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Barão de Cocais: como acessos de emergência devem evitar que 2 mil fiquem ilhados

Com encosta da Mina Gongo Soco atingindo sua maior movimentação, caminhos alternativos são abertos na cidade para permitir o deslocamento de pessoas que não teriam como sair em caso de rompimento da Barragem Sul Superior


postado em 28/05/2019 06:00 / atualizado em 28/05/2019 07:48

Acordo entre proprietários rurais e mineradora possibilitou abertura de estrada para permitir deslocamento de integrantes de comunidades(foto: Alexandre Guzanshe/EM/D.A Press)
Acordo entre proprietários rurais e mineradora possibilitou abertura de estrada para permitir deslocamento de integrantes de comunidades (foto: Alexandre Guzanshe/EM/D.A Press)


Barão de Cocais – No dia em que o paredão, ou talude, norte da Mina de Gongo Soco, em Barão de Cocais, atingiu sua maior distância de fraturamento, com 21,5 centímetros de deslocamento, a mineradora Vale começou a abrir acessos alternativos para a cidade. As vias estão sendo construídas para impedir que mais de 2 mil pessoas do município da Região Central mineira fiquem ilhadas caso a Barragem Sul Superior, a 20 quilômetros de distância, se rompa, lançando parte dos seus 6 milhões de metros cúbicos de rejeitos de minério de ferro no Rio São João, manancial que corta o Centro da cidade e que pode levar o material às vizinhas Santa Bárbara e São Gonçalo do Rio Abaixo. Ontem, parte da população que chegou a ficar até 15 dias sem atendimento presencial bancário voltou a ter esse tipo de serviço disponível, bem como o dos Correios, retomando, ainda que parcialmente, a rotina interrompida no fim de semana em que o município se manteve em alerta máximo.

A primeira via aberta pela Vale será a interseção dos bairros Viúva e Capim Cheiroso, a ser complementada pela interseção do Jabaquara. Caso o rompimento da Barragem Sul Superior realmente ocorra como reflexo do deslizamento do talude, cerca de 2.050 pessoas ficariam ilhadas nesses bairros, mesmo chegando aos dois pontos de encontro, uma vez que os rejeitos cercariam todas as ruas e avenidas de ligação dessas áreas com a rodovia que leva a Barão de Cocais e a Santa Bárbara, a MG-129. São 1.640 pessoas cadastradas pela Coordenadoria Estadual de Defesa Civil (Cedec) na zona com o ponto de encontro na Escola Municipal Nossa Senhora do Rosário e outras 410 pessoas na Fazenda Soledade. Ao todo, são sete zonas com pontos de encontro que somam 6.054 pessoas em Barão de Cocais sujeitas a ser desalojadas por eventual onda de rejeitos. Outras 4 mil podem ser afetadas em Santa Bárbara e São Gonçalo do Rio Abaixo.

As novas estradas passarão pela capela de Nossa Senhora Aparecida, em um dos pontos mais altos da cidade, e só se tornaram viáveis após acordo entre donos de terrenos e mineradora. “Na semana passada, a Vale nos procurou pedindo a liberação do terreno para ligar os dois bairros, para impedir que essa população ficasse ilhada no caso de um rompimento”, conta o corretor Cláudio Marques, da Imobiliária Jogogo, responsável pela liberação da área. “Neste momento, entendemos que temos de ser solidários, pois estamos todos no mesmo barco”, afirma.

A Barragem Sul Superior se tornou centro das atenções após a ruptura dos barramentos 1, 4 e 4A, em Brumadinho, responsável pela morte já confirmada de 243 pessoas e por 27 desaparecidos, quando 12 milhões de metros cúbicos de rejeitos foram despejados sobre o Vale do Rio Paraopeba. A tragédia foi o gatilho para uma crise no setor, com revisão dos critérios de estabilidade das represas de rejeitos. Em 9 de fevereiro, a barragem de Barão de Cocais foi declarada como sem garantia de estabilidade, atingindo o nível três de alerta, que indica risco iminente de ruptura.

Dois simulados de evacuação foram feitos e 400 pessoas foram retiradas da comunidade de Socorro, a cerca de 2 quilômetros da represa. A Barragem Sul Superior tem 6 milhões de metros cúbicos de rejeitos, um conteúdo que pode, ainda, atingir e se incorporar ao volume menor da Barragem Sul Inferior. Desde o dia 18 a situação piorou, com a detecção da movimentação acelerada de uma porção do talude (paredão) de 10 milhões de metros cúbicos na lateral da cava da mina. A encosta pode desabar e iniciar uma reação em cadeia com potencial para romper a barragem, que fica abaixo, a 1,5 quilômetro de distância.

Uma das esperanças é de que o talude desça aos poucos, não gerando uma onda de choque considerável. A probabilidade de que o deslizamento gere um rompimento da Barragem Sul Superior é estimada em aproximadamente 15%, de acordo com avaliação da área de meio ambiente do estado. Uma das medidas para evitar que os rejeitos destruam Barão de Cocais é a construção de uma barragem a seis quilômetros da mina, no curso do Rio São João, que já está em andamento, como mostrou ontem reportagem do Estado de Minas

BANCOS
Ontem, depois de até 15 dias de interrupções, os bancos de Barão de Cocais voltaram a funcionar. As agências suspenderam o atendimento devido ao fato de a região central da cidade ser uma das mais vulneráveis ao rompimento, localizada bem na calha do Rio São João. O Banco Bradesco deslocou até a cidade um caminhão que funciona como agência e logo cedo a população pode resolver várias pendências que demandavam atendimento pessoal. “Vim para resolver várias questões que precisava, falando com o gerente. Também estava muito receoso de descer aqui para o Centro, por causa da barragem, mas tinha de desbloquear dinheiro e resolver problemas do cartão de crédito. Com o caminhão ficou mais fácil”, disse o comerciante Francisco Edmilson da Silva Figueiredo, de 57 anos. “O dinheiro da minha aposentadoria ficou preso aqui. Então tive de esperar para liberar. Agora está tudo normal de novo”, disse o aposentado Joaquim da Cruz Silva, de 78.

Apesar de a apreensão continuar, entre os moradores há quem tente retomar o cotidiano depois de uma semana de tensão.


Ontem, o comércio voltou a funcionar normalmente e era possível observar crianças e adolescentes indo e voltando das escolas. Uma das tentativas de não deixar que o medo de um desastre paralise a vida na cidade são aposentados, que não deixaram de lado os jogos na pracinha principal.


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