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Estado de Minas

Aplausos e emoção marcam o adeus a dom Serafim

Ao som de cânticos em latim e da guarda de congado corpo do cardeal foi sepultado nesta quinta-feira na Igreja Boa Viagem. Depois de celebrar a missa de exéquias, dom Walmor volta a Roma para Sínodo da Amazônia


postado em 10/10/2019 21:43

Ver galeria . 13 Fotos Gladyston Rodrigues/EM/D.A.Press
(foto: Gladyston Rodrigues/EM/D.A.Press )

 
Sob muitos aplausos, ao som de cânticos em latim e da guarda de congado, e com grande presença do clero e dos belo-horizontinos, foi sepultado, na noite desta quinta-feira, na cripta do Santuário Arquidiocesano Nossa Senhora da Boa Viagem (catedral provisória), na capital, o corpo do arcebispo emérito de Belo Horizonte, cardeal dom Serafim Fernandes de Araújo, que morreu na terça-feira aos 95 anos, vítima de complicações decorrentes de pneumonia. A missa de exéquias, iniciada às 17h, foi presidida pelo arcebispo metropolitano de BH e presidente da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), dom Walmor Oliveira de Azevedo, que veio de Roma especialmente para a cerimônia do adeus. Nesta sexta-feira (10), o arcebispo retorna à capital italiana para seguir participando do Sínodo dos Bispos para a Amazônia.
 
Antes da missa de exéquias, que teve dois cardeais, os quatro bispos auxiliares, 150 padres dos 28 municípios que compõem a Arquidiocese de BH, além de padres e diáconos, dom Walmor destacou a importância de dom Serafim, mineiro de Minas Novas, no Vale do Jequitinhonha. “Ele será eternamente lembrado. Dom Serafim é uma referência da Igreja no Brasil, como cardeal, vice -presidente da CNBB e também pela evangelização. Faz parte da nossa história. Temos que destacar também o trabalho na educação, pois foi reitor da PUC Minas", afirmou. Dom Walmor disse, ainda, que Dom Serafim Fernandes de Araújo foi uma "figura extraordinária" e vai ficar como referência de nosso tempo. De acordo com a arquidiocese, cerca de 7 mil pessoas passaram pelo velório desde a noite de terça-feira.
 
(foto: Gladyston Rodrigues/EM/D.A Press)
(foto: Gladyston Rodrigues/EM/D.A Press)
 
 
Na cripta da Boa Viagem, que fica do lado direito da entrada principal da igreja, já estão os arcebispos dom Antônio dos Santos Cabral (1884-1967) e dom João Resende Costa (1910-2007). No momento de fechar o caixão, os componentes da guarda de congado da Comunidade dos Arturos, de Contagem, na Região Metropolitana de BH, emocionaram os corações com a música em toada bem mineira: “Com minha mãe estarei lá no céu, na santa glória um dia/Vai, irmão! Tua mãe está te esperando”.
 
Durante a missa, o coral Core, formado por seminaristas da arquidiocese e regido pelo maestro Higo 
Dias, também encantou quem foi se despedir de dom Serafim, tanto pela beleza das músicas como pela afinação. Lembrando que o cardeal deve ser lembrado sempre com alegria, a professora aposentada Marleide Rego Badaró, baiana residente há 35 anos em BH, disse que estudou filosofia e pedagogia na PUC Minas, tendo sido aluna de uma sobrinha do cardeal. “Ele transmitia paz e segurança”. 

Amor a Cristo

Ver galeria . 7 Fotos Cerimônia reuniu centenas de pessoas no Santuário de Adoração Perpétua Nossa Senhora da Boa Viagem, no Centro de BHMarcos Vieira/EM/D.A Press
Cerimônia reuniu centenas de pessoas no Santuário de Adoração Perpétua Nossa Senhora da Boa Viagem, no Centro de BH (foto: Marcos Vieira/EM/D.A Press )
 
 
Acompanhando a celebração eucarística, Adriano Mazzetti, morador do Centro da cidade, fez suas preces e explicou que, com dom Serafim, aprendeu a palavra de amor a Cristo. Do lado de fora da igreja, foi instalado um telão para que as pessoas pudessem acompanhar os ritos. Havia gente de toda idade, algumas com lágrimas nos olhos e trazendo flores no tom da saudade. Dezenas de coras fúnebres ocuparam as áreas laterais do santuário. Dom Walmor agradeceu a presença de autoridades do Executivo, Legislativo, Judiciário, militares e religiosas. Os arcebispos e cardeais dom Orani Tempesta, do Rio de Janeiro (RJ) e dom Sérgio da Rocha, de Brasília (DF) vieram a BH se despedir de dom Serafim.
 
O postulador da causa de canonização do Beato Padre Eustáquio, padre Vinícius Maciel, do Santuário Saúde e Paz, conhecida como Igreja Padre Eustáquio, ressaltou o papel fundamental de dom Serafim para pedir a graça pelo milagre de cura do padre Gonçalo Belém, que tinha câncer. Por esse milagre, o Vaticano aprovou a beatificação de padre Eustáquio, que deixou obras sociais e de evangelização em Minas. Padre Gonçalo morreu em 2007, aos 83 anos.

Vida e obra

Ver galeria . 15 Fotos Padre Serafim celebrando sua primeira missa, na Basília de São João de Latrão, em Roma (1949)Arquivo pessoal
Padre Serafim celebrando sua primeira missa, na Basília de São João de Latrão, em Roma (1949) (foto: Arquivo pessoal )
 
 
Dom Serafim Fernandes de Araújo nasceu em 13 de agosto de 1924. Foi o terceiro arcebispo metropolitano de BH, sucedendo dom João Resende Costa no governo da arquidiocese, em 5 de fevereiro de 1986. Viveu sua infância em Itamarandiba e, aos 12 anos de idade, foi estudar no Seminário de Diamantina, onde se formou em humanidades (1942) e filosofia (1944).
 
Dom Serafim foi escolhido para ir estudar em Roma, onde fez mestrado em teologia e direito canônico na Pontifícia Universidade Gregoriana. Ordenado padre em 12 de março de 1949, na Catedral de São João Latrão, em Roma, retornou ao Brasil em 1951. Foi pároco em Gouveia, onde ficou de 1951 a 1957 e, nesse mesmo período, exerceu ministério de capelão da Companhia Industrial de São Roberto. De 1956 a 1957, assumiu o posto de capelão militar do 3º Batalhão Militar da Polícia Militar de Minas Gerais. Também foi diretor de Ensino Religioso da Arquidiocese de Diamantina e professor de direito canônico no Seminário Provincial.
 
Em Curvelo, na Região Central, onde foi pároco em 1957 e cônego de 1958 a 1959, dom Serafim também atuou como professor em várias escolas. Sagrado bispo em 7 de maio de 1959, com apenas 34 anos (foi o mais novo bispo do Brasil), se transferiu para BH para ser auxiliar de dom João Resende Costa. Assumiu também os cargos de vigário-geral, administrador e diretor de Ensino Religioso da Arquidiocese, além de se tornar professor de Cultura Religiosa da PUC Minas. A partir de 1960, dom Serafim toma posse como reitor da PUC Minas.
 
Foram muitas as atividades do religioso. Dom Serafim participou do Concílio Vaticano II, de 1962 a 1965, viajou para vários países, em visita a universidades para participar de seminários e congressos sobre educação e, entre 1978 e 1981, foi membro do Conselho Federal de Educação.
 
A posse como arcebispo coadjuntor – com direito à sucessão do arcebispo de BH – ocorreu em dia 31 de março de 1983, no Ginásio do Mineirinho, na Pampulha – três anos depois, tomou posse como arcebispo metropolitano. A nomeação como cardeal veio em 18 de janeiro de 1998. A cerimônia de início da trajetória como cardeal foi celebrada em 21 e 22 de fevereiro de 1998 pelo papa João Paulo II, hoje São João Paulo II. O título de arcebispo emérito de BH foi conferido em 2004, quando dom Walmor assumiu o governo da Arquidiocese de BH.


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