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LEDs controlados a distância: o que muda com nova iluminação do Anel Rodoviário

Com movimento de até 130 mil veículos/dia, via tem luminárias com nova tecnologia. Impacto deve ocorrer não só sobre acidentes, mas em segurança pública


17/12/2019 06:00 - atualizado 17/12/2019 08:04

Em áreas que já receberam novas luzes, diferença é nítida em relação à iluminação mais amarelada, o que deve contribuir sobretudo para redução de atropelamentos(foto: Marcos Vieira/EM/DA Press)
Em áreas que já receberam novas luzes, diferença é nítida em relação à iluminação mais amarelada, o que deve contribuir sobretudo para redução de atropelamentos (foto: Marcos Vieira/EM/DA Press)


Na madrugada de 28 de abril deste ano, um homem morreu atingido por um carro no Anel Rodoviário de Belo Horizonte, próximo ao Bairro Alto dos Pinheiros, na Região Noroeste da capital. O motorista alegou não ter visto o pedestre. O atropelamento é um dos grandes riscos na via, a mais movimentada da cidade, que em alguns trechos recebe 130 mil veículos por dia, e um dos fatores determinantes para esse tipo de acidente são as deficiências na iluminação. Um cenário que pode começar a mudar com a modernização do sistema de luzes ao longo da rodovia. O projeto, executado pela Belo Horizonte Iluminação Pública (BHIP), consórcio responsável pelo setor na cidade, com a participação da prefeitura, já começou a substituir as antigas lâmpadas de vapor de sódio por modernas luminárias LED. A Polícia Militar Rodoviária (PMRv) apoia a medida e acredita que os índices de desastres com vítimas, que vêm aumentando em 2019, vão diminuir com a intervenção.

O sistema do Anel Rodoviário corresponde a 1% da iluminação pública em toda a Belo Horizonte. As trocas das lâmpadas na rodovia estão incluídas no projeto de modernização do setor nas vias da capital mineira, que tem investimento de R$ 400 milhões. Na rodovia que corta a cidade, alguns trechos já estão com as luzes novas. São 150 pontos trocados, o que corresponde a 10% do total de 1.500 luminárias. E a mudança é visível. Quem passa pelos bairros Buritis e Olhos D'água, na Região Oeste da capital, já consegue ver as luzes de LED, que deixa as pistas mais claras e com um tom mais claro. Próximo ao radar de velocidade no trecho, ainda há a antiga iluminação, com um tom mais amarelado, que deixa o ambiente mais escuro. As trocas ao longo de toda a extensão do Anel serão aceleradas no mês que vem.

O projeto de troca da iluminação precisou ser estudado devido à forma de disposição das luzes na rodovia. “Estamos fazendo toda a modernização da iluminação da periferia para a Região Centro-Sul de BH, pois é mais carente, e onde os índices de criminalidade são mais elevados. Durante o período de modernização, estudamos o que faríamos no Anel Rodoviário. Todo o custo lá é mais elevado, já que os postes são mais altos. As torres têm oito, 10 e até 12 luminárias. Têm até 30 metros de altura e iluminam grandes áreas, principalmente próximo a trevos, praças e vias mais largas. Então, estávamos desenvolvendo alternativas para a substituição. Chegamos ao projeto de torre de 22 metros, o que permite que veículos ajudem na manutenção, em vez de operar com equipamentos que demandam interdição da rodovia”, explicou Marcelo Bruzzi, presidente da BHIP.

As novas luminárias vão ajudar em vários fatores nos trechos, como a diminuição dos acidentes e até da criminalidade. “O Anel Rodoviário tem um trânsito muito pesado, em que ocorrem muitos acidentes. Em todas as regiões próximas a cruzamentos de pedestres, inclusive naquelas com passarelas, a iluminação está sendo reforçada, justamente para o pedestre ter mais segurança para transitar pela plataforma”, comentou Bruzzi.

Estatísticas mostram que os atropelamentos são um dos desafios na rodovia. Dados do relatório de ocorrências de trânsito com mortes em 2018, divulgado pela BHTrans, mostram que das 34 ocorrências com óbitos registradas no Anel Rodoviário, 41% envolveram pedestres atingidos por veículos.

O tenente Luiz Fernando Ferreira, da Polícia Militar Rodoviária (PMRv) e comandante do policiamento no Anel Rodoviário, acredita que a iluminação vai ajudar na diminuição de ocorrências na estrada que corta BH. “Temos alguns problemas estruturais no Anel Rodoviário, entre eles, a iluminação. Essas ações futuramente vão reduzir a quantidade de vítimas de acidentes, principalmente na questão do atropelamento”, afirmou.

Segundo ele, haverá impacto também na segurança pública da área, e não apenas no trânsito. “Pontos que serviam para infratores ficarem escondidos naturalmente vão diminuir, trazendo maior tranquilidade e segurança para as pessoas. Sem contar, também, que a questão estética melhora. Isso dá uma sensação de segurança e de organização, e interfere no comportamento de pedestres e motoristas”, enumerou o policial.

A nova iluminação chega em um momento em que os desastres vêm aumentando na rodovia. “Tivemos um aumento no número de acidentes com vítimas, infelizmente. A Polícia Militar Rodoviária vem atuando intensamente com operações ostensivas, e educativas. Contudo, há necessidade de conscientização de condutores e pedestres. Os números subiram, embora o serviço policial não tenha reduzido. Pelo contrário, temos intensificado as ações”, garantiu.

Telegestão


A expectativa é de que a primeira etapa do projeto no Anel Rodoviário – troca das lâmpadas para luminárias LED – seja concluída em abril de 2020. Depois, será dado início a outra ação, chamada de “manutenções complexas”. Serão feitas correções de posicionamento ou altura dos postes e torres, readequações técnicas, ampliação dos pontos de iluminação em locais que ainda não contam com o serviço, recomposição de postes atingidos por veículos e requalificação de trechos onde a rede elétrica está danificada.

Um dos diferenciais está no uso da chamada “telegestão”. A tecnologia que será implantada em todos os pontos da rodovia possibilita o controle integral das luminárias a partir de um centro de gerenciamento. “No Anel, a iluminação terá 100% de telegestão – a telecomunicação entre a luminária e o centro de controle operacional. Com isso, conseguimos ligar e desligar, programar ligação e desligamento, medir as grandezas elétricas, inclusive o consumo. E, se for o caso, fazer a dimerização programada, que consiste em aumentar ou diminuir a iluminação, dependendo do período do dia”, explicou Bruzzi. Segundo ele, o sistema possibilita inclusive monitorar pontos que se apagam. Nesse caso, o centro de controle é avisado, e, em algumas situações, até a manutenção pode ser feita a distância.


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