(none) || (none)
UAI
Publicidade

Estado de Minas

Em BH, clima de deserto; em Minas, rios em escassez. Como a estiagem nos afeta?

Capital tem a mais baixa umidade do ano, o que exige cuidado com a saúde. Trecho do Rio das Velhas entra em restrição de uso e várias cidades já têm racionamento


19/09/2019 06:00 - atualizado 19/09/2019 08:23

O Rio das Velhas na Grande BH: apesar do nível baixo, Copasa garante que ainda não há risco em fornecimento para moradores da região(foto: Gladyston Rodrigues/EM/DA Press)
O Rio das Velhas na Grande BH: apesar do nível baixo, Copasa garante que ainda não há risco em fornecimento para moradores da região (foto: Gladyston Rodrigues/EM/DA Press)


O tempo seco bate recorde em Belo Horizonte, o clima de deserto domina regiões do estado e o fantasma da escassez de água começa a assombrar cidades mineiras. A capital teve ontem o índice de umidade relativa do ar mais baixo do ano – 13%, segundo a medição do Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet/5º Disme). O estado é de alerta, conforme preconiza a Organização Mundial de Saúde (OMS). Já a Defesa Civil de BH divulgou que o índice atingira 12%, configurando estado de emergência. Trata-se de novo recorde de secura em setembro e no ano: no dia 13, a temperatura máxima atingiu 36,4 graus, enquanto a umidade relativa do ar esteve na casa de 14%. Ontem, a máxima foi de 34,5 graus.

O tempo seco influi diretamente no abastecimento de água: de um lado, pela não recuperação dos reservatórios devido à falta de chuvas, de outro, por elevar o consumo de água, demandando atenção das autoridades para mananciais importantes como o Rio das Velhas, que responde por 60% do fornecimento para Belo Horizonte e 50% da região metropolitana, além de ser vital para várias outras cidades até desaguar no Rio São Francisco, no município de Várzea da Palma, no Norte de Minas.

O Instituto Mineiro de Gestão das Águas (Igam), vinculado à Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável (Semad), publicou a Portaria 45, que declara situação crítica de escassez hídrica superficial no Rio das Velhas, na porção hidrográfica localizada acima da estação fluviométrica Santo Hipólito, na Região Central de Minas, a 232 quilômetros de BH. O trecho inclui parte do leito até o município de Santo Hipólito, além de sua bacia de contribuição.

Situação mais preocupante porque, por enquanto, não há previsão de chuva – só mesmo de calor. Ainda segundo o Inmet, a “chapa está quente” em várias regiões de Minas. A máxima prevista é de 40°C no Triângulo e no Norte do estado. Cidades nessa última região enfrentam clima com características de deserto. Sem chuva há mais de 100 dias e com temperaturas na faixa dos 40°C, os índices de umidade do ar também estão na casa dos 12%, o que deixa a região em estado de emergência. Já o Sul de Minas teve a temperatura mais baixa: mínima de 11°C, em Monte Verde, distrito de Camanducaia.

Cuidados


Com o calorão nas alturas e a umidade despencando, até fontes como a ad a Praça Raul Soares viraram opção para buscar alívio(foto: Edésio Ferreira/EM/DA Press)
Com o calorão nas alturas e a umidade despencando, até fontes como a ad a Praça Raul Soares viraram opção para buscar alívio (foto: Edésio Ferreira/EM/DA Press)

Na capital, o alerta de baixa umidade emitido pela Defesa Civil na segunda-feira segue até amanhã. Ontem, termômetros registraram mínima de 17°C. Para hoje, a mínima prevista é de 18°C e a máxima, de 35°C.

Na Zona da Mata, Rio Doce, Mucuri e Jequitinhonha, o tempo fica parcialmente nublado a claro. Nas demais regiões do estado, a previsão é de céu claro, com névoa seca – causada pela associação entre a massa de ar e a poluição. O fenômeno pode ficar ainda mais denso e incômodo, caso haja incidência de queimadas, muito comuns nesta época do ano.

A hidratação é uma grande aliada no combate ao desconforto causado pelo clima. Reforçar a ingestão de líquidos é essencial, principalmente para crianças e idosos. Para o ambiente, o uso de umidificadores de ar ou bacias de água pode ajudar.

Com o tempo seco, o período recomendado para a prática de atividades físicas é antes das 10h e após as 17h. Outras orientações são usar roupas leves, fazer refeições leves, usar sombrinha ou guarda-chuva para andar ao ar livre no período mais quente, além de se hidratar bastante e usar filtro solar.

Escassez hídrica


Conforme o Igam, a situação crítica em parte do Rio das Velhas foi identificada via monitoramento dos níveis do leito, que apontaram vazões abaixo de 70% da referência Q7,10. Tecnicamente, trata-se do índice que orienta a autorização de uso dos recursos hídricos em Minas. Ele representa a vazão mínima que ocorre no curso d’água durante sete dias consecutivos, em um período de 10 anos.

(foto: Arte EM)
(foto: Arte EM)
Com isso, a restrição de uso da água será aplicada aos 224 usuários que têm outorga para captação de superficial ao longo de 43 municípios, com duração até 15 de novembro. Do total de usuários com restrição naquela porção da bacia, 38% representam consumo industrial e mineração, 35% usam o recurso para irrigação, 22% para abastecimento público, consumo humano e para matar a sede de animais, e 5% se referem a outros usos. Esses usuários dispõem de água na vazão de 14,198 m3/s, sendo 73,68% para fins de abastecimento público, 14,08% para consumo industrial e mineração, 11,87% para irrigação e 0,7% para demais usos.

Conforme o Igam, além do trecho da Bacia do Rio das Velhas, quatro cursos d'água tiveram porções com declaração de situação de escassez hídrica a partir de junho: rios Paraopeba, Suaçuí, Araçuaí e Paracatu. Ações fiscais da Semad para verificação do cumprimento das restrições estão em andamento. “Minas passa por um período de estiagem prolongado e a Bacia Hidrográfica do Rio das Velhas, bem como outras no estado, está com baixas vazões, o que caracteriza situação crítica. A decretação de escassez, determinada pelo Igam, é uma medida preventiva que busca a segurança hídrica, para manutenção de todos os usos”, afirma a diretora-geral do instituto, Marília Melo.

Ela ressaltou que a redução percentual de uso da água outorgada não implica, necessariamente, redução do fornecimento de água a moradores dos municípios da porção hidrográfica, já que a gestão do fornecimento é feito pela instituição prestadora do serviço de abastecimento. *Estagiária sob supervisão do editor Roney Garcia


receba nossa newsletter

Comece o dia com as notícias selecionadas pelo nosso editor

Cadastro realizado com sucesso!

*Para comentar, faça seu login ou assine

Publicidade

(none) || (none)