Preocupação, pressão alta, pouco sono e muita ansiedade: assim foram os dias de José Neves Siqueira Júnior e de sua esposa durante a explosão dos casos do novo coronavírus na China. O filho deles, Vitor Campos, estava em Wuhan, cidade que concentra a maioria dos diagnósticos até aqui, e voltou para o Brasil no avião da Força Aérea Brasileira (FAB) que aterrissou no domingo em Anápolis (GO). A família é de Belo Horizonte.
Segundo José Neves, o filho, que é formado em Ciências Sociais na Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), estava na China para concluir um mestrado voltado à área de linguística. Ele contou ao Estado de Minas que Vitor começou a aprender o mandarim ainda na adolescência e se encantou pelo Oriente.
“Ele foi pra lá a partir de uma parceria da UFMG com o governo chinês, a partir do Instituto Confúcio (organização educacional pública sem fins lucrativos vinculada ao Ministério da Educação da China). Enquanto eles pagavam a bolsa dele lá, o Vitor dava aulas de mandarim aqui no Brasil como contrapartida”, explica Siqueira Júnior.
Vitor morava na Universidade de Wuhan, justamente no centro dos casos do novo coronavírus. Segundo o pai, apesar dos riscos, o jovem não queria retornar ao Brasil.
“A irmã dele ligou e disse: 'olha Vitor, nossos pais estão com pressão alta e sofrendo com a ansiedade'. Ele voltou porque gosta muito da gente. Foi um gesto de amor, porque caso contrário ele não voltaria. Ele tem a esperança de fazer o doutorado lá”, afirma José Neves.
Mesmo sem poder ver o filho, que permanece em quarentena em Anápolis, José Neves Siqueira Júnior se deslocou ao interior de Goiás. A ida se justifica, segundo ele, para prestar apoio ao jovem diante da situação.
De acordo com José, Vitor Campos passa por exames três vezes ao dia. Há coletas de sangue e de mucosas e medição de pressão constantes. No entanto, o tratamento dado pelo governo brasileiro é classificado pelo pai como “espetacular”.
“Eles se alimentam muito bem. Vitor me disse que a culinária local é uma delícia. Tem todo tipo de luxo no quarto e material de higiene completo, porém tudo descartável. A gente entende que esses exames são para assegurar que eles não apresentam sintomas do (novo) coronavírus”, destaca.
Conforme o último boletim divulgado pelas autoridades, subiu para 1.011 o número de mortes causadas pela epidemia do novo coronavírus. A comissão de saúde de Hubei, estado onde está localizada a cidade de Wuhan, também destacou que há mais de 42.200 casos confirmados na China.
Acredita-se que o novo vírus tenha surgido em um mercado que vende animais silvestres em Wuhan.
O presidente chinês, Xi Jinping, se reuniu com pessoal sanitário e pacientes afetados em um hospital de Pequim nesta segunda-feira (10), onde pediu "mais medidas decisivas" para conter a epidemia, noticiou a emissora estatal CCTV.