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Estado de Minas

'Ele queria só crianças': testemunha fala sobre assassinato de menina de 5 anos em Betim

Criança foi assassinada a facadas a caminho da escola na manhã desta quarta, no Bairro Vila Cristina. Irmão de 7 anos presenciou o crime. Polícia apurou que o autor, de 25 anos, sofre de esquizofrenia e teria dito que recebeu 'ordem' para matar uma criança


postado em 30/10/2019 12:30 / atualizado em 30/10/2019 17:14

Esquina da Rua Perdões, onde o crime correu. A menina e o irmão estudavam em uma escola a poucos metros do local (foto: Paulo Filgueiras/EM/DA Press)
Esquina da Rua Perdões, onde o crime correu. A menina e o irmão estudavam em uma escola a poucos metros do local (foto: Paulo Filgueiras/EM/DA Press)


"Ele não queria adultos. Ele queria só crianças." Foi o que uma testemunha, que preferiu não se identificar, contou após um homem assassinar a facadas uma menina de 5 anos na manhã desta quarta-feira perto de uma escola na Rua Perdões, Bairro Vila Cristina, em Betim, na Região Metropolitana de BH. Ela estava a caminho de uma instituição de educação infantil com o irmão, de apenas 7 anos, e uma cuidadora quando foi atacada por um homem em surto esquizofrênico. Identificado como Moabe Edon Pinto Nogueira Souza, 25 anos,  ele quase foi linchado por moradores e acabou detido pela Polícia Militar (PM). 

Ouvida pelo Estado de Minas, a testemunha contou que, antes do crime, o homem comprou pães em uma padaria e agia normalmente. “Na hora que a moça subiu com a criança, ele chegou e começou com os golpes de faca. Achamos que era uma briga de casal e ninguém foi lá para socorrer. O primeiro golpe de faca que ele deu foi no peito da menina. Vimos que ela não ia viver mais e eu já comecei a gritar”, contou.  

A cuidadora teria tentado afastar a criança de Moabe várias vezes, mas ele continuava as agressões. Segundo a testemunha, não houve tempo para reagir. “Ele foi embora, retornou com a faca na mão, foi atropelado aqui na rua, foi espancado e está internado”, disse. 

Ainda segundo a pessoa ouvida pela reportagem, o criminoso teria “comemorado” pela rua após matar a criança. “Ele subiu com a faca na mão batendo palma, batendo palma, falando assim: 'eu consegui, eu consegui, consegui almas'. Ele subiu de novo e falou que conseguiu o que queria”, afirma.

Chorando, a testemunha lamentou a morte da menina. “Ele matou um bebê na nossa rua, que ele não conhecia, que ele não tinha vínculo com ela. Ele nunca viu ela (sic) na vida dele. E agora? Por que ele matou esse neném?”, questionou. 

Medicação do suspeito teria sido dobrada


Uma testemunha que é conhecida do suspeito contou que ele passava por tratamento para esquizofrenia. Ele mora com a mãe e três irmãos duas ruas abaixo de onde ocorreu o crime. Ontem, a mãe percebeu um comportamento estranho. Ele vagava pela rua e andava pelos carros sem rumo e dizendo coisas sem sentindo. A mãe decidiu levá-lo ao médico.

'A faca tinha cerca de 20 centímetros e foi recolhida pela polícia. A mãe contou aos policiais que, por medo, já havia escondido todos os objetos perfurantes da casa. Mas, possivelmente, hoje, o homem os descobriu'

Major Paulo Roberto, da Polícia Militar de Betim

Segundo a testemunha, o médico dobrou a dosagem do remédio. Nesta manhã, ele teria acordado melhor, foi comprar pão e, em seguida, esfaqueou a criança. "A mãe está sofrendo muito. Ele é um doente mental", disse a testemunha. O rapaz já teria sido preso e respondia em liberdade após ser diagnosticado com sofrimento mental. 

Depois da tentativa de linchamento, o agressor precisou passar por uma Unidade de Pronto-Atendimento (UPA) de Betim. Ele, a família da criança e algumas testemunhas foram levadas a uma companhia do 66º Batalhão da PM, responsável pelo bairro. De lá, seguiram para a Delegacia de Homicídios de Betim. 

Homem já tinha sido preso e disse que se arrependeu 


Em entrevista ao Estado de Minas, o major Paulo Roberto, da Polícia Militar (PM) de Betim, contou que Moabe foi preso no ano passado por tráfico e uso de drogas, cumpriu pena de 11 meses e, desde a saída, usava tornozeleira eletrônica. 

O jovem teria sinais de risada patológica. "A cuidadora contou que, ao dar os golpes, ele ria compulsivamene", disse o major. "Acredita-se que a risada é a forma que ele tem de se expressar diante algum conflito. A mãe contou que devido a esse comportamento os companheiros de cela não entendiam e o agrediam. Ela conta que ele sofreu agressões de todos os tipos, entre uma delas, foi excluído da alimentação", contou o major.

O major contou que a mãe do jovem ficou desolada ao saber do que aconteceu. Ela desmaiou duas vezes antes que os policiais chegassem. Ela contou que o filho já tinha tido outros surtos dentro de casa. 

Ainda de acordo com o major Paulo Roberto, a polícia foi informada de que antes de sair de casa, ele falava várias vezes que “o patrão” ou “o capeta” o "mandou matar uma criança". 

Escola infantil onde a menina estudava suspendeu as aulas, que serão retomadas na próxima segunda-feira(foto: Paulo Filgueiras/EM/DA Press)
Escola infantil onde a menina estudava suspendeu as aulas, que serão retomadas na próxima segunda-feira (foto: Paulo Filgueiras/EM/DA Press)


“A faca tem cerca de 20 centímetros e foi recolhida pela polícia. A mãe contou aos policiais que, por medo, já havia escondido todos os objetos perfurantes da casa. Mas, possivelmente, hoje o homem descobriu”, contou o major. 

O militar conta que, no momento da prisão, o jovem se disse arrependido. Contou que, após ir ao médico e tomar uma dose dupla de remédio, começou a usar crack. Ele é dependente da droga há três anos. Nesta manhã, após passar a noite quase que toda em claro fazendo o uso de drogas, ele decidiu não tomar o medicamento controlado. Moabe, segundo o major, disse à mãe que o remédio "não estava adiantando".

Foi quando, mais cedo do que o usual, ele levantou e disse que ia sair. A mãe ficou com medo do que ele poderia fazer e pediu para que o jovem ficasse. Mas ele disse que sairia para comprar pão. Ele saiu, comprou pães, voltou para casa e saiu com a faca, de acordo com o policial. 

O que se sabe até o momento


O boletim de ocorrência foi concluído no fim desta manhã. Segundo a Polícia Militar (PM), a cuidadora disse que estava levando as crianças à escola como fazia todos os dias, de mãos dadas. Quando passavam pela Rua Perdões, ela viu a menina cair. Ela havia acabado de levar uma facada. O agressor atacou a criança pelas costas e começou a desferir outros golpes. 

Ainda segundo o registro, a cuidadora mandou a outra criança sair correndo enquanto ela tentava proteger a menina, a colocando no colo, mas não conseguiu. Ela chegou e se colocar entre o agressor e a vítima, mas ele dava a volta e continuava esfaqueando a criança. 

De acordo com a polícia, ele correu para a Rua Pirapetinga, mas voltou com a faca nas mãos e foi contido por populares. A primeira viatura que chegou ao local encontrou uma multidão alvoroçada agredindo Moabe. Eles intervieram e recuperaram a arma do crime, que estava caída na rua. Na Unidade de Pronto Atendimento (UPA) Teresópolis, para onde o jovem foi levado, a equipe constatou lesões leves e um corte na boca que demandou uma sutura. 

A morte da menina foi confirmada pelo Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu). Foram constatadas cinco perfurações na nuca, pescoço, tórax e traqueia. O corpo da criança foi levado ao Instituto Médico-Legal (IML) de Betim. 

Ainda de acordo com a PM, consta no boletim de ocorrência que, ao ser questionado sobre o motivo do ataque em um primeiro contato, Moabe respondeu que teve um surto. Já dentro da viatura, disse que “estava fazendo um pacto com o diabo”. Na UPA, falou que havia fumado crack a noite toda. 

A Polícia Civil informou que a perícia trabalhou no local do crime e que a Delegacia de Homicídios de Betim vai dar andamento ao caso. A PM acrescentou que há câmeras de segurança na região que podem ser usadas para elucidar os fatos. 

A Prefeitura de Betim lamentou o crime e decretou luto oficial de três dias pela morte da criança. O Executivo municipal informou que, por meio da Secretaria Municipal de Educação, vem prestando apoio e acompanhando a família da menina e funcionários da escola. Leia a nota na íntegra: 



O Colégio Neuza Dutra, próximo ao local do crime, também se pronunciou e prestou solidariedade às famílias dos envolvidos. Confira: 



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