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Estado de Minas

Contato com água de inundações expõe população a doenças graves

Médico recomenda uso de botas e luvas na limpeza da casa e atenção a sintomas como febre. Governo reforça vacinação


postado em 05/02/2020 06:00 / atualizado em 05/02/2020 08:33

Moradores de Sabará em fila para tomar vacina depois de temporais: especialistas recomendam doses contra tétano e hepatite, além da triviral(foto: Jair Amaral/EM/D.A Press)
Moradores de Sabará em fila para tomar vacina depois de temporais: especialistas recomendam doses contra tétano e hepatite, além da triviral (foto: Jair Amaral/EM/D.A Press)


Hepatite, tétano e leptospirose. Essas são algumas das principais doenças com as quais as pessoas que tiveram contato com a água das enchentes precisam se preocupar. Na semana passada, 60 mil doses da vacina contra hepatite A foram recebidas pela Secretaria Estado de Saúde (SES-MG), a partir do repasse do Ministério da Saúde para imunização da população nessa situação. Além disso, Minas Gerais também recebeu do ministério kits para situações de calamidade – compostos por medicamentos e insumos médicos e hospitalares, capazes de atender cerca de 500 pessoas por um período de três meses.

O médico infectologista e professor adjunto do Departamento de Clínica Médica da Faculdade de Medicina da UFMG Mateus Rodrigues Westin alerta: micro-organismos como vírus, fungos e protozoários podem estar presente no esgoto e, consequentemente, nas águas de inundação. “Só o contato pela pele pode causar algumas micoses. Mais preocupante é a ingestão dessa água. Não precisa ter ocorrido diretamente, mas, também, por meio de mão contaminada que passa pela região dos olhos e bocas. Também é preciso ficar atento com a alimentação, que pode ter tido contato com a água infectada”, informou. Além das doenças gastrointestinais, ele alerta para três patologias graves: hepatite, tétano e leptospirose.

O especialista reforça a importância da vacinação e de ficar em alerta: “Se você teve contato com a água da inundação e tiver quadro de febre aguda, procure um médico.” Ele também ressalta a importância de equipamentos de segurança para fazer a limpeza da casa, dos cômodos ou dos objetos. “É preciso usar botas e luvas para a proteção ao fazer a limpeza. Também é recomendado que se misture água e água sanitária para ação desinfetante”, complementou.

O tétano é uma infecção causada por bactéria e não é contagiosa. Se não for tratado corretamente, pode matar. E a principal forma de prevenção é por meio da vacina pentavalente. Já a hepatite é uma inflamação do fígado. O contágio pela doença ocorre em decorrência de condições precárias de saneamento básico e de higiene pessoal, por meio de água e dos alimentos. No ano passado, foram 40 casos notificados de hepatite A.

Já a leptospirose tende a ter ocorrência elevada nos períodos de enchentes porque a enxurrada traz para os ambientes humanos a urina de roedores que estão nos esgotos e bueiros. Por isso, qualquer pessoa que entrar em contato com água ou lama pode acabar infectada. Em 2019, em Minas Gerais, houve 173 casos de leptospirose, com 18 mortes.

Em Belo Horizonte, cerca de 4 mil profissionais foram mobilizados em plantão para minimizar os riscos à saúde da população depois dos últimos temporais. Os agentes comunitários e de combate a endemias de vários centros de saúde da capital estão realizando visitas domiciliares nas regiões mais atingidas pelas chuvas, segundo a prefeitura. Na segunda-feira, equipes do Centro de Saúde Betânia estiveram nas adjacências da Avenida Tereza Cristina, na Região Oeste de Belo Horizonte, para mutirão de vacinação da comunidade atingida pelas chuvas. De acordo com a Secretaria Municipal de Saúde, foram disponibilizadas, para todas as faixas etárias, vacinas contra hepatite A e B, febre amarela, tétano e triviral (sarampo, rubéola e caxumba). Estima-se que, apenas na região, 300 pessoas tiveram algum contato com a água das chuvas. Apenas na primeira visita, foram oferecidas cerca de 100 vacinas à comunidade. A prefeitura não tem um balanço de quantas pessoas foram vacinadas em toda a cidade por esse motivo.

Contagem, na Grande BH, recebeu 2.400 doses de imunizantes para as pessoas com 18 anos ou mais. Para as pessoas não vacinadas, menores de 18 anos, está sendo usada a vacina que o município já tem. O estado vai liberar mais vacinas à medida que o município for solicitando. “Contagem adotou a estratégia de realizar busca ativa das pessoas que foram afetadas, utilizando como referência a listagem feita pela Defesa Civil, que cadastrou todas as famílias afetadas. As unidades de saúde que têm população atingida, já estão orientadas e indo até as famílias para fazer a vacinação. Caso a pessoa atingida não receba a visita da unidade, deve procurar sua unidade de saúde de referência para obter maiores informações”, informou a prefeitura.

Risco à saúde


Doenças com maior incidência no período chuvoso

» Leptospirose – a ocorrência dos casos da doença tende a ser maior nos períodos de enchentes porque a enxurrada traz para os ambientes humanos a urina de roedores que estão nos esgotos e bueiros. Por isso, qualquer pessoa que entrar em contato com a água ou lama pode acabar infectada.

» Hepatite A – a transmissão está relacionada diretamente às condições de saneamento básico e higiene pessoal. Normalmente transmitida por meio de alimentos mal lavados, também pode surgir com a ingestão acidental de água das chuvas contaminada.

» Diarreia – se não for tratada adequadamente, pode evoluir para uma desidratação grave e até mesmo levar ao óbito. Em crianças menores de 5 anos, por exemplo, foram notificadas, em 2019, 23 mortes causadas pela doença.

» Febre tifoide – transmitida por bactéria, provoca febre alta, dores de cabeça, mal-estar geral, falta de apetite, retardamento do ritmo cardíaco, aumento do volume do baço, manchas rosadas no tronco, prisão de ventre ou diarreia e tosse seca. É transmitida pela ingestão de água ou de alimentos contaminados com fezes humanas ou com urina contendo a bactéria.

» Chikungunya, zika e dengue – com a chegada da época do calor e do período chuvoso, aumenta a quantidade de água parada, facilitando a proliferação do vetor dessas doenças.

» Tétano – O tétano é uma infecção causada por bactéria e não é contagiosa. Se não for tratado corretamente, pode matar. E a principal forma de prevenção é por meio da vacina pentavalente

Fonte: Secretaria de Estado de Saúde (SES-MG)


Previsão é de mais chuva no estado


A chuva em Minas Gerais não tem previsão de parar. A circulação de ventos a áreas de instabilidade continuam atuando sobre a Região Sudeste do país e pode manter a formação de nuvens carregadas no território mineiro. De acordo com o Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), em Belo Horizonte e região metropolitana o tempo segue instável com previsão de chuva e trovoadas pelo menos até sábado, dia 8. Hoje deve fazer calor à tarde, com os termômetros podendo chegar aos 28 graus. Rajadas de vento moderadas a forte podem contribuir para pancadas de chuvas isoladas no fim da tarde e noite.

Essa precipitação também foi motivo de uma previsão meteorológica especial feita pela Defesa Civil da capital. O alerta para a possibilidade de tempestades vale até amanhã. De acordo com o órgão, a condição atmosférica atual indica que, entre ontem e amanhã, o volume de chuva estimado pode superar 100 milímetros. O órgão municipal ressalta que, conforme os modelos meteorológicos, o maior volume de chuva deve ocorrer na quinta-feira.

As precipitações podem ser fortes em praticamente todas as regiões do estado. Segundo o Inmet, são previstas pancadas de chuvas e trovoadas para as regiões Noroeste, Central, Metropolitana, Triângulo Mineiro, Alto Paranaíba, Oeste, Sul, Sudoeste, Campo das Vertentes e Zona da Mata. Nas demais regiões, o céu fica parcialmente nublado a nublado. No entanto, também pode ocorrer pancadas de chuva e trovoadas isoladas. (Déborah Lima)


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