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Coronavírus: pesquisador mineiro repatriado acredita em recuperação da China e quer voltar

Um dos 34 brasileiros trazidos de volta e mantidos em isolamento relata ao EM clima na cidade onde surto começou, diz confiar em superação da ameaça


postado em 13/02/2020 06:00 / atualizado em 13/02/2020 12:21

Vitor Campos, mineiro em quarentena em Anápolis (GO):
Vitor Campos, mineiro em quarentena em Anápolis (GO): "Pretendo voltar. Tenho certeza de que eles vão dar a volta por cima. Que país do mundo consegue construir um hospital em duas semanas?" (foto: Arquivo pessoal/Divulgação)
Um mineiro, que se encontra entre os 34 brasileiros em quarentena na cidade goiana de Anápolis depois de regressar da China no último domingo, revela os momentos iniciais da propagação do novo coronavírus a partir de seu epicentro, e como vem sendo a rotina das pessoas repatriadas e mantidas em isolamento. Formado em ciências sociais pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), Vitor Campos, de 28 anos, estava em Wuhan – onde foram registrados os primeiros casos da doença que se transformou em alerta global – para concluir um mestrado. Por incrível que pareça, ele diz não ter entrado em pânico quando os casos de contágio começaram a aumentar, e revela que pensou em permanecer no país asiático, para o qual já planeja voltar em breve. O pesquisador diz não ter dúvidas de que os chineses conseguirão controlar a situação.

“Não estava pensando em voltar no Brasil. Foi mais pelos meus pais, mas também pelo risco. Provavelmente ficaria um pouquinho mais, pois minha situação era diferente de outras pessoas. Via gente em outras faculdades que estava trancada, não podia sequer sair. O supermercado abria uma vez a cada três dias, então tinham que estocar comida... Aí sim, eles tinham motivo para voltar. Eu, não. Tinha supermercado todo dia, eu podia sair do quarto na hora que quisesse, a universidade (Wuhan University of Science & TecHnology) dava comida e máscaras para a gente”, informou o mineiro ao Estado de Minas por mensagens de áudio, de dentro das instalações da base de Anápolis, onde se encontra isolado com outros 33 brasileiros.



Vitor lembrou do momento em que começaram a ser divulgados os primeiros casos do coronavírus. “Quando começou o surto, muita gente se manteve tranquila. No início, ninguém falava muito sobre a questão. Eu mesmo não estava tão preocupado. Para falar a verdade, nunca estive. Depois, já vi preocupação maior das pessoas, por meio das redes sociais que tinha na China. Ainda assim, passei por esse processo inteiro muito tranquilo, uma vez que nunca me vi em risco, nunca me vi limitado de nada, não tive problema nenhum. Para mim, foi tudo tranquilo, principalmente pelo suporte que a universidade deu”, relatou.

O belo-horizontino diz não ter se incomodado nem mesmo com a indefinição do governo em iniciar os trâmites com a China para trazer de volta os brasileiros que estavam no país. “Demorou um pouquinho, mas devido ao apelo feito por alguns brasileiros, vi que houve uma repercussão bem grande na mídia e isso ajudou no processo de repatriação”, relata.

Recepção 


Já sobre a base montada em Anápolis para receber o grupo, a impressão foi muito positiva. “A gente está sendo super bem tratado, temos todas as conveniências possíveis, não estamos passando falta de nada. Eles proporcionaram um acolhimento e recebimento muito bom. Não tenho nada do que reclamar. Estão indo muito bem”, elogia. Assim como os demais brasileiros em quarentena, Vitor passa por coletas de sangue e de mucosas e medição de pressão constantes, para monitorar qualquer manifestação que possa sugerir o contágio pela agente infeccioso.

Mesmo ainda não podendo ter contato físico com os familiares (o pai, José Neves Siqueira Júnior, e a mãe, Celeste, viajaram para Anápolis para ficar mais próximos do filho), Vitor já conseguiu matar um pouco da saudade. “Tenho oportunidade de conversar com meus pais por vídeo e por celular, pela internet, então a gente mantém contato. E agora eles estão muito mais aliviados, depois que eu voltei. Ainda mais com o resultado do teste do vírus, em que saiu tudo certinho”, acrescenta.

Na terça-feira, o Ministério da Saúde divulgou que os resultados dos primeiros exames dos brasileiros em quarentena deram negativo para possível infecção para o novo coronavírus. A pasta informou ainda que eles seguirão sendo monitorados até o 14o dia do isolamento, considerado prazo máximo de incubação do vírus.

Quando a quarentena terminar, Vítor já sabe o que fazer. “Já que voltei, vou aproveitar para dar uma passeadinha no estado de Goiás, coisa assim de dois ou três dias. Depois, é voltar para Belo Horizonte e terminar de escrever minha dissertação”, planeja.

Apesar do temor geral, o pesquisador acredita que em breve estará de volta à China. “Vou para a China desde 2012. Não foi a primeira vez e imagino que não vai ser a última também. Obviamente pretendo voltar, pois tenho que me formar, não vou abrir mão de minha carreira de mestrado. Só vou esperar a situação lá ficar controlada. Quando tudo estiver certo, pretendo voltar, sim, porque é um país muito bom de se viver. Wuhan, por exemplo, é uma cidade do tamanho de São Paulo, mas com estrutura muito mais desenvolvida e mais avançada, não só em termos de trânsito, de transporte, mas de saúde, alimentação, tudo... A vida na China considero ser muito mais conveniente do que no Brasil”, analisa.

Vitor tem confiança de que os chineses vão conseguir superar esse desafio. “Tenho certeza de que eles vão dar a volta por cima, pois é um país que, na minha opinião, tem a melhor infraestutura do mundo para fazer o controle disso. Como eles têm um governo muito centralizado, as medidas são muito mais diretas e rápidas. Que país do mundo consegue construir um hospital em duas semanas? Isso é praticamente impossível em qualquer outro lugar. Então, realmente o vírus surgiu em um país que dará conta, sim, de contê-lo. Tenho certeza absoluta de que isso vai se resolver”, afirma.

Até ontem, segundo o Ministério da Saúde, 11 casos suspeitos de coronavírus eram investigados no Brasil. Outros 33 foram descartados após realização de exames. Não há no país confirmação da doença. No mundo são 25 países com registros da virose, com 45.612 disgnósticos confirmados, a esmagadora maioria na China (45.171), e 1.114 mortes, apenas uma delas – nas Filipinas – fora do país em que a propagação do agente infeccioso começou.


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