado. De acordo com o secretário de Saúde da cidade, José Maria de Castro Júnior, trata-se de um paciente que trabalha numa empresa de Miraí.

“Já tínhamos montado um protocolo. Isso foi de acordo com sintomas de cada caso. Com sintomas leves, fizemos um teste rápido no paciente e positivou. A família deu negativo. Solicitamos o isolamento e acompanhamento da família. Doze dias depois, fizemos mais um teste e a família negativou de novo. Havia o município de Olaria para a produção de itens, que foram entregues a todas as pessoas do grupo de risco residentes com acompanhamento diário da família para não haver disseminação”, disse o secretário.

O município também adotou algumas medidas para conter a circulação de pessoas, como a renovação de receitas de forma remota. Entregas de remédio pela farmácia municipal estão sendo feitas via delivery. Ações de prevenção, como a adoção de barreiras sanitárias, também foram tomadas. O comércio local está sendo pautado pelo Minas Consciente, na onda verde, na qual somente estabelecimentos essenciais podem funcionar.

Em 27 de maio, a cidade de Olaria, com apenas 1.981 habitantes, também na Zona da Mata, registrou dois casos de coronavírus. Os pacientes, de acordo com a prefeitura, trabalham em Juiz de Fora. Barreiras sanitárias foram instaladas na entrada da cidade, com apoio da Polícia Militar. Além disso, um médico infectologista foi contratado para atender a população aos sábados. O mesmo profissional também orienta os gestores do município na tomada de decisões.

O trânsito de pessoas dentro da cidade só pode ser feito mediante o uso de máscaras. Para facilitar o acesso ao equipamento de proteção individual, a prefeitura firmou uma parceria com a Associação de Artesãos na cidade. Fiscais da Vigilância Sanitária, com o apoio da PM, garantem que praças e áreas de lazer não sejam utilizadas.

LEITOS 

O mês de junho, que antecede o previsto para ocorrer o pico da pandemia do novo coronavírus, começa com leitos ocupados em toda Minas Gerais. Com a chegada da COVID-19, novas vagas foram disponibilizadas no estado. Em Belo Horizonte, o hospital de campanha instalado no Expominas permanece preparado para receber pacientes.  A Secretaria Municipal de Saúde da capital divulgou os dados em relação à ocupação de leitos no SUS-BH, com última atualização concluída no último domingo: no caso de UTI destinada ao coronavírus, a ocupação é de 55% dos 220 disponíveis e para outras doenças, 84% dos 719, o que dá uma ocupação média de 78%; 47% dos 647 leitos de enfermaria para coronavírus estão ocupados e 70% dos disponíveis para as demais doenças, numa média de 66% de ocupação num total de 4.416 leitos.

No estado, dados fechados até as 23h59 de domingo apontavam 266 pacientes internados em leitos de UTI, em decorrência da COVID-19, ou por suspeita da doença em Minas e taxa de ocupação de 9,94% nesse tipo de equipamento. Em relação aos leitos clínicos, eram 724 pessoas internadas com quadro de COVID-19 e a taxa de ocupação estava em 5,98%. A taxa de ocupação geral de leitos de UTI permanecia em 70,80% e de leitos clínicos, em  67,94%. Os números divulgados se referem ao Sistema Único de Saúde (não abrangem a capacidade hospitalar do sistema privado). Atualmente, estão cadastrados no SUS Fácil 12.107 leitos clínicos e 2.675 leitos de UTI em Minas.

Apesar de a Secretaria de Estado de Saúde não divulgar a ocupação de leitos por macrorregiões de Minas, prefeituras do interior apontam preocupação com a capacidade hospitalar. É o caso de Ipatinga, que atingiu 100% dos leitos de enfermaria na sexta-feira. A cidade-polo da região do Vale do Aço registra 12 vezes mais contaminados do que em abril.



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