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BH 122 anos: marcos que fazem história da Liberdade, praça que ganha cores do Natal

Iluminada à espera de 2020, a mais famosa praça da capital abre série que lança novo olhar sobre pontos marcantes da cidade que comemora mais um ano de fundação


postado em 12/12/2019 06:00 / atualizado em 12/12/2019 07:40

Ver galeria . 23 Fotos A iluminação poderá ser visitada durante as festividades de fim de ano até o dia 6 de janeiro do ano que vem Marcos Vieira/EM/D.A press
A iluminação poderá ser visitada durante as festividades de fim de ano até o dia 6 de janeiro do ano que vem (foto: Marcos Vieira/EM/D.A press )


Rumo ao cinema, o casal caminha pela Alameda Travessia e reflete, olhando para o alto, sobre a beleza da Praça da Liberdade. “Para facilitar a vida dos pedestres, poderia ser um calçadão único, ligando o espaço ao Palácio da Liberdade. Ficaria bem melhor para passear, sem os carros”, comenta a ex-empresária Vera Comini com o marido, Afrânio, engenheiro aposentado. Casados há 51 anos, eles moram na região há 16, depois de muito tempo no Bairro Mangabeiras, também no coração de Belo Horizonte. Alguns passos adiante, Vera diz sentir falta de árvores mais frondosas do espaço, que, há um ano, foi reaberto depois de um processo de requalificação e supressão de alguns espécimes. Saudade à parte, a belo-horizontina não deixa de declarar seu amor pela capital: “Amo esta cidade. É a minha cidade, gente!”. Hoje, quando a BH dela e de milhões de mineiros chega aos 122 anos – a inauguração ocorreu em 12 de dezembro de 1897 –, nada tão oportuno como reverenciar esses horizontes, abrir o coração aos conterrâneos e visitantes e mostrar o melhor de seus recantos. Para isso, até segunda-feira, o Estado de Minas destaca pontos fundamentais nessa história, registrando pontos de vista diversos, traduzidos em opiniões ou ângulos urbanos. A mais famosa de suas praças, desde ontem ornamentada com as tradicionais luzes de Natal, como um presente, serve de ponto de partida para essa jornada.

O nome é Liberdade, mas também poderia ser Acolhida ou Diversidade. Moradora de Contagem, na Região Metropolitana de Belo Horizonte, a estudante de letras na Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) Gabriela Araújo, de 21 anos, aprecia o sossego do lugar para ler. “Gosto do ambiente agradável, de visitar o Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB), de ver exposições. Há muito jovens por aqui, é um lugar de convivência”, afirma Gabriela.

Fontes e coreto iluminado: depois de dúvidas quanto à tradicional decoração, parceria com a iniciativa privada tornou viável a atração, que permanece até 6 de janeiro de 2020(foto: Marcos Vieira/EM/DA Press)
Fontes e coreto iluminado: depois de dúvidas quanto à tradicional decoração, parceria com a iniciativa privada tornou viável a atração, que permanece até 6 de janeiro de 2020 (foto: Marcos Vieira/EM/DA Press)


Não muito longe, quase na esquina da Rua Gonçalves Dias, a comerciante Lúcia Soares, também de Contagem, aproveita a folga para passear com as sobrinhas Larissa Agnes Santos, estudante de fisioterapia, e Ana Karoline Santos Soares, que cursa biomedicina. E, claro, não podem faltar muitas fotos. “Gosto de ver as árvores, os prédios históricos, o patrimônio rico”, aponta Lúcia. Se Ana Karoline sente a calma que a paisagem urbana inspira, a prima, Larissa, vai além: “Tudo isso distrai minha cabeça”.

Manifestações


Localizada entre os bairros Funcionários e Lourdes e epicentro do Circuito Liberdade, com 15 equipamentos culturais, a Praça da Liberdade – inaugurada em 1897, tombada há 42 anos pelo Instituto Estadual do Patrimônio Histórico e Artístico de Minas Gerais (Iepha-MG) e adotada para manutenção, desde janeiro, pela MRV, tem uma longa história, grande parte presente no Palácio da Liberdade, palco de um programa de visitação guiada com muitas descobertas. Antes ou depois do passeio, que tal dar conhecer mais sobre a praça, que não perde o charme, o vigor e muito menos a fama de espaço mais nobre da capital?

Muitos gritos, um só ideal


Especialmente iluminada para o Natal desde ontem, em inauguração com direito ao som de uma vesperata que deu ainda mais charme ao já consagrado circuito cultural, ao longo de décadas a Praça da Liberdade foi palco de todos os tipos de manifestação: políticas, sociais, religiosas, culturais e cívicas. Mas também abrigou cerimônias fúnebres e festivas, sem perder o posto de marco estratégico no município, a partir da concepção da comissão construtora chefiada pelo engenheiro Aarão Reis (1853-1936).

Vera Comini, vizinha da Liberdade, no passeio da tarde com o marido, Afrânio:
Vera Comini, vizinha da Liberdade, no passeio da tarde com o marido, Afrânio: "Gosto muito da praça, que deveria ser unida ao Palácio da Liberdade, sem carros passando, para facilitar a vida dos pedestres" (foto: Leandro Couri/EM/DA Press)
Sempre vale lembrar que, além de lugar charmoso, a praça é síntese de vários estilos arquitetônicos, como os prédios das antigas secretarias de Fazenda e Educação e Obras e Vias Públicas, da época da construção; ou o Edifício Niemeyer e a Biblioteca Pública, projetados pelo arquiteto modernista Oscar Niemeyer (1906-2012). Da lavra contemporânea, ergue-se o Rainha da Sucata, da década de 1980, do arquiteto Éolo Maia (1942-2002).

Entre os fatos marcantes do local, pesquisadores chamam a atenção para os milhares de mineiros que compareceram à praça para bradar contra os países do Eixo, formado por Alemanha, Itália e Japão, durante a Segunda Guerra Mundial, em meados da década de 1940. Em 29 de maio de 1979, quem deixou sua marca no espaço foram professores, a maioria mulheres, que reivindicavam aumento salarial e melhores condições de trabalho, mas acabaram expulsos pela polícia, à força de jatos d’água e bombas de gás lacrimogêneo. Outra cena que ficou gravada na memória dos mineiros e na história da mais famosa praça da capital foi o assassinato, com um tiro na cabeça, do cabo da Polícia Militar Valério dos Santos Oliveira, de 36 anos, que participava de passeata por melhores salários.

Para os de saudosa memória, uma data significativa: há 50 anos era criada a Feira de Artesanato da Praça da Liberdade, que tornou-se famosa como Feira Hippie. No início da década de 1990, o evento se mudou para a Avenida Afonso Pena – não sem antes despertar enorme polêmica. Em 1991, começou o projeto de restauro do nobre espaço, a cargo da arquiteta Jô Vasconcelos.

Reis e presidentes


Um dos momentos mais marcantes no local que se tornou referência nos 122 anos da capital foi o velório, no Palácio da Liberdade, do ex-presidente Tancredo Neves (1910-1985), morto em 21 de abril de 1985. Em meio à comoção geral, a grade que cercava a então sede do governo sucumbiu à pressão da multidão. Sete pessoas morreram. Na sacada do palácio, a viúva, Risoleta Neves, (1917-2003), com voz embargada, pedia calma aos mineiros, em um apelo dramático para conter o povo aglomerado que queria se despedir do ex-presidente.

Mas a alegria também fez a festa na praça, que teve grandes celebrações: a posse do presidente Juscelino Kubitschek (1902-1976), em 1951; a aclamação de Nossa Senhora da Piedade, em 1960, como padroeira dos mineiros; e bem antes de todos esses fatos, lá em 1920, a recepção aos reis da Bélgica.

O tempo passa, as luzes de Natal iluminam o circuito à espera de 2020 e a Praça da Liberdade não para de surpreender. Nessa trajetória, em setembro de 2000, o Palácio da Liberdade se transformou em trincheira do então governador Itamar Franco, que se sentia ameaçado pela presença de tropas federais em Minas. A sede do poder estadual ficou cercada por viaturas de choque, helicóptero, atiradores de elite, UTI móvel e barraca de campanha. Agindo como se um ataques de tropas federais fosse ocorrer a qualquer momento, Itamar permanecia em vigília e alertava para risco de “mortes”, enquanto soldados com o rosto coberto por máscaras tipo ninja montavam guarda nas sacadas do Palácio.

Luzes celebram o clima de Natal


Já é Natal na Praça da Liberdade. O clima se instalou, em definitivo, com a inauguração da tradicional decoração, com milhares de luzes. Centenas de pessoas se aglomeraram no início da noite de ontem para dar boas vindas ao novo projeto, apesar da chuva. A atração poderá ser visitada até 6 de janeiro do ano que vem.

O casal formado pela bancária Christiane Lunar de Rezende, de 47 anos, e o diretor comercial Adalto Bicalho, de 48, veio para a contagem regressiva para a inauguração. “Achei os enfeites muito bonitos, não podemos perder essa tradição. É muito legal ver as famílias reunidas para apreciar”, disse Adalto, que logo tirou o celular para fazer uma selfie.

Neste ano, mais de 400 mil microlâmpadas de LED, mil lâmpadas estroboscópicas, 1,5 mil metros de mangueiras luminosas e 78 projetores foram instalados no espaço. Uma cortina luminosa decora o coreto e uma árvore de Natal com sete metros de altura foi construída. A decoração toma a calçada, alamedas, canteiros, palmeiras e fontes.

José Marcos Ramos, de 69, e Maria Inês Carneiro Ramos, de 73,  marcaram presença mesmo com a chuva. “Natal sem chuva não é Natal”, brincou Maria Inês, que comparece todos os anos. Ela conta que gostou muito das estrelas iluminadas. Já José achou que a iluminação está menos expressiva que em anos anteriores.

Economia


Chegou a ser cogitada a possibilidade de a decoração não ser feita neste ano, devido à crise econômica do estado. Mas a iluminação acabou sendo viabilizada graças a uma parceira entre a Cemig, a Câmara de Dirigentes Lojistas de Belo Horizonte (CDL/BH), a construtora MRV, o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico de Minas Gerais (Iepha-MG), o Circuito Cultural Praça da Liberdade, o  Banco de Desenvolvimento de Minas Gerais (BDMG), o Banco do Brasil, a Vale, a Fiat e a Gerdau.


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