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Estado de Minas

Fechamento de centros de triagem de animais silvestres em Minas preocupa especialistas

'É inconcebível uma decisão dessa sem discussão, sem buscar alternativas', diz Eduardo Gomes, diretor do Instituto Grande Sertão, de Montes Claros. Serviço foi suspenso na cidade do Norte de Minas e em Juiz de Fora, na Zona da Mata depois de o governo federal cortar verbas do Ibama


postado em 16/05/2019 06:00 / atualizado em 16/05/2019 08:14

Papagaios no Cetas de Belo Horizonte, o único de Minas em atividade depois do fechamentos das unidades de Juiz de Fora e Montes Claros(foto: Juarez Rodrigues/EM/D.A Press %u2013 13/7/13)
Papagaios no Cetas de Belo Horizonte, o único de Minas em atividade depois do fechamentos das unidades de Juiz de Fora e Montes Claros (foto: Juarez Rodrigues/EM/D.A Press %u2013 13/7/13)

Os impactos da tesoura do governo federal nos gastos de recursos públicos não se restringe à educação e afeta outros setores, como a área ambiental. A Superintendência Regional do Instituto do Meio Ambiente e Recursos Naturais Renováveis (Ibama) anunciou ontem o fechamento dos Centros de Triagem de Animais Silvestres (Cetas) de Juiz de Fora, na Zona da Mata, e de Montes Claros, no Norte de Minas.

A interrupção do funcionamento das unidades ocorreu no mesmo dia em que houve uma série de manifestações em todo o país contra cortes de verbas para as universidades federais e institutos federais de educação. A medida foi considerada “muito preocupante” pelo diretor da Organização Não Governamental (ONG) Instituto Grande Sertão (IGS), Eduardo Gomes, de Montes Claros.

Por meio de nota, a Superintendência Regional do Ibama informou que a desativação dois dos centros de triagem de animais “foi necessária devido a um corte orçamentário de 25% no contrato dos tratadores”. Na mesma nota, o órgão reconhece o “enorme impacto negativo da decisão”. Em Montes Claros, foi imediata a reação dos ambientalistas, que lançaram um abaixo-assinado virtual contra a medida.

A estrutura de recebimentos de animais silvestres em Minas Gerais era composta por três Cetas (em Montes Claros, Juiz de Fora e Belo Horizonte), além do Centro de Reabilitação de Animais Silvestres, localizado em Nova Lima (Região Metropolitana|). Com os cortes, vão continuar funcionando apenas as unidades de BH e de Nova Lima – que, além dos bichos apreendidos, cuida dos animais vítimas de acidentes socorridos pelo Corpo de bombeiros, recebe espécimes entregues voluntariamente ou doentes, resgatados por órgãos parceiros e pelo próprio Ibama.

De acordo com o Ibama, os dois centros fechados em função do contingenciamento de verbas realizado pelo governo Jair Bolsonaro recebiam cerca de 5 mil animais por ano. O órgão informa que os animais das duas unidades desativadas serão enviados para “locais adequados e/ou transferidos para o Cetas de Belo Horizonte”.

De acordo com informações levantadas junto ao Ibama, o órgão já tinha um número reduzido de tratadores em Minas, apenas seis em todo o estado. As unidades de Montes Claros e Juiz de Fora contavam com um tratador cada uma. Com os cortes de 25% dos recursos, permanecem quatro tratadores, três no Cetas da capital mineira e um do centro de reabilitação de Nova Lima.

“O Cetas em Belo Horizonte, devido ao seu quantitativo expressivo de animais recebidos, entre 8 mil e 10 mil por ano, será mantido, mesmo com o número insuficiente de tratadores. O Ibama/MG definiu pela desativação das unidades Cetas localizadas em Juiz de Fora e Montes Claros por entender que o impacto do fechamento dessas unidades, apesar de imensurável para as regiões envolvidas, será menor do que o do fechamento do Centro de Belo Horizonte”, diz o instituto.


O texto da nota diz ainda que “o Ibama reconhece o enorme impacto negativo que tal decisão gera, não só para a fauna silvestre do estado, como para toda a biodiversidade brasileira. As perdas são imensuráveis, já que, sem local para destinação, os animais mantidos irregularmente não serão mais apreendidos pelos entes fiscalizadores, o que acaba por incentivar o crime contra a fauna a longo prazo. No entanto, não podemos assumir uma responsabilidade com a vida de animais silvestres, pois órgão não poderia dar-lhes os cuidados mínimos necessários para garantir a sua sobrevida digna”.

‘INCONCEBÍVEL
‘ Para Eduardo Gomes, do Instituto Grande Sertão, “é inconcebível uma decisão dessa sem discussão, sem buscar alternativas de solução, sem buscar parcerias”. Ele lembra que as unidades não têm somente função de cuidar, mas de salvar vidas. “Muitos animais chegam aos centros de triagem e mesmo passando por um processo de recuperação não têm onde ficar. Por isso, precisam de mais atenção”, afirma. Ele lembra que no caso de Montes Claros há um agravante, considerando que o zoológico da cidade foi fechado há mais de seis meses e está sendo discutido um acordo para que o espaço venha a sediar o Cetas, numa parceria público-privada, usando recursos de compensação ambiental de uma empresa. Com a decisão do Ibama de suspender as atividades do Cetas de Montes Claros, a negociação para implantação do centro de triagem no antigo zoológico fica prejudicada, lamenta Eduardo Gomes.


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