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Estado de Minas

Idosos e transplantados ficam expostos ao coronavírus na Farmácia Minas em BH

Na manhã de quinta (19), centenas de pessoas esperavam por remédios de alto custo na unidade de dispensação da Secretaria de Estado da Saúde


19/03/2020 12:11 - atualizado 19/03/2020 19:34

(foto: Leandro Couri/EM/DA PRESS)
(foto: Leandro Couri/EM/DA PRESS)
 

 

As orientações do Ministério da Saúde são claras: as pessoas do grupo de risco devem ficar em casa para evitar uma contaminação com o coronavírus. Idosos, portadores de doenças crônicas ou pacientes com baixa imunidade fazem parte do grupo em que há maior potencial de letalidade. No entanto, apesar de todos esses riscos e da recomendação expressa de isolamento social, centenas de pessoas desse grupo enfrentaram uma fila para retirar medicamentos na Farmácia Minas Regional Belo Horizonte. A partir da portaria na Avenida do Contorno, a fila dobrava o quarteirão e se estendia para a Rua André Cavalcanti, no Bairro Santo Agostinho, na Região Centro-Sul, num cenário considera de alto risco por infectologista. A Secretaria de Estado de Saúde informa que alterou a rotina para evitar aglomerações dentro do prédio e que pessoas de grupos de riscos podem ser representadas por outras na retirada dos remédios (leia mais abaixo).´

 

Na farmácia, é feita a dispensação de medicamentos para pessoas transplantadas, asmáticos, que fazem hemodiálise, entre outros quadros clínicos. A razão de estarem ali é um contrassenso: precisam receber medicamentos controlados fundamentais para a saúde. Mas, ao fazer isso, ficaram expostos à maior preocupação da saúde pública mundial, a pandemia do coronavírus. "As autoridades tinham que tomar alguma providência. Esse problema na área da saúde?", afirmou a Eliáurea Martins, de 52 anos, que enfrentou a fila para buscar medicamento para a mãe, Íris Divina, de 80, que trata de uma doença reumatológica.

 

(foto: Leandro Couri/EM/DA PRESS)
(foto: Leandro Couri/EM/DA PRESS)
 

 

As pessoas entravam em grupos de 20 no interior da Farmácia de Minas. No entanto, lá dentro, em ambiente fechado, havia um número considerável de pessoas, com o agravante de serem a maioria de grupo de risco. Muitos idosos usavam máscaras, mas, para esperar o momento de serem atendidos, tinham que ficar nas filas sem que fosse mantida a distância de dois metros entre eles, recomendação para evitar o contágio com o novo vírus. Lado a lado, esperavam até duas horas para serem atendidos. Do lado de fora, com o sol a pino, as sombrinhas protegiam contra o calor, mas não contra o novo vírus que circula em Belo Horizonte. 

 

Helmar Lobo Aranha, de 77, ficou preocupado com o tamanho da fila e o tempo de espera. Além da idade, que o coloca no grupo de risco, ele faz hemodiálise há 6 anos e 9 meses. "Sou frágil. Não tem condição essa fila. Há tanta gente que usa remédio. Tinham que ter marcado horário para não ter essa fila", queixou-se. Para se proteger, ele usava uma máscara.

Transplantada de rins, Cleuza de Fátima, de 51, cansou de esperar e sentou-se no meio-fio até ser atendida. "Cheguei há 20 minutos, no fim da manhã, mas acho que só saio daqui à tarde. A fila está dobrando a rua", afirmou. Ela sugeriu às autoridades que pessoas como ela pudessem receber o medicamento sem correr risco de se contaminar com a COVID-19, a doença provocada pelo micro-organismo. "Melhor seria que as pessoas recebessem em casa."

 

Já esperando havia uma hora e meia, José Antônio da Silva, de 68, procurou uma sombra no pé de uma árvore. "De outras vezes que vim buscar o remédio foi mais rápido", afirmou. Wilma Amaral, de 59, foi até o local para pegar o medicamento para a irmã Soraia Amaral, de 49, que é transplantada. A rede Farmácia Minas teve início em 2008, com previsão de serem instaladas em 67 municípios de até 10 mil habitantes. As unidades têm como objetivo dispensar medicamentos para a atenção primária. Esses espaços também fazem a dispensação de medicamentos de alto custo.

 

Logística

 

Transplantada de rins, Cleuza de Fátima, de 51 anos, cansou de esperar e sentou-se no meio-fio até ser atendida(foto: Leandro Couri/EM/DA PRESS)
Transplantada de rins, Cleuza de Fátima, de 51 anos, cansou de esperar e sentou-se no meio-fio até ser atendida (foto: Leandro Couri/EM/DA PRESS)
 

 

"O risco é grande, porque tem aglomerações. O ideal é ter uma forma de evitar filas", afirma o infectologista Estêvão Urbano, presidente da Sociedade Mineira de Infectologia. Ele sugere que o melhor seria que o Estado possibilitasse uma logística para que essas pessoas pudessem receber os medicamentos em casa.

Também infectologista, André Fernando considerou “gravíssimo” o cenário flagrado pelo Estado de Minas. “A recomendação é de não deixar mais de 10 pessoas no mesmo ambiente e manter uma distância de pelo menos, dois metros entre elas”, explica.

 

Mudança

 

(foto: Leandro Couri/EM/DA PRESS)
(foto: Leandro Couri/EM/DA PRESS)
 

 

Consultada pelo Estado de Minas, a Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais (SES-MG) informou, por meio de nota, que para evitar aglomerações no interior da farmácia, o protocolo de controle de entrada foi alterado. De acordo com a pasta estadual, está sendo permitida a entrada dos pacientes de acordo com a capacidade dos guichês e fluxo dos atendimentos.

“A SES-MG também está orientando que compareçam à Farmácia de Minas somente os pacientes com atendimento agendado, evitando possíveis deslocamentos desnecessários. Informamos, ainda, que novas adequações logísticas nas farmácias estaduais estão sendo estudadas”, completou.

 

Por fim, a secretaria informou que pessoas que necessitam retirar medicamentos na farmácia e que sofrem de doenças crônicas ou fazem uso de imunossupressores, além de gestantes, lactantes e idosos têm a possibilidade de uso da declaração autorizadora, para que alguém de confiança retire seus medicamentos. O documento pode ser retirado no link (clique aqui para acessar).


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