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Estado de Minas GERAIS

Coronavírus: Mineiro encerra drama e volta de Portugal para BH

Depois de dormir no carro e 'morar' no aeroporto, natural de Coluna cumpre quarentena em Venda Nova


postado em 30/03/2020 15:44 / atualizado em 30/03/2020 20:17

Gabriel Mendes, de preto, conseguiu retornar para Belo Horizonte após período de isolamento em Lisboa, Portugal (foto: Ivan Drummond/EM/D.A. Press)
Gabriel Mendes, de preto, conseguiu retornar para Belo Horizonte após período de isolamento em Lisboa, Portugal (foto: Ivan Drummond/EM/D.A. Press)
Terminou nesta segunda-feira (30) o drama do mineiro Gabriel Mendes, de 32 anos, que trabalha como pintor, em Lisboa, Portugal, onde estava retido por não conseguir um voo para o Brasil. Ele já está em Belo Horizonte. Desembarcou no Aeroporto de Confins na madrugada desta segunda-feira e agora está fazendo quarentena na casa de uma amiga, em Venda Nova, onde ficará até poder retornar a sua cidade natal, Coluna, para, enfim, rever a família, que segundo ele, está com medo de que ele esteja infectado.
 
Para retornar ao Brasil, Gabriel viveu uma verdadeira saga, que incluiu "morar "no Aeroporto Humberto Delgado, em Lisboa, dormir no carro, no estacionamento, comer o que fosse possível, ficar sem banho e aprender uma artimanha que permitisse o retorno para casa.
 
O drama de Gabriel começou quando ele soube das notícias sobre o Coronavírus e decidiu que era hora de voltar ao Brasil. Seus planos eram visitar a família e a cidade-natal, Coluna, somente em julho, mas preferiu antecipá-los. 
 
“Comprei passagem, primeiro para o dia 23, mas o voo foi cancelado e o remarcaram para o dia 27. Foi, de novo, cancelado, passando para o dia 31. Passei a pensar no que fazer. Já fazia parte de grupos de brasileiros que estavam na mesma situação que eu. Lá, ouvi dizerem que as pessoas que estavam indo para o aeroporto, conseguiam embarcar. Foi o que decidi fazer no último sábado”, conta Gabriel.
 
Ele foi de carro para o aeroporto. Achou mais seguro, pois evitaria contato no transporte. “Foi o melhor que fiz. Mas, ao chegar ao Humberto Delgado, levei um susto: estava lotado.”
 
Nos grupos de brasileiros pelo WhatsUp, segundo Gabriel, a maioria das pessoas queria fazer o mesmo, mas tinham medo. “Tnham medo, por exemplo, de entregar seu imóvel e ficar na rua.”
 
Uma vez no aeroporto, Gabriel logo se entrosou com outros brasileiros e começou a perceber que não seria tão fácil embarcar. “O melhor era dormir lá e, ainda de madrugada, ir para à frente do acesso ao embarque. Se houvesse vaga em voo, eles chamariam os primeiros dessa lista.”

Gabriel peregrinou pelo aeroporto e tentou dormir no carro. Antes de amanhecer, ele foi ao embarque. “Dividimos-nos em dois grupos, de 20 pessoas, para tentar o embarque. Começaram a chamar os nomes, mas, como era um voo Latam, somente as pessoas que tinham passagem da companhia puderam embarcar.”
 
Da entrada na sala de embarque, até entrar no avião, ainda havia a incerteza. Mas o avião partiu às 19h30, em Lisboa, 13h30 de domingo, no Brasil. “Não foi uma boa viagem. Eu sentia dores no corpo inteiro. Não conseguia ficar quieto”, conta Gabriel.

O avião chegou a São Paulo por volta de 23h. Gabriel e o grupo, que tinha mais nove brasileiros, festejaram muito, mas ele ainda precisava chegar a BH. Outros, ao Rio de Janeiro e a Curitiba.
 
“Não tinha mais voo para Confins. O que fizeram foi me mandar de Cumbica para o Aeroporto de Congonhas. Colocaram-me num voo, de madrugada. Enfim, eram 3h e tinha chegado. Fui direto para a casa de minha amiga”, desabafou.

Medo da família

Gabriel descansou e, ao tentar em falar com a família, teve outra surpresa. “Minha família está com medo de que eu esteja contaminado. Conversaram comigo como se eu estivesse com o vírus”, diz o pintor, que resolveu permanecer em Belo Horizonte, para cumprir quarentena. “Aqui não tem problema. Vou ficar num quarto da casa da minha amiga. Depois da quarentena, aí, sim, vou pra casa.”
 
O desejo, no entanto, é voltar a Portugal. "Vou esperar passar esse problema todo e voltar a Portugal. Lá ,tenho clientela e muito serviço. Tenho de voltar.”

Esperança oficial para quem está na África do Sul

O grupo de mineiros retido na África do Sul foi informado nesta segunda-feira (30) de que deve voltar ao Brasil em 1 de abril. A notícia do acordo intermediado pelo Itamaraty os encheu de esperança. “Acho que vou dormir melhor hoje. Sem hora para acordar. Alivia um pouco a cabeça da gente. Mas vamos esperar que esse voo aconteça”, diz a advogada Marina Machado, que está com o noivo, Israel Catizani, na Cidade do Cabo.

 
A psicóloga Luciana Gaudio, que está sozinha em Johanesburgo, também festejou. “Não vejo a hora de ir embora, chegar em casa e encontrar meus filhos, Ian, de 10 anos e Luana, de 9.” 


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